OMS batiza novo coronavírus de covid-19 e diz que ele é ameaça grave

Entidade debate a epidemia com 400 cientistas e vê chance de parar a disseminação

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Genebra | AFP

A doença respiratória causada pelo novo coronavírus será oficialmente chamada de covid-19, anunciou nesta terça-feira (11) o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Genebra. 

"Co" significa corona, "vi" vem de vírus, e "d" representa "doença". O número 19 indica o ano de sua aparição, 2019.

Esse nome substitui o de 2019-nCoV, decidido provisoriamente após o surgimento da doença respiratória que já matou 1.013 pessoas, 1.011 na China continental.

O novo nome foi escolhido por ser fácil de pronunciar e não ter referência estigmatizante a um país ou a uma população em particular, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em encontro com cientistas em Genebra para tratar do novo coronavírus
O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em encontro com cientistas em Genebra para tratar do novo coronavírus - Reuters

"O novo nome importa para impedir o uso de outros nomes que podem ser imprecisos ou estigmatizantes. Também nos dá um formato padrão para usar em possíveis surtos de coronavírus no futuro."

Ao inaugurar uma conferência de combate à epidemia, Ghebreyesus também afirmou que o novo coronavírus representa uma ameaça muito grave para o mundo.

"Com 99% dos casos na China, [a epidemia] continua constituindo uma verdadeira emergência para este país, mas também é uma ameaça muito grave para o resto do mundo."

Durante dois dias, cerca de 400 cientistas avaliarão vários meios para combater a epidemia, concentrando-se, principalmente, em sua transmissão e possíveis tratamentos.

"O que importa agora é deter essa epidemia e salvar vidas. Podemos alcançar isso juntos, com seu apoio", afirmou o responsável aos participantes.

A OMS também estimou que há uma chance realista de parar a disseminação no mundo do novo coronavírus.  "Se investirmos agora, temos uma chance realista de interromper esta epidemia", disse  Ghebreyesus durante coletiva de imprensa.

O chefe da OMS pediu a todos os países que mostrem sua solidariedade, compartilhando as informações de que dispõem.

"Isso é particularmente importante em termos de amostras e da sequência do vírus. Para derrotar essa epidemia, precisamos compartilhar as informações", insistiu. 

Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que espera que a reunião produza uma agenda de pesquisa que ajude pesquisadores e doadores.

Mais de 43 mil pessoas já foram contaminadas por esse vírus na China continental e pelo menos 1.018 delas morreram.

Fora da China continental, dois pacientes morreram —um, nas Filipinas, e o outro, em Hong Kong. Além disso, existem mais de 400 casos confirmados de infecção em cerca de 30 países e territórios.

Também nesta terça-feira, dois funcionários da província chinesa de Hubei, epicentro da epidemia do  covid-19, foram demitidos, segundo a televisão estatal chinesa.

A diretora da Comissão de Saúde da província, Liu Zingzi, e o principal dirigente do Partido Comunista nesta organização, Zhang Jin, foram afastados de seus cargos por decisão do Comitê Permanente do Partido em Hubei, informou a CCTV.

As demissões parecem buscar aplacar a opinião pública, que exigia a saída de ambos desde a morte de Li Wenliang, um oftalmologista de 34 anos apontado como um dos primeiros a alertar sobre a emergência sanitária.

Por enquanto, Wang Hesheng, ex-vice-ministro da Comissão Nacional de Saúde, substituirá os dois funcionários demitidos.

A revolta popular cresceu de forma evidente nas últimas semanas, e a grande maioria da população considera que as autoridades levaram tempo demais para reagir aos primeiros alertas sobre a doença.

A província de Hubei é o coração da epidemia, já que concentra 96% dos mais de mil mortos registrados até o momento e 74%, dos casos confirmados de contaminação.

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