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Estudo relaciona Wegovy e Ozempic a distúrbio ocular que pode comprometer a visão

OUTRO LADO: Novo Nordisk, farmacêutica dos medicamentos, diz que os dados publicados não são suficientes para estabelecer uma associação causal entre o uso da semaglutida e o problema ocular

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Nancy Lapid
Reuters

Pacientes que usam medicamentos como Wegovy e similares para o tratamento da diabetes tipo 2, da Novo Nordisk, podem estar em maior risco de desenvolver uma condição ocular que ameaça a visão, de acordo com dados de um estudo publicado na quarta-feira (3).

Wegovy e medicamentos como Ozempic e Rybelsus contêm o mesmo ingrediente ativo, a semaglutida, e pertencem a uma classe de medicamentos conhecida como agonistas do receptor GLP1.

A imagem mostra uma linha de produção com várias canetas de insulina azuis organizadas em fileiras. As canetas estão alinhadas em uma esteira transportadora, prontas para serem embaladas ou distribuídas. Há etiquetas e números visíveis, como '125', indicando a organização do processo.
Canetas do medicamento Ozempic, da Novo Nordisk, durante produção na Dinamarca - Tom Little/Reuters

O problema ocular, conhecido como neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA), apresentou uma taxa de 8,9% para aqueles que tomavam semaglutida para diabetes tipo 2, em comparação a 1,8% para pacientes que tomavam medicamentos para diabetes que não são GLP-1, segundo o estudo publicado na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association) Ophthalmology.

Entre aqueles que fazem uso da semaglutida para sobrepeso ou obesidade, a taxa da condição ocular foi de 6,7%, em comparação com 0,8% para aqueles que recebiam outros tipos de medicamentos para redução de peso.

O estudo durou 36 meses e observou 710 adultos com diabetes tipo 2 e 979 pacientes que tomavam medicamentos para perda de peso.

A neuropatia óptica se desenvolve a partir de um fluxo sanguíneo insuficiente para o nervo óptico e causa perda súbita e indolor da visão em um dos olhos. É a segunda causa mais comum de cegueira devido a danos no nervo óptico, ficando atrás apenas do glaucoma.

Depois de levar em conta outros fatores de risco dos pacientes para a condição, como pressão alta e apneia obstrutiva do sono, o uso de semaglutida foi associado a um risco quatro vezes maior da neuropatia naqueles que recebiam o medicamento para diabetes e sete vezes mais para aqueles que tomavam para emagrecimento.

Em comunicado, a Novo Nordisk observou várias limitações do desenho do estudo, que não foi um ensaio clínico randomizado.

"No geral, os dados publicados no estudo não são suficientes para estabelecer uma associação causal entre o uso de agonistas do receptor GLP-1 e NOIA-NA", disse a farmacêutica dinamarquesa, acrescentando que a condição "não é uma reação adversa para as formulações comercializadas de semaglutida".

A neuropatia óptica afeta, com uma maior frequência, os mais velhos. Na população geral dos Estados Unidos, a incidência anual estimada é de 0,54 a cada 100 mil pessoas, aumentando de 2,3 a 10,2 a cada 100 mil adultos acima de 50 anos, de acordo com a Academia Americana de Oftalmologia.

O prognóstico para a recuperação visual é melhor em pacientes mais jovens, diz o instituto. As idades médias no estudo foram de 46 anos entre os pacientes que usavam semaglutida para obesidade e 57 anos entre aqueles que a usavam para diabetes.

"Este trabalho foi realizado em um alto nível de qualidade e sugere uma associação entre o tratamento com semaglutida e uma forma de neuropatia óptica ameaçadora da visão, mas isso idealmente deveria ser testado em estudos maiores", disse Graham McGeown da Universidade Queen's de Belfast, que estuda doenças oculares diabéticas, mas não esteve envolvido na nova pesquisa.

Os pesquisadores do estudo foram procurados, mas não estavam disponíveis para responder à reportagem.

"Dado o rápido aumento no uso de semaglutida e sua possível licença para uma série de problemas além da obesidade e diabetes tipo 2, essa questão merece mais estudos, mas os possíveis efeitos colaterais de medicamentos sempre precisam ser equilibrados com os benefícios prováveis", afirma McGeown.

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