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Rio Grande do Sul contrata empresa agropecuária para testes do novo coronavírus

Contrato prevê análise molecular do tipo RT-PCR, explica secretária da Saúde

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Porto Alegre

O Rio Grande do Sul contratou uma empresa agropecuária para a realização de testes para detectar a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. A contratação foi publicada no Diário Oficial da última terça-feira (7).

Segundo a secretária da Saúde, Arita Bergmann, os testes são do tipo RT-PCR que, por meio da biologia molecular, identifica o DNA do vírus na amostra do paciente. De acordo com o contrato, que vale por seis meses, podem ser testadas até 250 amostras por dia, com o valor de R$ 175 cada uma.

O contrato ganhou repercussão após reportagem do The Intercept Brasil que apontou que o estabelecimento incluiu o serviço de laboratório clínico nas suas atividades descritas no cadastro da Receita Federal apenas no último dia 6.

A secretária explica que o serviço foi incluído recentemente como forma de adaptação ao momento de pandemia. O proprietário da M&S Produtos Agropecuários Ltda., o veterinário Toni Machado, disse à Folha que desde 2016 presta este tipo de serviço para testes em larga escala para protocolos sanitários exigidos para exportação de proteína animal para países como Egito e Turquia.

"Temos o know-how para fazer um alto volume de testes, possuímos todos aparelhos de tecnologia molecular em um prédio próprio anexo [à empresa]. A gente não usa o teste rápido. Usamos o mesmo teste utilizado pelo Lacen (Laboratório Central) de Porto Alegre. Já fizeram a validação, já atestaram a capacidade técnica", disse Machado.

A secretária afirmou que as 24 amostras já testadas pela empresa foram analisadas novamente pelo Lacen, que confirmou os resultados de 100% dos exames. "Foram 24 testes, com 23 negativos e um positivo. O mesmo resultado nos dois laboratórios", disse Bergmann.

Questionada sobre o motivo da contratação da empresa e não de outros laboratórios, a secretária afirmou que o estado encontrou dificuldades de encontrar o serviço. De acordo com Bergmann, mesmo laboratórios de universidades públicas não puderam atender a demanda por falta de insumos.

De acordo com a secretária, a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) também analisará testes, mas ainda não recebeu os insumos adquiridos. De acordo com ela, na rede privada a dificuldade se repetiu. Mesmo um grande plano de saúde ainda não está com sua estrutura pronta, justificou.

A agropecuária funciona em Pelotas, no Sul do estado, cidade onde o governador Eduardo Leite (PSDB) foi prefeito.

A secretária explicou à Folha que a resolução 364, da Anvisa, de 1º de abril de 2020, autoriza análises para diagnóstico da Covid-19 em laboratórios agropecuários. A resolução, porém, trata de "laboratórios oficiais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento", em "caráter temporário e excepcional" em virtude "da emergência de saúde pública internacional relacionada ao coronavírus SARS-CoV-2".

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