OMS demorou a reconhecer pandemia de novo coronavírus, diz ministro da Saúde

Organização declarou mudança nesta quarta (11); mais de 120 mil pessoas foram infectadas em todo o mundo

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Brasília

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse à Folha nesta quarta-feira (11) que a Organização Mundial de Saúde demorou a reconhecer que havia um cenário de pandemia do novo coronavírus.

"Teimaram comigo. Falei: é uma pandemia, e desde a semana passada o Brasil já trata como pandemia. Porque era óbvio. Se você tem uma transmissão sustentada em tantos países, como vou ficar procurando país por país, quem veio de onde? Isso pelo menos três semanas atrás já era impraticável para os sistemas de saúde", afirmou.

Segundo ele, com a declaração de pandemia, a ideia é que o país passe a usar como critério para identificar casos a ocorrência de sintomas e histórico de qualquer viagem internacional, além do contato com casos confirmados.

"Ainda estou na fase em que não tenho tecnicamente transmissão sustentada no Brasil. Mas o mundo já tem. As pessoas que chegarem de qualquer lugar do mundo que tiverem tosse, febre, gripe, já podem ser considerados casos suspeitos", disse.

Até então, o Brasil considerava para essa análise a ocorrência de febre e outros sintomas e histórico de viagem a países da América do Norte, Europa e Ásia, além de Equador, Argélia e Austrália. Agora, todos os países entram na lista, afirma.  

Para ele, a mudança deve aumentar o número de casos de suspeita de covid-19 no Brasil.

Questionado ao chegar em uma audiência na Câmara dos Deputados se deve haver mudança na orientação à população sobre transporte público e eventos, o ministro negou. "Você tem metrô funcionando, ônibus funcionando, estádio de futebol funcionando. Cada estado vai fazer sua a ponderação no momento certo."

Já sobre a possibilidade de antecipar férias escolares de dezembro devido ao coronavírus, conforme a Folha adiantou nesta quarta, Mandetta confirmou que o tema está em análise.  

"Tem uma discussão. Ontem fiz uma reunião com o ministro [da educação] Weintraub sobre isso", disse.

Para ele, porém, há fatores que devem ser estudados. "Quando se fazem férias escolares ou suspensão de aula, essas crianças vão ficar com quem? Se for para colocar com os avós, vou contaminar aqueles que mais quero proteger, que são os idosos e os doentes crônicos."

Ainda no início da audiência, Mandetta disse ainda que provavelmente o vírus já estava em circulação na China antes mesmo que o país desse o primeiro alerta para a doença.

"Se tinha oito óbitos em dezembro, é porque tinha o vírus circulando em novembro, provavelmente outubro."  

Segundo ele, ainda é preciso ver como o vírus vai se comportar e quais impactos terá no Brasil.

"Uma coisa é você administrar a Itália, que vai dali até aqui, é menor que Goiás. Nós somos um continente. Vai ser natural que tenhamos estados em diferentes momentos", disse.

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