Anvisa aprova medicamento para tratar obesidade em adolescentes

Agência já havia autorizado uso de Wegovy no país para adultos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou nesta terça-feira (26) o uso da droga injetável Wegovy (semaglutida 2,4 mg) para o tratamento de sobrepeso e obesidade em adolescentes a partir de 12 anos.

Antes, o medicamento da Novo Nordisk já havia recebido aval no país para tratamento em adultos.

Apesar da nova decisão, o medicamento não está disponível ainda no Brasil. A expectativa é de comercialização a partir de janeiro de 2024, em preços que podem chegar a R$ 2.484 a caixa.

Wegovy (semaglutida 2,4 mg) para o tratamento de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes
Anvisa aprovou uso de Wegovy para o tratamento de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes - Victoria Klesty/Reuters

A semaglutida desempenha algumas ações no organismo que colaboram na perda de peso. Uma é aumentar a sensação de saciedade e reduzir o apetite.

O Wegovy é produzido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk. Ele é formulado a partir da semaglutida, mesmo composto do Ozempic, indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, mas em dosagem diferente (2,4 mg contra 1 mg). Em estudos conduzidos com jovens de 12 a 18 anos, a droga reduziu em até 16,1% o peso médio dos participantes após 68 semanas.

Na ampliação da bula, a Anvisa indicou o Wegovy como tratamento para controle de peso em adolescentes com 12 anos ou mais em conjunto com uma dieta com redução calórica e atividade física.

Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, até 2035, 1 em cada 3 crianças e adolescentes no Brasil devem viver com obesidade.

Os dados existentes até 2020 mostram que aproximadamente 12,5% das meninas no país são obesas, enquanto a taxa vai para cerca de 18% nos meninos. Até 2035, porém, esses índices podem chegar a 23% e 33%, um aumento de 84% e 83,3%, respectivamente.

A obesidade é o principal fator de risco para desenvolvimento de outras doenças, como diabetes, doença renal e doenças cardiovasculares. Em meninos, a obesidade na adolescência também está associada à infertilidade na vida adulta. Quanto antes na vida a criança ou adolescente desenvolver obesidade ou sobrepeso, maiores serão os riscos enfrentados, uma vez que ela irá passar grande parte da sua vida com aquela condição.

Assim, ela tem um forte impacto na morbimortalidade, que soma não apenas os riscos de mortalidade mas também de anos perdidos vivendo com a doença.

Atualmente, no SUS (Sistema Único de Saúde), não há nenhum tratamento indicado para obesidade nesta faixa etária. As recomendações do Ministério da Saúde, preconizadas segundo o Manual de Atenção às Pessoas com Sobrepeso e Obesidade no Âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), são tirar o foco da perda de peso, adotar uma alimentação saudável, praticar atividade física regularmente e acolhimento emocional.

Para indivíduos acima de 18 anos, a cirurgia bariátrica é o único tratamento disponível tanto na rede pública quanto privada.

O Ministério da Saúde foi procurado para saber sobre a possibilidade de incorporação do medicamento como tratamento de obesidade para adolescentes. Em nota, disse que até o momento não houve pedido de incorporação da tecnologia ao SUS.

No estudo Step Teens, desenvolvido pela Novo Nordisk, os 201 adolescentes foram divididos em um grupo que recebeu injeções semanais de semaglutida 2,4 mg e outro que recebeu placebo (substância inócua ao organismo), aliado a mudanças no estilo de vida (para não ter mudança, por exemplo, em relação à adoção de uma dieta hipocalórica somente em um grupo).

Os indivíduos que receberam o medicamento tiveram redução de 16,1% do IMC (índice de massa corpórea), comparado ao grupo placebo, que teve aumento de 0,6%. Essa redução foi maior também no grupo de intervenção (77% dos participantes tiveram redução do peso corpóreo, contra 20% no placebo).

A semaglutida é um agonista do hormônio GLP-1 (peptídeo do tipo glucagon 1), produzido naturalmente no nosso organismo. Ela atua reduzindo a taxa glicêmica na corrente sanguínea e provocando a sensação de saciedade. Em alguns estudos, essa molécula também mostrou ação na área cerebral ligada ao prazer e desejo, por isso ela provoca perda de apetite e aumenta o gasto energético.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.