Uma petição online lançada pelo ex-ministro da Saúde da França, Philippe Douste-Blazy, que exige o fim das restrições à prescrição da hidroxicloroquina contra a Covid-19, ultrapassou as cem mil assinaturas na tarde deste sábado (4), dia em que foi criada.
Esse tratamento contra o coronavírus continua a causar polêmica no país, mas parece ganhar cada vez mais a adesão dos franceses.
Chamada de "#NePerdonsPlusDeTemps" (“#Nãopercamosmaistempo”, em francês) a petição lançada na plataforma Change.org pede ao "primeiro-ministro e seu ministro da Saúde que disponibilizem imediatamente em todas as farmácias hospitalares a hidroxicloroquina ou, em sua falta, a cloroquina".
De acordo com o texto, trata-se de permitir que cada médico de hospital possa "prescrever a medicação a todos os pacientes que sofrem de formas sintomáticas da Covid-19, particularmente aqueles que sofrem de distúrbios pulmonares, se a condição deles exigir", enfatizando a necessidade de se "evitar a automedicação a todo custo".
"Pedimos ao Estado que faça reservas de hidroxicloroquina para que, se a eficácia for confirmada nos próximos dias, não tenhamos falta de remédio", acrescenta a petição. A iniciativa é do ex-ministro da Saúde, Philippe Douste-Blazy, e do professor Christian Perronne, chefe do departamento de doenças infecciosas do hospital Raymond-Poincaré de Garches e especialista em doença de Lyme.
Eles também publicaram no jornal francês Le Parisien um apelo pela uso da cloroquina contra o Covid-19 co-assinado por personalidades do mundo médico francês, incluindo Patrick Pelloux e Michèle Barzach, ex-ministro da Saúde.
Resultados positivos
Várias pesquisas, chinesas e francesas, relatam resultados positivos com a droga em pacientes com Covid-19. Na França, o professor Didier Raoult, e sua equipe do Instituto Médico Universitário de Infecções do Mediterrâneo (IHU) concluíram, em duas publicações (com vinte pacientes com 80 anos), "a eficácia da hidroxicloroquina associada à azitromicina" no tratamento de Covid-19.
No entanto, muitos cientistas e a OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam para os limites desses estudos, porque não foram conduzidos de acordo com protocolos científicos padrão: muitos pacientes e médicos desconhecem quem recebe o tratamento, e os resultados foram publicados apernas em uma revista científica independente revisada por colegas.
Questionado neste sábado (4) pela mídia francesa on-line Brut, o atual ministro da Saúde da França, Olivier Véran, disse que pediu às equipes médicas francesas "que estabelecessem protocolos operacionais para determinar se esses medicamentos eram eficazes se tomados desde o início da doença". Ele se referia à cloroquina, mas também a "outras drogas promissoras, como certos antibióticos e moléculas antivirais".
"Teremos as respostas em alguns dias", disse ele, assegurando que "ninguém quer perder tempo". "Geralmente, quando você deseja fazer um protocolo clínico de um medicamento, leva de quatro a seis meses para uma autorização ser concedida", explicou. "Há pelo menos três ou quatro grandes estudos clínicos em andamento".
"Estou em contato próximo com o professor Raoult. Discutimos, trocamos, ele entende as restrições que tenho como ministro e eu também entendo o desejo, a força que ele coloca como pesquisador a serviço de seus pacientes", afirmou o ministro. O ministro lembrou ainda que já autorizou “a prescrição deste medicamento ou de outros tipos de medicamento nos hospitais como uma exceção".
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