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Renda e moradia são determinantes no consumo de ultraprocessados, aponta estudo

Pesquisa feita em Pernambuco mostrou que variáveis sociodemográficas têm influência na ingestão de frutas, vegetais e legumes

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São Paulo

Renda, moradia e variáveis sociodemográficas foram apontadas como fatores determinantes no consumo de ultraprocessados, segundo estudo do Laboratório de Nutrição em Saúde Pública da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

A análise aponta que idade, área de habitação, escolaridade, atividade física, hipertensão e glicemia foram associadas ao consumo de tais alimentos.

No estudo, os pesquisadores entrevistaram 1.067 adultos de 2015 a 2016 com idades entre 20 e 59 anos e moradores de diversas regiões do estado de Pernambuco para entender como as determinantes sociais e estilo de vida influenciam no consumo de verduras, legumes e alimentos ultraprocessados.

biscoitos, batata frita e sorvete
Exemplos de alimentos ultraprocessados - Eduardo Knapp/Folhapress

Foram pesquisadas áreas urbanas e rurais com variáveis de sexo, área de habitação, tratamento da água, número de pessoas por domicílio, nível de escolaridade, renda familiar e saneamento. Níveis de atividade física, consumo de bebida alcoólica, tabagismo e padrão alimentar, além de aspectos como sobrepeso e obesidade, foram as categorias que definiram o estilo de vida pesquisado.

Moradores de regiões rurais, segundo o levantamento, possuem 52% menos chances de realizar um consumo médio ou alto de ultraprocessados. A análise apontou ainda que moradores com menor renda têm entre 86% e 82% menor chance de realizar um consumo médio e alto de frutas, verduras e legumes.

"Percebemos que essa parcela populacional estava menos exposta a um consumo médio e alto de ultraprocessados, logo entendemos que era porque esses produtos estão mais presentes em áreas urbanas", explica a nutricionista e autora correspondente do estudo, Renata Kelly Oliveira. Ela acrescenta, no entanto, que isso não significa que essa população não consuma esse tipo de alimento.

Dos entrevistados, 62,9% eram mulheres, 72,8% habitavam área urbana, 75,5% vivia com menos de um salário mínimo e 49,5% nunca frequentou a escola ou tinha o 1º grau incompleto.

Seguindo uma lista com os principais alimentos consumidos no estado, a pesquisa concluiu que, dos ultraprocessados, margarina, bolacha água e sal ("cream cracker") e suco artificial foram os mais citados entre os entrevistados. Já entre as frutas, verduras e legumes, banana, salada crua e laranja são os itens ingeridos com maior frequência.

"Percebemos também que esse consumo de frutas, legumes e vegetais prevalece entre aqueles com uma renda maior, enquanto os adultos mais jovens comem mais ultraprocessados", completa Oliveira.

O mesmo levantamento apontou ainda que o maior consumo de frutas, legumes e vegetais, no entanto, está relacionado também aos maiores IMCs, ou índices de massa corpórea, e uso de bebida alcoólica. Segundo o estudo, isso abre margem para a sugestão de que seja uma espécie de "sistema de compensação".

"Chegamos à conclusão de que, talvez por essas pessoas terem um IMC mais elevado, com diagnóstico de sobrepeso ou obesidade, elas tenham sido orientadas a consumirem mais frutas", explica Oliveira. O mesmo vale para os consumidores de bebidas alcoólicas, diz a pesquisadora que, talvez, a partir do desenvolvimento de algum problema, tenham recebido prescrições semelhantes.

De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), doenças crônicas são responsáveis por 71% das mortes mundiais. A pesquisa apontou que, no Brasil, esse número foi de 74% em 2016, com destaque para doenças cardiovasculares.

Para ser considerado ultraprocessado o alimento passa por etapas como o acréscimo de sal, acúcar, óleos, gorduras e conservantes. Estudos mostram que o consumo desses tipos de alimentos está associado a um maior risco de obesidade, hipertensão e diabetes, enquanto o consumo de alimentos in natura, ou com baixo processamento, favorecem o controle da massa corporal com menores riscos de desenvolvimento de doenças.

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