O talco foi classificado como provavelmente cancerígeno pela agência de câncer da OMS (Organização Mundial da Saúde), que também classificou como cancerígeno o acrilonitrilo, um composto utilizado na produção de polímeros.
O resultado da avaliação, feita pela Iarc (Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, em inglês), foi publicado em um artigo resumido no The Lancet Oncology nesta sexta-feira (5) e será descrito em detalhes em publicação a ser lançada em 2025.
O talco, mineral natural extraído em muitas regiões do mundo, foi considerado "potencialmente cancerígeno" para os seres humanos, com base em uma combinação de evidências limitadas para câncer de ovário em humanos, evidências suficientes obtidas a partir de animais de laboratório, e forte evidência de que o talco apresenta características-chave de carcinógenos em células primárias humanas e sistemas experimentais.
Segundo esses especialistas, a exposição ocorre principalmente no ambiente de trabalho durante a extração, moagem ou processamento do talco, ou durante a fabricação de produtos que o contenham.
Para a população em geral, a exposição ocorre principalmente através do uso de cosméticos e pós corporais que contenham talco. No entanto, os especialistas não descartam certos vieses nos estudos que mostraram um aumento na incidência de câncer.
Embora a avaliação focou no talco não contendo amianto, a contaminação do talco com amianto não pôde ser excluída na maioria dos estudos em humanos expostos.
Em junho, a gigante farmacêutica americana Johnson & Johnson fechou um acordo definitivo com a justiça de 42 estados nos Estados Unidos em um caso de talco acusado de causar câncer.
Uma síntese de estudos, publicada em janeiro de 2020 e baseada em 250 mil mulheres nos Estados Unidos, não encontrou uma ligação estatística entre o uso de talco nas partes genitais e o risco de câncer de ovário.
Na década de 1970, surgiu a preocupação sobre a contaminação do talco com amianto, que frequentemente é encontrado próximo aos minerais usados para fabricar talco. Posteriormente, estudos apontaram um maior risco de câncer de ovário em usuárias de talco.
A agência da OMS também classificou como "cancerígeno" para os humanos o acrilonitrilo, um composto orgânico volátil utilizado principalmente na produção de polímeros.
Essa decisão se baseia em "evidências suficientes de câncer de pulmão" e "evidências limitadas" de câncer de bexiga em humanos, de acordo com a Iarc.
Esses polímeros são usados em fibras para roupas, tapetes, plásticos para produtos de consumo ou peças de automóveis.
O acrilonitrilo também está presente na fumaça do cigarro. A poluição do ar é outra fonte de exposição.
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