OMS diz que há mais casos novos de coronavírus fora da China do que no país

Homem de 61 anos que esteve na Itália é o primeiro paciente confirmado no Brasil

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Patrick Baert
Itália | AFP

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou nesta quarta (26) que o número diário de novas pessoas contaminadas pelo coronavírus no mundo já é superior ao registrado na China.

O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou durante uma reunião na sede da OMS em Genebra que o número de novos contágios registrados fora da China ultrapassou pela primeira vez o número de novos casos na China. Foram 411 novos casos na China e 427 casos no mundo na terça-feira (25).

​Ghebreyesus também alertou para os riscos de uma pandemia, ou seja, para uma epidemia de magnitude internacional.

A entidade mostra especial preocupação com os países pobres, mal equipados para prevenir, diagnosticar e tratar a doença.

Segundo Bruce Aylward, especialista que dirige a missão conjunta OMS/China, deve-se estar preparado para administrar a pandemia em larga escala e isso deve ser feito rapidamente.

Nos últimos dias, a epidemia se espalhou ainda mais —houve mais de mil infectados na Coreia do Sul, novos mortos no Irã, aumento de contágios na Europa, devido ao foco surgido na Itália, e o primeiro caso no Brasil.

Quatro países europeus —Áustria, Suíça, Grécia e Croácia —registraram seus primeiros casos do novo coronavírus desde terça-feira (25). Além disso, morreu nesta quarta-feira em Paris o primeiro francês vítima da covid-19.

Ao mesmo tempo, os números melhoram na China, centro da epidemia. As autoridades afirmaram que 52 pessoas morreram nas últimas 24 horas, contra 71 na terça. É o menor número em três semanas. O número de contágios também diminuiu: 406 novos casos contra 508 de terça.

Fora da China, a doença covid-19 já afeta cerca de 40 países. No total, foram registrados 40 mortes e pelo menos 2.700 casos confirmados de contágio.

O Brasil registrou nesta terça (25) o primeiro caso de coronavírus. O paciente é um homem de 61 anos que viajou para a Itália. Ele voltou na sexta para o Brasil e só sentiu sintomas na segunda-feira, quando procurou o Hospital Israelita Albert Einstein. O teste no hospital deu positivo e foi confirmado no Instituto Adolfo Lutz. 

Europa em alerta

Na Itália, foco europeu da epidemia, já são 374 pessoas contaminadas, a maioria no norte do país, e 12 mortos.

A maioria dos casos registrados nas últimas horas em diversos países europeus tem relação com o foco italiano.

A propagação do novo coronavírus na Itália e Europa é motivo de preocupação mas não de pânico,segundo a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides.

Na Espanha, um hotel na ilha de Tenerife continua em quarentena depois que dois hóspedes italianos deram positivo para o novo coronavírus em uma primeira análise. As autoridades esperam o resultado de um segundo exame para decidir se mantêm ou não o confinamento de mais de 700 hóspedes.

Na Áustria, foram registrados dois casos em um hotel em Innsbruck, no coração dos Alpes, onde dois turistas de Milão se hospedaram.

Na Croácia, um jovem que viajou para Milão e seu irmão deram positivo para o novo coronavírus. Na Suíça e na Grécia, os primeiros casos também afetam cidadãos que acabam de voltar do norte da Itália.

Na África, um italiano que chegou à Argélia em 17 de fevereiro se tornou o segundo caso confirmado no continente.

A epidemia obrigou a anular uma infinidade de eventos esportivos e culturais e já é possível sentir os efeitos negativos na economia, com mercados financeiros acumulando suas perdas.

A China anunciou um plano de apoio às pequenas e médias empresas, asfixiadas pelo forte impacto da epidemia, pedindo aos bancos que concedam empréstimos com taxas reduzidas.

Desligar a televisão e abrir a Bíblia

Na Coreia do Sul, onde o número de contagiados é altíssimo, e a situação é muito grave, segundo o presidente Moon Jae-in, o número de infectados é de 1.146 casos, segundo o balanço atualizado.

É o segundo maior foco de infecção no mundo depois da China.

Entre os contagiados, há um soldado americano. Washington tem 28.500 militares estacionados no país, onde já há 12 mortos.

Grande parte dos casos confirmados está ligada a uma seita cristã, na qual uma pessoa teria contaminado centenas de fiéis. Ao todo, mais de 200.000 membros desta seita estão sendo submetidos a testes.

No Irã, outras quatro pessoas morreram, devido ao novo coronavírus. O número de vítimas chega a 19, segundo o Ministério da Saúde, que também relatou 44 novos contágios confirmados nas últimas 24 horas. Com isso, o número de infectados sobre para 139.

Em meio à grande tensão que paira sobre as relações entre Washington e Teerã, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, exigiu que Teerã diga "a verdade" sobre a epidemia.

"Não deveríamos deixar os Estados Unidos acrescentar um vírus, chamado pânico extremo (...) ao coronavírus", respondeu o presidente iraniano, Hassan Rohani.

Em Roma, o papa Francisco mostrou sua solidariedade com as pessoas contaminadas e pediu para que se minimize os rumores e o medo. O sumo pontífice aconselhou "desligar a televisão e abrir a Bíblia.

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