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Famílias americanas abraçam Wegovy para fazer adolescentes emagrecerem

Fármacos semelhantes ao desenvolvido pela Novo Nordisk têm sido utilizados por jovens com obesidade

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Robin Respaut Chad Terhune
Reuters

Um número pequeno, mas em crescimento, de adolescentes dos EUA iniciaram o tratamento com o medicamento para perda de peso Wegovy, da Novo Nordisk, no ano passado, de acordo com dados compartilhados exclusivamente com a Reuters.

Nos primeiros 10 meses de 2023, 1.268 crianças de 12 a 17 anos com diagnóstico de obesidade começaram a fazer uso do medicamento, segundo informações de seguros de saúde dos EUA compiladas pela empresa de tecnologia de saúde Komodo Health.

Em 2022, apenas 25 crianças receberam a prescrição do medicamento que, até dezembro daquele ano, não tinha aprovação para uso em adolescentes nos EUA. Um mês depois, a Academia Americana de Pediatria recomendou que fármacos para perda de peso fossem oferecidos a crianças com obesidade a partir dos 12 anos.

Billy Small é um jovem negro; ele segura uma calça larga que usava antes de emagrecer
Billy Small III, adolescente que perdeu 40kg após tratamento com caneta da Novo Nordisk - Carlos Barria/Reuters

Dados do Medicaid —um programa de saúde social— de cinco estados norte-americanos mostram um aumento semelhante no uso do Wegovy. Os números totais ainda são pequenos, com pelo menos 464 crianças nas regiões recebendo a prescrição do medicamento desde janeiro de 2022.

Isso não inclui prescrições compradas sem seguro de saúde, ou uso fora do rótulo de dois tratamentos semelhantes para a diabetes tipo 2, o Ozempic, também da Novo, e o Mounjaro, da farmacêutica Eli Lilly.

Mesmo assim, eles representam uma pequena parte, já que quase 20% das crianças nos EUA, ou cerca de 14,7 milhões, têm obesidade, de acordo com estimativas federais.

Mas os dados indicam um crescente interesse entre as famílias em adotar o Wegovy, o primeiro tratamento comprovadamente eficaz para a obesidade sem a necessidade de cirurgia. Entretanto, o uso da injeção semanal pode envolver altos custos, além de também possuir informações limitadas sobre os riscos e benefícios a longo prazo.

"Eu uso esses medicamentos sempre que posso. Ao contrário dos adultos, em que é como uma operação de resgate, somos muito mais propensos a prevenir doenças em crianças e adolescentes", disse Suzanne Cuda, diretora médica da Alamo City Healthy Kids and Families em San Antonio, no Texas (EUA). Ela também foi conselheira da Novo Nordisk sobre obesidade pediátrica.

A obesidade tem sido associada a muitas condições de saúde graves, incluindo diabetes, doenças cardíacas e câncer.

Em anos anteriores, um número muito menor de adolescentes foi prescrito com o Saxenda, também da Novo, que foi aprovado para perda de peso em adultos em 2014, e para adolescentes, em 2020. O medicamento funciona de forma semelhante ao Wegovy para reduzir o apetite, mas resulta em menos perda de peso. Ambos pertencem a uma classe de terapias conhecidas como agonistas do GLP-1.

Nos primeiros 10 meses do último ano, 378 adolescentes tiveram prescrição para o Saxenda, segundo dados da Komodo. O número é menor do que em 2022, quando 567 pacientes iniciaram o uso do fármaco. De 2018 a 2021, 266 adolescentes receberam novas prescrições de Saxenda.

DECISÃO FAMILIAR

Billy Small Jr., de Oakland, na Califórnia (EUA), disse que ele e sua família estavam inicialmente relutantes ao usar o Wegovy no filho de 15 anos. Eles estavam preocupados com efeitos colaterais como náuseas, vômitos e outros problemas gastrointestinais, bem como possíveis riscos desconhecidos do uso a longo prazo. O ensaio clínico do medicamento da Novo em adolescentes durou cerca de 18 meses.

O adolescente Billy Small III mede 1,75 metros e pesava 176 quilos na época. O pediatra alertou que ele estava em maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. Ele já tinha o diagnóstico de asma. "Perguntamos como ele se sentia sobre isso e ele só queria que o peso fosse embora", disse o pai.

Desde que começou a usar o Wegovy, em março de 2023, Billy perdeu cerca de 40 quilos, ou 23% de seu peso corporal total. O medicamento foi coberto pelo plano Medicaid no estado da família.

O apetite de Billy diminuiu drasticamente e ele teve poucos efeitos colaterais. Ele começou a sair com amigos para assistir filmes e jogos de basquete e passou a frequentar a academia com seu pai.

"O peso estava afetando sua confiança", disse Billy Small Jr. sobre o filho, agora com 16 anos. "Sua qualidade de vida é 100 vezes melhor do que era."

Tanto a Novo quanto a Eli Lilly estão testando seus medicamentos para perda de peso em crianças a partir dos 6 anos. O fármaco tirzepatida, da Lilly, só é aprovado para adultos nos EUA sob o nome da marca Mounjaro, para diabetes tipo 2, e Zepbound, para perda de peso.

A Lilly disse que não poderia comentar "planos futuros para a tirzepatida em crianças ou adolescentes, pois os ensaios clínicos ainda estão em andamento."

A Novo disse que há cerca de 175 milhões de crianças e adolescentes com obesidade em todo o mundo, e para alguns, uma dieta com poucas calorias e exercícios aumentados podem não ser suficientes.

EPIDEMIA GLOBAL

Os EUA fazem parte dos países que estão testando os novos métodos para perda de peso em jovens. Quaisquer novas informações podem informar autoridades de saúde em outros lugares. A Novo disse que o medicamento recebeu aprovações semelhantes para jovens no ano passado na Alemanha, no Reino Unido, na Dinamarca e nos Emirados Árabes Unidos.

Sem cobertura pelos seguros de saúde, o Wegovy pode custar até US$ 1.300 por mês nos EUA. Os dados até agora mostram que a maioria das pessoas que interrompe o uso acaba recuperando parte do peso perdido. Não está claro se há maneiras de evitar a necessidade do uso por toda a vida.

A Komodo revisou dados de seguros de saúde envolvendo quase 20 milhões de crianças, ou cerca de 80% da população dos EUA com idades entre 12 e 17 anos. Entre esses pacientes, cerca de 2,25 milhões tiveram um diagnóstico de obesidade listado em suas reivindicações de seguro durante o período de quase seis anos. A análise foi com dados de até outubro de 2023.

Alguns especialistas médicos pedem cautela devido à falta de evidências sobre como esses medicamentos podem afetar o desenvolvimento.

O Grupo de Serviços Preventivos dos EUA recomenda o aconselhamento intensivo, incluindo terapia comportamental e educação nutricional, em vez de medicamentos, para ajudar crianças que precisam perder peso. "Realmente não sabemos o que esses fármacos fazem no contexto da criança em crescimento", explicou Dan Cooper, professor de pediatria na Universidade da Califórnia.

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