Um novo estudo, publicado na revista científica Nature nesta quinta-feira (19) sugere que o risco de morrer pelo novo coronavírus em Wuhan, onde o patógeno surgiu, é de 1,4%.
De acordo com os autores, da China e dos EUA, o índice aferido é “substancialmente menor do que o previsto anteriormente”. Outros estudos estimaram esse risco entre 2% e 3,4%.
Para pessoas infectadas sintomáticas com menos de 30 anos, o risco de morte identificado foi de 0,6%, enquanto aquelas com mais de 59 anos e que apresentam sintomas têm 5,1% de chance de morrer.
Determinar o risco de morte por coronavírus em Wuhan é importante porque oferece um retrato da epidemia desde o começo, quando os médicos ainda não sabiam exatamente como tratar pessoas com um novo vírus e os hospitais estavam sobrecarregados com doentes.
O estudo “Estimating clinical severity of Covid-19 from the transmission dynamics in Wuhan, China” foi produzido por cientistas da Universidade de Hong Kong e da Escola de Saúde Pública de Harvard, em Boston.
O grupo usou dados atualizados em tempo real com informações obtidas também em fontes alternativas para chegar ao resultado e facilitar tomadas de decisão pelo poder público.
Com o sistema de saúde de Wuhan sobrecarregado, os pesquisadores optaram por usar os dados públicos consolidados divulgados pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) da China e outros estudos publicados anteriormente, incluindo as informações de faixa etária e de viajantes.
“Usamos a prevalência de infecção em viajantes (tanto em voos comerciais antes de 19 de janeiro como em voos fretados de 29 de janeiro a 4 de fevereiro) para estimar a verdadeira prevalência de infecção em Wuhan; também usamos os números de casos de Wuhan apenas dos primeiros 425 casos para estimar a taxa de crescimento da epidemia (assumindo que a proporção de apuração fosse constante entre 10 de dezembro de 2019 e 3 de janeiro de 2020)”, indica o estudo.
Em outras regiões do país os resultados são ainda melhores por causa do isolamento aplicado pelo governo chinês. Fora de Hubei, província onde fica Wuhan, o risco de morte em 29 de fevereiro, segundo os pesquisadores, era de 0,8%.
A melhor apuração dos casos confirmados também foi citada como fator na queda do número de pessoas infectadas e, consequentemente, de casos graves. Isso porque a medida facilita o isolamento dos contactantes que poderiam carregar o vírus e espalhá-lo.
A maior parte dos casos constatados são de pessoas mais velhas, segundo os autores, porque essa população é foco das investigações e dos testes diagnósticos de confirmação por fazerem parte do grupo de risco para agravamento da doença.
Os pesquisadores apontam que a uma das principais medidas para impedir que o vírus se espalhe é o achatamento da curva da epidemia, “reduzindo o pico de demanda nos serviços de saúde e ganhando tempo para desenvolver melhores formas de tratamento”.
Caso isso não seja feito, os pesquisadores estimam que entre um quarto e metade da população de Wuhan seja infectada.
Nesta quarta (18), a China informou que não registrou nenhum novo caso de transmissão local pela primeira vez desde que o vírus surgiu em dezembro de 2019. Apesar disso, não há garantias de que o país se mantenha sem transmissão local.
Todas as 34 novas infecções por coronavírus registradas na China na quarta foram confirmadas em pessoas que chegaram do exterior. Até esta quinta, o país tinha mais de 81 mil casos e cerca de 3.130 mortes
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.