Descrição de chapéu câncer

Pandemia deve impactar o futuro do tratamento de câncer; congresso debate o tema

Com medo da Covid, pacientes oncológicos atrasaram ou interromperam o acompanhamento médico

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São Paulo

Hoje o tratamento oncológico no país enfrenta uma série de dificuldades que deverão se estender pelos próximos anos: diagnóstico tardio de novos casos, filas maiores para procedimentos como radioterapia e piores prognósticos para quem enfrenta o câncer. Isso porque, durante a pandemia, a superlotação dos hospitais levou pacientes a atrasar ou interromper o tratamento da doença.

Esse foi o tema debatido na abertura do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer. O evento, realizado entre os dias 20 e 24 de setembro, contará com mais de 50 painéis e 150 palestrantes para discutir os impactos da pandemia no tratamento e no diagnóstico do câncer.

Palestrante Catherine Moura, sentada em uma cadeira, fala durante 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer
Catherine Moura, médica e diretora-executiva da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), na mesa de abertura do 8º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer - Reprodução

​“Houve um represamento dos pacientes oncológicos. Muitos não foram diagnosticados ou tiveram o tratamento interrompido para não elevar a taxa de ocupação dos hospitais”, afirma André Ballalai, engenheiro e associado do grupo IQVIA, multinacional de tecnologia da informação em saúde e pesquisa clínica.

Para ele, o próximo passo do sistema de saúde deve ser olhar para os dados disponíveis sobre a pandemia e ir além da operação padrão, vigente antes da Covid-19, para aumentar a capacidade de diagnóstico e tratamento. Isso evitaria um o aumento contínuo da fila de pacientes.

De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), de 2020 a 2022 o país chegará a 625 mil casos novos de câncer. Entre aqueles de maior incidência na população estão: câncer de pele não melanoma (177 mil casos), de mama e de próstata (66 mil cada um), cólon e reto (41 mil), pulmão (30 mil) e estômago (21 mil).

As medidas tomadas durante a pandemia foram uma tentativa de preservar o paciente, evitando ao máximo as idas ao médico.

“Essas medidas foram as melhores que poderiam ter sido tomadas baseadas na melhor informação que se tinha na época”, explica Felipe Roitberg, oncologista e membro do UICC Leadership Program —em português, programa de liderança da união internacional para o controle do câncer.

“Os pacientes estão chegando hoje no consultório com uma doença bem mais avançada”, diz Igor Morbeck, oncologista e integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. O especialista afirma que é preciso olhar atentamente para os próximos anos para ter um retrato do impacto​s da pandemia nos pacientes oncológicos.

Ex-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o sanitarista Gonzalo Vecina Neto reforça a importância de que a assistência à saúde se aproxime dos pacientes que, devido à pandemia, se distanciaram do tratamento. “É hora de vacinar a população, trazer os pacientes para o hospital e começar a tratar as pessoas que estão com câncer e diagnosticar as pessoas que ainda não foram diagnosticadas”, diz.

O médico também afirma que é necessário chamar as autoridades públicas para o debate, qualificando os dados para transformá-los em políticas de acesso a medicamentos e métodos terapêuticos.

Além de trazer o assunto para debate público, Catherine Moura, médica e diretora-executiva da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), fala sobre a importância de abrir espaço para a participação do paciente na criação de estratégias para a retomada do tratamento.

“O paciente é o foco central e beneficiário último da oncologia. Ele contribui não só com demandas individuais mas também com demandas da sua realidade, do contato com o sistema de saúde durante a jornada de tratamento”, conta.

8º Congresso TJCC (Todos Juntos Contra o Câncer)
Quando de 20 e 24 de setembro
Onde assistir no site congresso.tjcc.com.br

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