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Ozempic não causa aumento de pensamentos suicidas, diz estudo

Tema era motivo de preocupação de agências de saúde americanas e europeias; resultados, porém, não eliminam riscos

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Nancy Lapid
Reuters

Um grande estudo realizado nos Estados Unidos não encontrou evidências de que tomar o Ozempic ou o Wegovy, da farmacêutica Novo Nordisk, esteja relacionado a um aumento de pensamentos suicidas, segundo relataram pesquisadores nesta sexta-feira (5).

Em vez disso, a análise de dados de prontuários eletrônicos de mais de 1,8 milhão de pacientes encontrou um risco menor de novos e recorrentes pensamentos suicidas naqueles que tomam semaglutida em comparação com aqueles que usam outros medicamentos para perda de peso ou diabetes.

O medicamento Ozempic - Lee Smith/Reuters

Tanto o Ozempic para diabetes tipo 2, quanto o tratamento da obesidade Wegovy, têm semaglutida como ingrediente ativo.

Preocupações com relatos de ideação suicida associada à semaglutida levaram a uma investigação pela Ema (Agência Europeia de Medicamentos, na sigla em inglês), enquanto a FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos nos EUA) listou a ideação suicida como um sinal potencial de segurança para medicamentos GLP-1.

Uma revisão da Reuters no ano passado descobriu que a FDA recebeu 265 relatos de pensamentos ou comportamento suicidas em pacientes que tomavam semaglutida ou medicamentos similares desde 2010. Trinta e seis desses relatos descrevem uma morte por suicídio ou suspeita.

Esses relatos de eventos adversos não comprovam uma ligação entre um medicamento e um efeito colateral, mas podem sinalizar aos reguladores a necessidade de estudar um risco específico.

Para este estudo, publicado online na revista Nature e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, os pesquisadores revisaram dados de 240.258 pacientes dos EUA que tinham prescrição para o Wegovy ou outros medicamentos para perda de peso e quase 1,6 milhão com diabetes tipo 2 prescritos com Ozempic ou outros tratamentos.

Os pesquisadores compararam quase 53 mil pacientes com Wegovy com o mesmo número de usuários de outros medicamentos para perda de peso parecidos.

Eles descobriram que, durante os primeiros seis meses de uso, pensamentos suicidas pela primeira vez foram relatados por 0,11% dos usuários de Wegovy versus 0,43% dos usuários de bupropiona, naltrexona, orlistate, topiramato, fentermina ou setmelanotida. Nenhum dos outros medicamentos pertence à mesma classe que a semaglutida ou o Mounjaro e Zepbound, ambos da Eli Lilly, que contêm o agonista do GLP-1 tirzepatida.

Após levar em consideração outros fatores de risco, o risco de pensamentos suicidas pela primeira vez foi 73% menor com Wegovy, disseram os pesquisadores.

Nenhum paciente do grupo Wegovy relatou uma tentativa de suicídio em comparação com 14 usuários dos outros medicamentos, diz o relatório.

Entre os pacientes com histórico de ideação suicida, o risco de pensamentos suicidas recorrentes foi 56% menor com Wegovy do que com outros medicamentos para perda de peso.

Padrões semelhantes foram observados para o uso de Ozempic em comparação com outros medicamentos para diabetes.

Os resultados foram consistentes independentemente do sexo, idade ou etnia dos pacientes para ambas as formulações de semaglutida.

Um estudo observacional retrospectivo como esse não pode provar que os agonistas do GLP-1 não aumentam o risco de ideação suicida, mas os resultados podem aliviar preocupações.

Além disso, os pesquisadores não conseguiram avaliar a significância estatística das diferenças em tentativas de suicídio reais, que eles reconhecem serem "criticamente diferentes das ideações suicidas".

"A popularidade explosiva desse medicamento torna imperativo entender todas as suas complicações potenciais", diz a coautora do estudo, Pamela Davis, da Case Western Reserve School of Medicine, em comunicado.

"É importante saber que as sugestões anteriores de que o medicamento poderia desencadear pensamentos suicidas não são confirmadas nessa população muito grande e diversificada nos EUA".

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