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Consumo diário de óleo de coco pode causar obesidade, diz estudo

Trabalho feito com camundongos mostrou que a substância gerou ganho de peso e comportamento ansioso

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Ricardo Muniz
Agência Fapesp

Artigo publicado no Journal of Functional Foods demonstrou que camundongos com a alimentação suplementada com óleo de coco apresentaram alterações importantes no consumo alimentar, maior ganho de peso, comportamento ansioso e aumento de marcadores inflamatórios no sistema nervoso central, tecido adiposo e fígado.

Os pesquisadores também observaram que a capacidade da leptina e da insulina (dois hormônios centrais para o metabolismo) de ativar mecanismos celulares responsáveis, por exemplo, pela saciedade e controle da glicemia, estava prejudicada. Além disso, os mecanismos bioquímicos envolvidos com a síntese de gordura estavam estimulados.

Óleo de coco faz bem pra saúde?
Estudo aponta que suplementação com óleo de coco pode causar obesidade - Pexels

"Os dados sugerem que, embora o processo seja lento e silencioso, a suplementação com óleo de coco por longos períodos pode levar a alterações importantes no metabolismo que contribuem para o desenvolvimento de obesidade e comorbidades associadas", afirma Marcio Alberto Torsoni, do Laboratório de Distúrbios do Metabolismo da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas

O laboratório é vinculado ao OCRC (Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades) e ao Metabolic Programming and Perinatal Management Center (Centro de Programação Metabólica e Gestão Perinatal, em português) dos National Institutes of Health (NIH, na sigla inglês), nos Estados Unidos.

"O consumo de óleo de coco como componente da dieta usual ou como suplemento alimentar aumentou muito na população", diz Torsoni, que é doutor em biologia funcional e molecular, com pós-doutorados na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e na Universidade de Michigan (Estados Unidos). O problema é que, na maioria das vezes, esse consumo é realizado sem o acompanhamento de um nutricionista, que pode ajustar a inclusão diária desse lipídeo de acordo com recomendações individualizadas.

Modelo experimental

Para investigar se o consumo diário de óleo de coco durante longo período poderia causar danos à saúde, o grupo de pesquisa empregou modelos animais, no caso camundongos saudáveis que foram suplementados com óleo de coco diariamente.

A dose em calorias oferecida todos os dias durante oito semanas aos camundongos pode ser comparada ao consumo de uma colher de sopa, cerca de 13 gr de óleo. A quantidade equivale à suplementação de cerca de 5% na quantidade de caloria proveniente de gordura saturada da dieta de um indivíduo adulto com peso dentro da faixa de adequação para a idade.

Torsoni ressalta que o Guia Alimentar para a População Brasileira recomenda que o óleo de coco seja utilizado em pequenas quantidades, como parte de preparações culinárias para temperar ou cozinhar alimentos, preferencialmente aqueles in natura ou minimamente processados, dentro de um perfil balanceado de consumo seguindo os princípios da quantidade, qualidade, harmonia e adequação.

"Além disso, ele não é recomendado como suplemento para tratamento de doenças ou recuperação da saúde", alerta o cientista.

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