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Sem doses para todos, vacinação de trabalhadores de clínicas e laboratórios provoca fila e aglomeração em Macapá

Prefeitura anunciou imunização, mas só tem doses para 75% dos profissionais, que correram para posto montado em shopping

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Manaus

A distribuição de senhas para vacinação dos trabalhadores de clínicas particulares e laboratórios e dos residentes de medicina e enfermagem contra a Covid-19 provocou uma enorme fila e aglomerações em um posto de vacinação montado pela prefeitura em um shopping de Macapá nesta sexta (5).

Vídeo mostra centenas de pessoas aglomeradas em uma fila em frente a um shopping de Macapá, onde foi montado um posto de vacinação - Reprodução

O motivo da “correria”, segundo a própria prefeitura, é que o município ainda não tem doses suficientes para garantir a vacinação de todos os profissionais deste grupo prioritário: apenas 75% deles devem ser imunizados por enquanto. Por isso, foram distribuídas senhas para quem estava na fila.

Apontando a insuficiência de doses disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e a ausência de critérios para definir quem receberá as doses, o MP-AP (Ministério Público do Amapá) recomendou a suspensão da vacinação desse grupo prioritário na capital do estado.

Em documento encaminhado ao prefeito de Macapá, Antônio Furlan (Cidadania), nesta sexta (5), o órgão alega que não há imunizantes para todos do grupo prioritário e, entre os profissionais que terão direito à vacina nesta fase, há pessoas com comorbidades, transplantados, em tratamento contra o câncer e idosos, o que torna necessária a “seleção dos trabalhadores da saúde que tomarão a vacina neste primeiro momento”.

Os promotores da 2ª Promotoria de Defesa da Saúde Pública de Macapá, Fábia Nilci Santana de Souza, e Wueber Duarte Penafort, alegam que a vacinação anunciada pela prefeitura de Macapá está em desacordo com a nota técnica do Ministério da Saúde, uma vez que não discrimina quais as clínicas e laboratórios onde trabalham e nem em que grupos de risco estão os vacinados.

O MP-AP recomendou ainda que a vacinação ocorra a partir de listas nominais elaboradas pelos gestores das unidades de saúde, com as informações sobre os critérios de prioridade adotados.

A prefeitura de Macapá informou que promoveu uma ação nesta sexta (5) em um shopping da cidade para dar “celeridade” à vacinação dos trabalhadores da saúde que atuam em clínicas e laboratórios.

Diante da grande procura de pessoas pela vacinação, formou-se uma aglomeração na fila e a prefeitura decidiu, então, distribuir senhas para o atendimento dos profissionais de saúde, que deverão passar por uma triagem para identificar se realmente se encaixam no perfil prioritário. Foram distribuídas 500 senhas.

Segundo a prefeitura, faltam doses para 25% dos profissionais de saúde que atuam nas clínicas e laboratórios e residentes em medicina e enfermagem de Macapá e ainda não há previsão de quando esses imunizantes serão enviados pelo Ministério da Saúde.

A presidente do Conselho de Odontologia do Amapá, Patrícia Lenora dos Santos Braga, contou que recebeu nesta sexta (5) informações e denúncias sobre vídeos que circulam nas redes sociais mostrando pessoas se aglomerando em uma longa fila no posto de vacinação montado no Macapá Garden Shopping, na tentativa de garantir uma dose da vacina.

Nos vídeos, centenas de pessoas se aglomeram em uma fila que começa na parte externa do shopping e segue até a área de vacinação, dentro do centro de compras. Não aparecem, em nenhum dos vídeos, servidores fiscalizando o distanciamento ou mesmo o uso de máscara na fila.

Braga contou que a ansiedade pela vacina e a falta de informação sobre quem, de fato, deveria se vacinar pode ter provocado a fila. Segundo ela, a vacinação dos odontólogos está sendo realizada dentro do cronograma anunciado e de acordo com a nota técnica do Ministério da Saúde.

“Os profissionais que atuam na linha de frente, nos hospitais e unidades básicas de saúde foram imunizados semana passada. Os de clínicas particulares serão nas próximas fases. Solicitamos o cronograma da prefeitura e estamos aguardando resposta. Os colegas estão muito ansiosos por isso”, relatou.

O presidente do CRM-AP (Conselho Regional de Medicina do Amapá), Eduardo Monteiro, relatou que a vacinação dos médicos que atuam na linha de frente do combate à Covid também transcorreu normalmente.

No fim da tarde desta sexta (5), a Prefeitura de Macapá informou que somente após “boa parte do público” ser vacinado recebeu a recomendação do Ministério Público para suspender a vacinação e definir as prioridades e a acatou de imediato, suspendendo a ação em curso, o que, segundo a prefeitura, “ocasionou transtorno para quem aguardava”.

Ainda de acordo com a prefeitura, só foram vacinadas as pessoas que se enquadraram nos requisitos após uma “análise criteriosa” da documentação.

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