Em um momento em que alguns estados já têm alterado a ordem do plano de vacinação contra a Covid, o Ministério da Saúde informou nesta terça (30) que irá antecipar a imunização de profissionais das forças de segurança e salvamento e de membros das Forças Armadas que atuem em conjunto com equipes de saúde.
Segundo Francieli Fontana, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, a antecipação ocorrerá com base em critérios específicos.
"Fomos bastante demandados sobre isso e fomos buscar as atividades executadas. Muitos estão atuando no transporte de pacientes e na vacinação. Entendemos que alguns desses grupos devem ser atendidos já na próxima pauta tendo em vista essa atuação", disse a coordenadora.
A mudança foi aprovada em reunião com secretários estaduais e municipais de saúde. De acordo com Fontana, a ideia é que os profissionais sejam divididos em dois grupos, em que o primeiro seria alvo da antecipação e o segundo, seguiria a ordem já prevista no plano de vacinação.
No primeiro grupo, alvo da antecipação, entram aqueles que atuam 1) no atendimento ou transporte de pacientes contra a Covid, 2) no resgate e atendimento pré-hospitalar, 3) na ações de vacinação e 4) na vigilância de medidas de distanciamento, "principalmente na vigilância das unidades básicas de saúde e outras unidades", diz.
No segundo grupo, que deve seguir a ordem do plano de vacinação, sem mudanças inicialmente no calendário previsto, ficariam os demais profissionais, incluindo os que atuam em ações de apoio logístico à vacinação (mas que não ficam diretamente em contato com a população), que atuam no transporte de insumos para áreas de risco e aqueles que trabalham na vigilância de fronteiras, espaço aéreo, marítimo, além dos demais militares.
Documento apresentado na reunião sugere "iniciar com um percentual e ampliar de forma significativa". A pasta não divulgou qual seria esse percentual, nem qual o tamanho do primeiro grupo.
A previsão é que o primeiro grupo comece a ser vacinado já na próxima quinta (1), quando devem ser enviadas 9,1 milhão de doses aos estados.
Ao todo, o grupo das forças de segurança e salvamento é estimado em 584.256 pessoas. Já o das Forças Armadas, em 364.036. Fazem parte desse conjunto policiais federais, militares, civis e rodoviários, além de bombeiros militares e civis e guardas municipais.
Atualmente, a ordem do grupos de vacinação prevê a imunização de profissionais de segurança e militares após a imunização de idosos (etapa atual), pessoas com comorbidades, população com deficiência, população prisional e trabalhadores de educação. O segundo grupo, assim, entraria nessa sequência.
Representantes dos estados e do Ministério da Justiça, no entanto, têm pressionado para alterar a ordem de vacinação, alegando que o grupo atua na linha de frente da Covid.
A mudança também ocorre em um momento em que parte dos estados já antecipam a vacinação de forças de segurança por conta própria –apesar de as doses enviadas ainda visarem a trabalhadores de saúde, quilombola e idosos.
Como mostrou reportagem da Folha, isso ocorre após forte pressão do setor devido ao aumento de mortes de policiais. De 18 unidades da federação que responderam, cinco adiantaram a vacinação dessa categoria.
Para a coordenadora do PNI, trabalhadores que atuam no atendimento ou transporte de pacientes, por exemplo, "já poderiam estar vacinados, porque são linha de frente e poderiam ser considerados como do setor saúde".
A Folha questionou o ministério sobre como fica a nova orientação diante de estados que já vacinam esses grupos, mas ainda não teve resposta.
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