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Equipamentos em bom estado e professores atentos são sinais de segurança nas academias

Estabelecimentos devem ter registro e estar com manutenção dos aparelhos em dia

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Ribeirão Preto

Debates sobre segurança durante a prática de atividades físicas ganharam destaque nos últimos dias após um aluno sofrer uma lesão na coluna vertebral numa academia de Juazeiro do Norte, no Ceará.

O homem de 42 anos foi atingido por um peso de 150 kg quando sentou para descansar em um aparelho de agachamento chamado hack squat. Ele passou por uma cirurgia e agora faz fisioterapia para recuperar os movimentos das pernas.

Especialistas e o Conselho Federal de Educação Física (Confef) afirmam que os riscos de acidentes como este são baixos e que o caso não deve ser motivo para as pessoas deixarem de se exercitar.

Contudo, a situação serve de alerta para usuários e empresas da área, que devem reforçar os cuidados para evitar lesões.

Dudu Netto, presidente da Câmara de Academias e Negócios Afins do Confef e sócio-diretor técnico da Rede Bodytech, diz que para avaliar se o estabelecimento está em ordem, o usuário deve ficar atento à limpeza das instalações, se os equipamentos apresentam sinais óbvios de desgaste excessivo ou danos e se a equipe é de fato dedicada.

"Equipamentos quebrados ou desgastados podem ser um sinal de falta de manutenção. Uma equipe de funcionários profissionais, bem treinados e atenciosos, por sua vez, é indicativo de uma academia bem gerenciada. Eles devem estar disponíveis para responder a perguntas, ajudar com o uso adequado dos equipamentos e fornecer orientação", afirma.

Netto, que também é mestre em motricidade humana e profissional de educação física, indica questionar sobre a regularização da academia junto ao Conselho Regional de Educação Física (CREF) e ao Confef.

"O registro [nesses órgãos] é obrigatório para todos os estabelecimentos que oferecem atividades físicas como musculação, aeróbica e hidroginástica. Isso garante que a academia está cumprindo todas as normas de segurança e qualidade exigidas", aponta.

Todo estabelecimento registrado deve possuir ainda um responsável técnico, profissional habilitado, de função regulamentada por lei, que vai trabalhar para a preservação da saúde, da segurança e do bem-estar no local. "Bem como agir em favor da prevalência do interesse público sobre o privado na empresa em que atua", destaca Netto.

Academias que não cumprem as normas dos conselhos são autuadas pela fiscalização e têm um prazo para se regularizarem. Caso não cumpram a ordem, podem ser multadas e até terem seu estabelecimento fechado.

O feedback de outros clientes, presencial e online, é mais uma ferramenta útil para obter informações sobre a qualidade do ambiente, dos profissionais e dos serviços oferecidos. Outro ponto é, para quem tem um histórico médico ou lesões prévias, levar essas considerações ao treinador ainda na fase de avaliação, para que os exercícios passados sejam direcionados às necessidades individuais. O treino, reforça Netto, deve ser aumentado gradualmente e estar sempre, em qualquer caso, sob supervisão do instrutor.

Leonardo Lima, docente na Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP (Universidade de São Paulo), também diz que é possível atenuar os riscos de acidentes na academia com orientação profissional do treino e manutenção adequada.

"É importante que se levante essa questão da segurança, mas isso não deve servir para que as pessoas fiquem receosas de fazer exercício, porque os benefícios são muito maiores do que esses riscos eventuais que se corre", pondera o professor.

Lima lembra que em academias os aparelhos passam por repetição constante e prolongada, muitas vezes das 6h às 22h, com uso por uma grande quantidade de pessoas, o que provoca uma fadiga de material que deve ser levada em conta pelas academias.

Além de consultar a administração sobre a manutenção dos equipamentos, os alunos podem observar se há circulação de técnicos trabalhando com frequência nesses equipamentos, cuidando de reparos, troca de peças e ajustes. "Ou se nunca se vê reparo sendo feito. Quando não está em ordem, a situação fica muito evidente. São academias em que você consegue perceber que os equipamentos estão desgastados, que o cabo de aço já não está mais íntegro, dá para perceber, às vezes a olho nu", diz Lima.

A intervenção do instrutor na hora da prática, por sua vez, deve considerar o perfil do aluno. "O profissional de educação física tem que, a princípio, saber com quem ele está lidando, para poder orientar a prática de exercício físico. E parte disso é informar o aluno sobre a maneira apropriada de realizar o exercício, a técnica adequada, a duração certa, a intensidade, a carga, e também sobre o uso dos equipamentos."

Lima lembra que os habilitados em educação física devem sair da graduação aptos também a prestar os primeiros socorros, de um mal estar a uma entorse ou uma lesão muscular ou articular.

"As academias têm responsáveis por prestar os socorros de urgência que são os próprios profissionais de educação física, que é capacitado, como o profissional da saúde, a primeiro prestar socorros de urgência e em seguida fazer o contato com as unidades de pronto atendimento, com o SAMU, ambulância e os bombeiros", afirma.

Bruno Tratz, profissional de educação física e coordenador da Bodytech Eldorado, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, diz que segue todas essas condutas em seu dia a dia e conta que a principal preocupação na escolha de equipamentos deve ser a segurança das pessoas.

"Os profissionais são treinados e orientados a ensinar o uso correto e regulagem dos aparelhos. Já os alunos, é importante que sempre busquem orientação dos profissionais de educação física", diz Tratz.

No caso do Ceará, a academia informou que o equipamento havia sido comprado há apenas 60 dias e que a situação foi uma fatalidade. A investigação em curso deve determinar se houve fadiga de material, mau uso, responsabilidade profissional ou da empresa.

O aluno que ficou paraplégico trabalhava como motorista e recebeu cerca de R$ 80 mil de uma vaquinha online feita para ajudar a família dele a custear o tratamento e a se manter nos próximos dias.

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