Descrição de chapéu câncer

Navegação de paciente oncológico demanda equipe multidisciplinar, dizem especialistas em congresso

Sucesso dos tratamentos depende de intercâmbio de profissionais e terapias diversas

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São Paulo

Em busca de melhorar a experiência dos pacientes em tratamento oncológico, a navegação reúne equipes multidisciplinares, com médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas e terapeutas ocupacionais. Seja com a cura, seja com cuidados paliativos, o desfecho do quadro clínico é melhor quando o paciente tem acesso a profissionais diversos em sua trajetória.

A jornada do paciente oncológico foi discutida em uma das mesas desta quarta-feira (28) no 9º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer, promovido pela Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia). Organizado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, o painel reuniu especialistas do Centro de Oncologia e Hematologia Einstein e foi mediado por Elisa Conte, coordenadora assistencial do centro.

O objetivo do atendimento com equipe multidisciplinar é o acolhimento do paciente e a redução de suas angústias em todas as fases do tratamento, diz a enfermeira navegadora Claudia Patricia Villar de Godoy.

Michele Bezerra, enfermeira navegadora no Einstein, Claudia Patricia Villar de Godoy, enfermeira navegadora do  Einstein, Guilherme Andriatte, oncologista clínico no Einstein, Fabio Romano, coordenador do programa Survivorship, do Einstein, Maria Ester Azevedo, coordenadora da equipe de medicina integrativa e da pós-graduação em saúde integrativa e bem-estar do Einstein, Silmara Ferreira Costa Silva, psicóloga Einstein e Marcia Tanaka, nutricionista do  do Einstein, durante o painel 'Jornada do Paciente Oncológico'
Michele Bezerra, enfermeira navegadora no Einstein, Claudia Patricia Villar de Godoy, enfermeira navegadora do Einstein, Guilherme Andriatte, oncologista clínico no Einstein, Fabio Romano, coordenador do programa Survivorship, do Einstein, Maria Ester Azevedo, coordenadora da equipe de medicina integrativa e da pós-graduação em saúde integrativa e bem-estar do Einstein, Silmara Ferreira Costa Silva, psicóloga Einstein e Marcia Tanaka, nutricionista do do Einstein, durante o painel 'Jornada do Paciente Oncológico' - Marcelo Chello/Folhapress

Ainda assim, a participação nas atividades da navegação não deve se restringir aos pacientes e é fundamental que os cuidadores da pessoa com câncer estejam presentes nos momentos de consulta, para que toda a rede de apoio ao paciente oncológico fora do ambiente hospitalar saiba lidar com dificuldades do tratamento, como os efeitos colaterais, afirma Godoy.

Com amigos, familiares e cuidadores ativos no processo de navegação do paciente oncológico, aprimora-se também a integração entre as terapias prescritas em cada especialidade, diz a psicóloga Silmara Ferreira Costa Silva.

Ela explica que a navegação bem-sucedida depende do conhecimento da equipe multiprofissional sobre o paciente, suas preferências, sua dinâmica familiar e o impacto que o diagnóstico representou no seu momento de vida e de quem está próximo a ele. Com essas percepções, a comunicação entre o profissional e o paciente pode ser feita de forma mais simples, para atender às demandas de organização e adaptação a uma nova rotina.

Na mesma linha de Godoy e Silva, o oncologista clínico Guilherme Andriatte afirma que cabe ao médico acolher, criar uma relação de confiança com o paciente e saber orientar sobre aspectos distintos da jornada, como no caso da recomendação de vacinas aos pacientes oncológicos. O ideal seria imunizar contra influenza e doenças pneumocócicas, por exemplo, antes do início do tratamento, para evitar intercorrências durante o processo, mas nem sempre isso ocorre, diz.

É preciso ainda que o médico saiba os momentos corretos para recorrer a outras especialidades, ressalta. Diante da dor, é comum que o oncologista busque ajustar as doses de medicações, mas há casos em que sessões de fisioterapia funcionariam melhor tanto para aliviar a queixa quanto para reabilitar e fortalecer a massa muscular do paciente, explica Andriatte.

No Centro de Oncologia e Hematologia Einstein, o paciente conta também com serviço de nutrição para avaliação e suporte em questões como falta de apetite e até higiene dos alimentos, já que a imunidade fica mais baixa durante tratamentos oncológicos, diz a nutricionista Marcia Tanaka.

Mesmo quando o desfecho não é a cura, a qualidade de vida e o conforto são os focos das práticas de medicina integrativa, explica Maria Ester Azevedo, coordenadora desta área no Einstein. As atividades propostas contribuem para o manejo de sintomas como dor e estresse, e promovem o bem-estar com ferramentas da yoga, como meditação e respiração diafragmática, para incentivar o autocuidado.

A navegação do paciente é importante mesmo diante de tratamentos que exigem menos frequência ao hospital, como a hormonioterapia, já que a adesão pode ser prejudicada se o paciente não for orientado sobre o uso adequado das medicações, alerta a enfermeira Michele Bezerra.

Em momentos de cura, quando o tratamento chega ao fim, os pacientes contam também com o setor de survivorship, coordenado por Fábio Romano, que oferece ajuda para lidar com sintomas físicos prolongados, como fadiga, e a manter o autocuidado fora do ambiente hospitalar.

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