OMS admite erro e eleva avaliação de risco mundial de coronavírus

Até esta segunda (27), mais de 2.700 pessoas foram infectadas e 81 morreram

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Genebra | AFP

A OMS (Organização Mundial da Saúde) corrigiu nesta segunda-feira (27) sua avaliação do risco do coronavírus chinês, considerando-o elevado para o nível internacional depois de tê-lo descrito como moderado por erro de formulação.

Em seu relatório sobre a situação, publicado nas primeiras horas desta segunda, a OMS indica que sua "avaliação de risco não mudou desde a última atualização em 22 de janeiro: muito alto na China, alto no nível regional e em todo o mundo".

Em relatórios anteriores, a agência especializada das Nações Unidas apontou que o risco global era "moderado".

"Foi um erro de formulação nos relatórios de 23, 24 e 25 de janeiro, e nós o corrigimos", explicou à AFP uma porta-voz da instituição com sede em Genebra.

Na quinta (23), a OMS disse que ainda era cedo para declarar uma emergência internacional de saúde pública.

"Ainda não é uma emergência de saúde global, mas pode vir a ser", declarou o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que viajou para a China. "É uma emergência na China, mas ainda não se tornou uma emergência global. Pode ainda se torna uma", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS.

A OMS só utiliza esse termo para epidemias que exigem certa reação global, como a gripe suína H1N1 em 2009, o vírus zika em 2016 e a febre ebola, que atingiu parte da África Ocidental entre 2014 e 2016 e República Democrática do Congo desde 2018.

Durante o surto de Sars (2002 - 2003), a OMS criticou Pequim por ter demorado a alertar as autoridades internacionais sobre a epidemia e tentado esconder sua verdadeira extensão. 

Por outro lado, a OMS também foi alvo de críticas. Considerada alarmista por alguns durante a epidemia do vírus H1N1 em 2009, foi acusada, durante a epidemia de ebola na África Ocidental (2014), de não ter enxergado a verdadeira extensão da crise.

Da família dos coronavírus, como o Sars (síndrome respiratória aguda grave), o vírus 2019-nCoV causa sintomas gripais em pessoas que o contraíram e pode levar à síndrome respiratória grave.

Até esta segunda (27), pelo menos 81 pessoas morreram e mais de 2.700 foram infectadas na China desde o seu surgimento no final de dezembro. Desde então, se espalhou pela Ásia, Europa, Estados Unidos e Austrália.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a maioria das pessoas que morreram era idosa e tinha outros problemas de saúde associados, como diabetes e doenças cardiovasculares. 

Todos que pegaram o vírus estiveram em Wuhan, cidade chinesa com 11 milhões de habitantes que parece ser a origem da epidemia. Acredita-se que a fonte seja um mercado de peixes e animais vivos, mas a transmissão de pessoa para pessoa já foi confirmada.

A cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, é um importante centro industrial e comercial do centro da China e tem o maior aeroporto e porto da região.

O coronavírus

A epidemia de coronavírus começou semanas antes do Ano-Novo chinês, comemorado no sábado (25), Centenas de milhões de pessoas fazem bilhões de viagens pelo país por causa das festividades, o que provavelmente aumentou a transmissão.

Para impedir que o vírus se espalhe ainda mais, autoridades  isolaram 13 cidades da província de Hubei, área com cerca de 40 milhões de habitantes, e anunciaram o fechamento de diversas atrações turísticas.

A Cidade Proibida, trechos da Grande Muralha, os túmulos da dinastia Ming e a floresta Yinshan Pagoda não terão mais acesso de turistas até segunda ordem. O Estádio Nacional de Pequim, conhecido como Ninho de Pássaro, construído para os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, também teve suas portas fechadas.

Os serviços de transporte público na província foram totalmente paralisados. O uso de máscaras em prédios públicos se tornou obrigatório e aqueles que desrespeitarem a medida estão sujeitos a responsabilização legal. 

Não há casos no Brasil. O Ministério da Saúde diz que está em estado de alerta inicial e divulgou recomendação na quinta-feira (23) para que equipes de saúde fiquem alertas a casos de pessoas com sintomas respiratórios e que apresentam histórico de viagens a áreas de transmissão ativa do novo coronavírus registrado na China

Até o momento, ao menos cinco casos chegaram a ser informados como suspeitos por secretarias estaduais de saúde, mas foram descartados por não se enquadrarem nos critérios definidos pela Organização Mundial de Saúde para definição de suspeita da doença.  

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