Entenda os riscos da hipertensão à saúde

Edição da newsletter Cuide-se fala sobre condição presente em 24% dos brasileiros e que é fator de risco para AVCs e demência

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São Paulo

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Nos últimos três anos, as mortes associadas à hipertensão cresceram quase 48% no Brasil, com um salto principalmente pós-Covid. Entenda como esta condição não controlada é um fator de risco para diferentes problemas de saúde, incluindo AVC.

Homem branco realiza exame de hipertensão com medidor automático
Medidor de pressão arterial - Frank Harms por Pixabay

Inimigo silencioso

A prevalência de hipertensão arterial na população brasileira é de cerca de 1 em cada 4 adultos (24%), mas pode chegar a 62,5% em pessoas acima de 65 anos. Entre as faixas etárias mais jovens (até 34 anos), o percentual varia de 8,2% a 10,1%.

Mesmo assim, quase 7 em cada 10 (66%) brasileiros com pressão alta não fazem o controle da doença. Isso porque, na maioria dos casos, a manifestação da doença é assintomática.

Por que isso é perigoso: a hipertensão é um fator de risco para inúmeras doenças, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral).

Mas primeiro, o que é a pressão alta? E como saber se a sua pressão arterial está elevada?

Hipertensão é uma doença que eleva a pressão com que o sangue circula nas artérias e veias. A doença é multifatorial, ou seja, não tem uma causa única, mas os médicos buscam por sinais como histórico familiar, sedentarismo, obesidade, tabagismo e o consumo excessivo de sal na hora de avaliar o risco.

No último mês, a Sociedade Brasileira de Cardiologia lançou uma nova diretriz com formas de medição da pressão arterial para melhorar o diagnóstico de hipertensão.

A principal mudança é que o diagnóstico definitivo de hipertensão arterial não deve considerar apenas os resultados obtidos nas medidas realizadas em consultórios.

Entenda: há duas formas de medir a pressão arterial. Ela pode ser feita pelo médico no consultório ou no dia a dia do paciente em casa.

No consultório…. Muitos pacientes ficam ansiosos, aumentando a pressão arterial minutos antes da medição pelo médico, o que pode levar ao diagnóstico incorreto de hipertensão.

Por outro lado, há portadores de pressão alta que não fazem o controle em casa e apresentam pressão arterial baixa no consultório. Esses também podem ter o diagnóstico incorreto.

A diretriz visa destacar a importância da combinação de métodos para a medição dentro de casa, a MAPA (monitorização ambulatorial da pressão arterial), onde o paciente faz as medidas durante 24 horas com um aparelho que fica preso à cintura, e a MRPA (monitorização residencial da pressão arterial), cujos valores são medidos por cinco dias às manhãs e às noites com um aparelho, com o diagnóstico no consultório clínico.

Neste caso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia considera pressão arterial elevada de 140 por 90 mmHg (conhecida por 14 por 9, na linguagem popular), em consultórios, enquanto em casa uma pressão já considerada acima do normal é de 130 por 80 (13 por 8).

Mortes associadas à hipertensão

O país registrou um aumento das mortes associadas à hipertensão nos últimos três anos, passando de 26.560 óbitos, em 2019, para 39.220, em 2022 (um salto de 47,67%).

Em paralelo, 7 a cada 10 municípios brasileiros terminaram 2023 sem atingir a meta de controle de hipertensão e diabetes, segundo dados do Previne Brasil, programa federal que vincula parte dos recursos da atenção primária ao cumprimento de metas assistenciais.

Como mostrei em reportagem na Folha, o país não conseguiu reduzir as mortes por causas preveníveis — aquelas que podem ser evitadas com medidas de atenção à saúde e de prevenção de fatores de risco, como diabetes, hipertensão e obesidade.

Após um período de excesso de mortalidade, principalmente devido à Covid e às dificuldades de recomposição dos sistemas de saúde nacionais, resta saber se medidas mais eficazes de implementação de programas como Saúde da Família, parte da estratégia de Atenção Primária à Saúde (APS) serão implementados.

Assim, um bom controle da hipertensão e a manutenção da pressão arterial passa pela alimentação equilibrada, prática regular de atividade física e políticas públicas de apoio à prevenção da saúde.


CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR

Novidades e estudos sobre saúde e ciência

  • Biólogo pisou 40,5 mil vezes em jararaca para descobrir quando elas picam. Um pesquisador do Instituto Butantan, em São Paulo, realizou um experimento um tanto incomum: ele pisou –com equipamento apropriado– em cerca de 116 jararacas para descobrir quando e por que elas picam. A descoberta foi que fêmeas tendem a picar mais, assim como indivíduos mais jovens e menores. O experimento "desmistificou" a ideia que serpentes só picam quando pisam –algumas vezes, ele só posicionou o pé ao lado do animal. O achado foi publicado na revista Scientific Reports.
  • Renda mais alta reduz risco de morte por AVC. Uma pesquisa avaliou registros de 6.901 pacientes com AVC (acidente vascular cerebral) e observou que, aqueles com a renda mais alta, tinham um risco de morte pela doença cerca de 32% menor do que os indivíduos com renda mais baixa. O estudo, apresentado na Conferência Europeia de AVC, em 2024, destaca a importância dos fatores sociodemográficos no controle de doenças crônicas, também chamados de determinantes sociais de saúde. A pesquisa mostrou ainda que os indivíduos com baixa escolaridade tinham risco 18% maior de morte por AVC, índice que crescia para 24% quando eram considerados dois a quatro fatores sociais (como escolaridade e país de nascimento ou residência).
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