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Entenda como é feita a cirurgia bariátrica, realizada por Jojo Todynho

Procedimento é ameaçado por novos métodos de emagrecimento

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Em tempos de Ozempic, Wegovy e tratamentos para obesidade que prometem perda de peso sem cirurgia, a bariátrica voltou a ser discutida após a cantora Jojo Todynho avisar que iria passar pelo procedimento.

A Folha conversou com o médico Luiz Vicente Berti, vice-presidente executivo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), para entender melhor como é feito o procedimento que surgiu na década de 1960 no país, para quem é indicado e qual seu futuro frente aos novos métodos de emagrecimento.

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Como funciona a cirurgia bariátrica? - Unsplash

Como é feita a cirurgia

A palavra bariátrica vem do grego "baros" que significa peso. Desde que surgiu, a ideia é ser uma intervenção que produz emagrecimento rápido com efeitos duradouros.

Segundo Berti, quando a cirurgia chegou ao Brasil, nos anos 1960, as técnicas conseguiam diminuir o peso das pessoas a partir da redução do estômago, mas resultavam em uma má qualidade de vida, o que foi mudando com a evolução dos métodos.

As cirurgias começaram a ser feitas por cortes de até 30 centímetros e agora são majoritariamente feitas por laparoscopia —um pequeno orifício no abdômen.

Hoje, são usadas duas técnicas principais: bypass ou sleeve gástrico. A primeira reduz o estômago com cortes ou grampos e altera o intestino para ligá-lo à parte funcional do estômago. A segunda mantém intacto o trato intestinal e apenas remove parte do estômago. No Brasil, o bypass corresponde a mais da metade das operações.

Em uma revisão dos principais estudos científicos sobre o tema, especialistas concluíram que é possível perder cerca de 30% da massa corporal pelos dois métodos.

O vice-presidente da sociedade de bariátrica diz que há um nível de segurança muito alto na cirurgia, mas alerta: as pessoas precisam procurar cirurgiões especialistas, que possuam certificação.

Para quem é indicada

São elegíveis para a cirurgia pessoas com caso de obesidade mais grave, ligada a comorbidades ou obesidade mórbida. Isso é medido a partir do IMC (Índice de Massa Corporal) maior ou igual a 35 com doença associada, ou para aqueles com o índice superior a 40.

As seguradoras são obrigadas a pagar a cirurgia de quem tem IMC acima de 40. Ela também pode ser feita pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Recuperação

A cirurgia é realizada entre uma e duas horas. "Se o paciente entrar na terça de manhã, na quarta após almoço já está retornando para seu lar", diz o médico.

Segundo Berti, o nível de dor no pós-operatório é "pouquíssimo".

Nos primeiros 14 dias, a alimentação deve ser apenas à base de líquidos, passando para comidas pastosas na terceira semana e alimentos semi-sólidos na quarta. Ao término de 30 dias, a alimentação volta a ser parecida com a do pré-operatório. "Mas numa quantidade menor porque agora tem um estômago menor", diz Berti.

Com duas semanas, a pessoa já pode voltar a trabalhar (caso não exija carregar objetos pesados). Com dois meses, a fazer musculação. O processo de emagrecimento segue por um ano.

Queda de cabelo, déficit de vitaminas e anemia são alguns dos possíveis efeitos colaterais.

"Durante a preparação o paciente é orientado a entender que a cirurgia não é uma máquina mágica que se coloca na barriga dele. Tem o tripé fundamental da cirurgia: atividade física para o resto da vida, tratamento emocional (temos relação emocional com a comida), e reeducação alimentar (não está proibido comer um hambúrguer aqui ou pizza ali, mas não pode ser toda a alimentação)", diz o médico.

Futuro do método

Um novo tratamento para obesidade promete perda de peso sem a necessidade de fazer uma cirurgia bariátrica e sem os enjoos e náuseas associados a outras drogas para emagrecimento. Além disso, no último ano houve uma popularização das "canetas emagrecedoras" —remédios injetáveis para emagrecimento.

Berti afirma que isso não ameaça a cirurgia. "Em medicina não existe um único tipo de tratamento", diz. "A cirurgia você faz uma vez e o remédio é para o resto da vida. Sem falar que tem preços de cerca de R$ 700 por mês, e quanto porcento da população brasileira tem capacidade de gastar isso durante o mês?".

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