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Sem nomeação de Queiroga, Ministério da Saúde tem 'dois ministros' no pico na pandemia

Cardiologista, cujo nome foi confirmado por Bolsonaro, ainda não tem posse prevista e divide reuniões com Eduardo Pazuello

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Brasília

Três dias após anunciar a escolha do médico cardiologista Marcelo Queiroga para chefia da Saúde, o governo ainda não tem data exata para a posse e, na prática, convive com uma situação inusitada com dois ministros à frente da pasta: um oficial, prestes a deixar o cargo, e outro anunciado.

A incerteza sobre a data de substituição e de como será a nova gestão da pasta ocorre em meio ao pior momento da pandemia, com 2.800 mortes por dia e recordes de média móvel de óbitos.

Enquanto não assume o ministério de forma oficial, Queiroga participa de eventos e reuniões ao lado do atual ministro, Eduardo Pazuello, que se prepara para deixar o cargo. O primeiro deles foi a entrega dos primeiros lotes de doses da vacina de Oxford produzidos pela Fiocruz.

Queiroga também recebeu uma sala para despachar próxima à do general e tem participado de reuniões por videoconferência com governadores ao lado de Pazuello.

Marcelo Queiroga, futuro ministro, e Eduardo Pazuello, atual ministro da Saúde, em Brasília - Raul Spinassé/Folhapress

Em uma delas, gestores da região Sul pediram apoio ao atual ministro, com a entrega de medicamentos e um estudo sobre a possibilidade de aplicar todas as doses de vacinas contra a Covid recebidas sem reserva imediata da segunda dose. Pazuello afirmou que deixaria a decisão a cargo do próximo ministro.

Nesta quarta, Pazuello disse que Queiroga "reza a mesma cartilha" da sua gestão, que tem sido alvo de críticas pelo ritmo lento da campanha de vacinação e pela demora em adotar ações frente ao cenário de agravamento da pandemia.

Já o cardiologista tem dado sinais duplos: ao mesmo tempo em que fala em "continuidade" e cita que a política "é do governo Jair Bolsonaro, e não do ministro da Saúde", tem defendido medidas que iriam originalmente na contramão do presidente, como uso de máscaras. Disse também que pretende avaliar novas ações com base nas "melhores evidências científicas".

Por outro lado, Queiroga tem evitado bater de frente com Bolsonaro em alguns temas caros ao governo, como a cloroquina e o isolamento social. Antes de assumir o cargo, Queiroga disse não recomendar o medicamento para Covid-19 pela falta de eficácia comprovada nem lockdown. Disse ainda que, neste caso, é preciso ter atenção à economia, ponto-chave do discurso do presidente.

Questionado, o Ministério da Saúde diz que ainda não há confirmação da data da posse e diz depender da nomeação, que cabe ao Planalto.

Auxiliares de Pazuello, que têm acompanhado as agendas com o novo ministro, afirmam que a demora ocorre devido a questões de documentação. Segundo eles, Queiroga ainda precisa se desvincular de algumas atividades antes de assumir o cargo. Ele é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e atuava como médico na Paraíba.

O grupo diz esperar que a posse ocorra na próxima semana. A previsão também foi apontada pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, que disse acreditar que a posse ocorrerá na próxima terça.

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