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Por que mulheres têm mais problemas para dormir do que homens?

Alterações hormonais, como as do ciclo menstrual ou pós-menopausa, podem ser responsáveis pela dificuldade

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Lisa L. Lewis
The New York Times

Sou uma mulher em um relacionamento heterossexual, e meu parceiro sempre parece dormir mais depressa (e continuar dormindo mais tempo) do que eu. O que está acontecendo? Os homens têm mais facilidade para dormir do que as mulheres?

Dificuldades para adormecer ou manter o sono são comuns, especialmente com a idade. E pesquisas sugerem que para as mulheres os problemas podem ser maiores.

De acordo com uma pesquisa recente da Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos, as mulheres são significativamente mais propensas do que os homens a relatar dificuldades para adormecer e continuar dormindo.

Mulher com insônia
Mulheres tem mais dificuldade para dormir do que homens - Stokkete / Stock Adobe

Tais problemas podem surgir durante a puberdade e continuar na idade adulta, diz Fiona Baker, diretora do Programa de Pesquisa do Sono Humano no SRI International, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos localizado em Menlo Park, na Califórnia.

E podem ser causados por uma série de fatores, incluindo biológicos, psicológicos e sociais, dizem os especialistas. A boa notícia, porém, é que há coisas que você pode fazer para ajudar.

O que causa os problemas de sono das mulheres?

Ao longo dos anos reprodutivos, afirma Baker, as alterações hormonais durante o ciclo menstrual podem causar mudanças de humor (como ansiedade e depressão) e sintomas físicos (cólicas, inchaço e seios sensíveis, por exemplo) que podem interromper o sono.

Sintomas durante a gravidez –como náusea, vontade frequente de urinar, ansiedade e desconforto geral, dependendo do trimestre– também podem desencadear distúrbios do sono, indica Shelby Harris, professora clínica associada de neurologia e psicologia na Faculdade de Medicina Albert Einstein, no Bronx (Nova York). Isso é especialmente verdadeiro durante o primeiro e terceiro trimestres, diz ela.

Depois, é claro, há a interrupção do sono quando a mãe cuida do recém-nascido, lembra Harris –que pode continuar muito depois de o bebê dormir a noite toda. Às vezes, os "cérebros das mulheres são quase treinados para escutar o bebê", afirma, o que pode levar a um padrão de hipervigilância e prontidão que pode prejudicar o sono.

Os hormônios ocupam o papel principal nos anos que antecedem a menopausa e depois dela. Até 80% das mulheres começam a sentir ondas de calor na perimenopausa (os quatro anos ou mais que antecedem a menopausa) e podem continuar a tê-las por até sete anos depois, diz Baker. Para cerca de 20% das mulheres, porém, essas ondas de calor são frequentes e intensas o suficiente para interromper o sono, pontua ela.

As mulheres na pós-menopausa também têm maior risco de desenvolver apneia obstrutiva do sono, quando os músculos das vias aéreas relaxam e impedem temporariamente a respiração, o que pode causar despertares noturnos frequentes.

"São os hormônios novamente", afirma Baker. O ganho de peso relacionado à menopausa e ao envelhecimento também pode desempenhar um papel no risco de apneia do sono, juntamente com as alterações do tônus muscular associadas à idade e uma redistribuição geral do peso corporal.

As mulheres também apresentam maior risco de certas condições de saúde mental, como ansiedade e depressão, que podem agravar os problemas de sono.

De acordo com uma enquete divulgada em maio, a porcentagem de mulheres que disseram ter ou estar em tratamento para depressão era mais que o dobro da dos homens. E o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA diz que as mulheres têm duas vezes mais probabilidade que os homens de serem diagnosticadas com transtorno de ansiedade durante suas vidas.

Como dormir melhor

Felizmente, soluções eficazes estão disponíveis, diz Harris.

A terapia cognitivo-comportamental para insônia é amplamente reconhecida como o melhor tratamento de primeira linha, afirma ela.

Foi demonstrado que melhora o sono e reduz os sintomas depressivos usar diversas técnicas cognitivas e comportamentais, como identificar e reformular padrões de pensamento negativo, praticar a atenção plena, rastrear o sono e mudar a hora de dormir, afirma Harris.

A terapia de reposição hormonal, que envolve a suplementação de hormônios perdidos durante a transição da menopausa, é considerada a forma mais eficaz de tratar as ondas de calor, diz a médica.

Mas a recomendação atual é "tomar a menor dose pelo menor período de tempo", pontua Baker, porque o tratamento pode apresentar riscos.

Finalmente, é importante reconhecer que é normal ter variações do sono de noite para a noite ou de pessoa para pessoa.

E acordar depois de adormecer não significa necessariamente que haja um problema. "Todo mundo acorda no meio da noite", acrescenta Harris, "apenas algumas pessoas se lembram mais do que outras."

Se você acordar uma ou duas vezes à noite e conseguir adormecer novamente em 10 a 15 minutos, isso não é problemático, diz ela. Mas "se você tiver dificuldade para adormecer, permanecer dormindo ou acordar muito cedo, ou se sentir que seu sono não é reparador", ela recomenda procurar ajuda.

Acima de tudo, diz Harris, "não sofra em silêncio".

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