Manhã, tarde ou noite? Especialistas estudam qual o melhor horário para se exercitar

Grupo de pesquisadores argumentou que a noite era o horário mais saudável para quem quer perder peso

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Alexander Nazaryan
The New York Times

Qual é o melhor horário para se exercitar? É uma pergunta direta com um número frustrante de respostas, baseadas em resultados de pesquisas que podem ser contraditórios.

A última evidência veio no mês passado. Um grupo de pesquisadores australianos argumentou que a noite era o horário mais saudável para suar a camisa, pelo menos para aqueles que estão acima do peso.

O estudo deles analisou 30 mil pessoas de meia-idade com obesidade e descobriu que os praticantes de exercícios à noite tinham 28% menos probabilidade de morrer por qualquer causa do que aqueles que se exercitavam de manhã ou à tarde.

Corrida Track&Field Cidade Jardim
Corrida Track&Field Cidade Jardim - Adam Tavares/Divulgação

"Ficamos surpresos com a diferença", diz Angelo Sabag, fisiologista do exercício da Universidade de Sydney, que liderou o estudo. A equipe esperava ver um benefício dos treinos noturnos, mas "não achava que a redução do risco seria tão pronunciada quanto foi".

Então isso significa que nadadores noturnos e corredores noturnos tinham a ideia certa o tempo todo?

"Ainda não está resolvido", diz Juleen Zierath, fisiologista do Instituto Karolinska, na Suécia. "É uma área emergente de pesquisa. Não fizemos todos os experimentos. Estamos aprendendo muito a cada mês."

Nenhum estudo isolado pode ditar quando você deve se exercitar. Para muitas pessoas, a escolha se resume a objetivos de condicionamento físico, horários de trabalho e simples preferências. Dito isso, certos horários do dia podem oferecer pequenas vantagens, dependendo do que você espera alcançar.

O argumento para o exercício matinal

De acordo com um estudo de 2022, o exercício matinal pode ser especialmente benéfico para a saúde do coração. Também pode levar a um sono melhor.

E quando se trata de perda de peso, houve bons argumentos feitos para os treinos matinais. No ano passado, um estudo publicado no jornal Obesity descobriu que pessoas que se exercitavam entre 7h e 9h tinham um índice de massa corporal mais baixo do que os que se exercitavam à tarde ou à noite, embora não tenha acompanhado ao longo do tempo, ao contrário do estudo australiano, que seguiu os participantes por uma média de oito anos.

É claro que o maior argumento para o exercício matinal pode ser puramente prático. "Para muitas pessoas, a manhã é mais conveniente", diz Shawn Youngstedt, professor de ciência do exercício na Universidade Estadual do Arizona. Mesmo que levantar cedo para se exercitar possa ser desafiador no início, o exercício matinal não atrapalhará reuniões no Zoom, encontros ou sua última maratona na Netflix.

O argumento para o exercício à tarde

Alguns estudos pequenos sugerem que o melhor horário para o treino, pelo menos para atletas de elite, pode ser o menos conveniente para muitos de nós.

A temperatura corporal, que é mais baixa de manhã, mas atinge o pico no final da tarde, desempenha um papel no desempenho atlético. Vários estudos pequenos recentes com atletas competitivos sugerem que a temperatura corporal mais baixa reduz o desempenho (embora os exercícios de aquecimento ajudem a contrariar isso) e os treinos à tarde os ajudam a competir melhor e dormir mais.

Se você tem o luxo de ter tempo de sobra, um pequeno estudo da Nova Zelândia descobriu que tirar uma soneca primeiro poderia ajudar. No que diz respeito ao resto de nós, um estudo chinês com 92 mil pessoas descobriu que o melhor horário para se exercitar para o coração era entre 11h e 17h.

"A principal diferença é a nossa população", diz Sabag. Enquanto seu estudo foi restrito a pessoas obesas, o estudo chinês não foi. "Indivíduos com obesidade podem ser mais sensíveis aos efeitos do horário do exercício", diz ele.

O argumento para o exercício noturno

Este último estudo pode não resolver o debate, mas certamente sugere que aqueles que lutam contra a obesidade podem se beneficiar de um treino mais tarde.

O exercício torna a insulina mais eficaz na redução dos níveis de açúcar no sangue, o que por sua vez evita o ganho de peso e o diabetes tipo 2, uma consequência comum e devastadora da obesidade.

"À noite, você é mais resistente à insulina", diz Sabag. "Então, se você puder compensar essa mudança natural na sensibilidade à insulina fazendo exercícios", afirma ele, você pode reduzir seus níveis de glicose no sangue e, assim, ajudar a manter a diabetes e doenças cardiovasculares afastadas.

Uma preocupação persistente sobre o exercício noturno é que a atividade vigorosa pode perturbar o sono. No entanto, alguns especialistas argumentaram que essas preocupações foram exageradas.

O argumento de que pode não importar

Embora muitos desses estudos sejam fascinantes, nenhum deles é definitivo. Para começar, a maioria simplesmente mostra uma correlação entre os horários de exercício e os benefícios para a saúde, não os identificando como a causa.

"O estudo definitivo seria realmente randomizar as pessoas para diferentes horários", diz Youngstedt, o que seria fenomenalmente caro e difícil para acadêmicos.

Uma coisa na qual os especialistas em saúde pública concordam é que a maioria dos americanos é muito sedentária. E que qualquer movimento é bom movimento.

"Sempre que puder se exercitar", Sabag diz. "Essa é a resposta."

Em uma edição recente de sua newsletter que discutiu o estudo australiano, Arnold Schwarzenegger —fisiculturista, ator, ex-governador— pareceu concordar. Ele citou um estudo de 2023 sugerindo que realmente não há diferença nos resultados com base no horário em que você se exercita. Nesse caso, tudo se resume ao que funciona melhor para você.

"Continuarei a treinar de manhã", escreve Schwarzenegger, ex-Mr.Universo. "É automático para mim."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.