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Pacientes utilizam toxina botulínica para alívio temporário da dor crônica

Produto do tipo A atua no bloqueio neuromuscular, fazendo parte do tratamento de casos de bruxismo e enxaqueca

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Bia Bonduki
Tatuí (São Paulo)

Descoberta no século 19 pelo bacteriologista belga Emile Van Ermangen, o microrganismo Clostridium botulinum, bactéria encontrada em alimentos crus e estragados, foi isolado e a toxina botulínica detectada. No mercado estético, seu uso é comumente associado à prevenção de rugas faciais. No entanto, pacientes neuro, oftalmo, endócrino e dermatológicos podem encontrar tratamentos terapêuticos que diminuem dores e corrigem desequilíbrios.

"O Botox [nome comercial da toxina] é um tratamento que se baseia no bloqueio neuromuscular. Ele inibe a liberação de um neurotransmissor responsável pela contração dos músculos, ou então dos neurotransmissores que carregam informação de dor para o cérebro", dizo neurologista Renan Domingues, que atende casos de enxaquecas crônicas, ou seja, dores de cabeça que duram mais de 15 dias por mês.

A toxina botolunica sendo preparada no Into (Instituto de Traumatologia e Ortopedia) no Rio de Janeiro - 08.jun.2011 - Rafael Andrade/Folhapress

De acordo com Thais Silveira, chefe do setor de oftalmologia pediátrica, estrabismo e visão subnormal do Instituto Carioca de Olhos, no Rio de Janeiro, o primeiro uso terapêutico da toxina botulínica foi na oftalmologia para o tratamento de estrabismo e blefaroespasmo (também conhecido popularmente como tremor involuntário nas pálpebras).

"A toxina botulínica pode ser usada em alguns tipos de estrabismo, em qualquer idade, e ser tanto um tratamento definitivo, principalmente nas paralisias oculares, como um coadjuvante, ou seja, associada a um processo cirúrgico onde é necessário um relaxamento maior da musculatura", afirma.

Pacientes com bruxismo também encontram alívio com aplicações semestrais em músculos da face e cabeça. Administrado por cirurgiões buco-maxilo faciais, diminui a potência dos músculos da mastigação, e pode ser visto como um tratamento coadjuvante, associado ao uso da placa dentária.

"O bruxismo, na verdade, tem que ser entendido como primário e secundário, onde o primário é uma resposta neurológica do cérebro, e faz com que o paciente tenha esse impulso nervoso sem motivo aparente. Agora, o bruxismo secundário resulta de fatores que vão desencadear o bruxismo", define o mestre e doutor em cirurgia e traumatologia buco-maxilo facial Alexandre Silva, se referindo a problemas como hipertrofia adenóide, comum em crianças, a respostas do corpo a episódios de apneia e refluxo gastroesofágico.

"Em casos associados ao estresse, além da toxina botulínica e da placa dentária, é interessante buscar métodos de controle, como uma terapia, um ansiolítico ou uma atividade física em paralelo", diz Silva.

A empresária Ana Dias recorreu à aplicação após deixar duas placas de silicone inutilizáveis. "Tentei algumas terapias alternativas para diminuir o apertamento dos dentes –acupuntura, massagem, meditação, usar a língua como obstáculo. O que realmente funcionou para mim foram as injeções musculares aliadas a uma rotina saudável ", afirma.

A neurologista Thais Villas afirma as enxaquecas crônicas são responsáveis por 90% dos casos que levam o paciente a procurar seu consultório para o tratamento e alerta para as contra-indicações.

"Pacientes que tenham doenças musculares, afinal o Botox tem uma ação neurológica na enxaqueca. Esperamos uma ação nos nervos trigêmeos, que são os nervos da cabeça, que na enxaqueca trazem o sintoma de cefaleia. Porém, existem pacientes que têm outras doenças neurológicas de fraqueza muscular, como, por exemplo, a miastenia gravis. A toxina botulínica causa um relaxamento da musculatura, o que não é indicado para pacientes que têm uma musculatura flácida."

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