A bioquímica húngara Katalin Karikó, 68, diz que não acreditou que havia sido escolhida para o Prêmio Nobel de Medicina deste ano ao –ado do colega americano Drew Weissman, 64. Os dois foram premiados por seus trabalhos sobre RNA mensageiro, que abriram o caminho para o desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19.
A cientista declarou à rádio sueca SR que não acreditou na notícia do Nobel em um primeiro momento e que acompanhou a cerimônia ao vivo, com muita emoção.
Karikó contou ainda que pensou na mãe, já falecida, que ouvia o anúncio do Nobel com a esperança de que o nome da filha fosse citado. "Ela escutava todos os anos. Infelizmente, ela morreu há cinco anos, aos 89 anos. Talvez nos escute no céu", afirmou.
O Nobel é particularmente gratificante para a pesquisadora, 13ª mulher a vencer o prêmio de Medicina, já que durante anos ela trabalhou às sombras e lutou muito para convencer seus superiores da importância de estudar o RNA mensageiro.
Karikó não obteve subsídios para suas pesquisas e chegou a ser nomeada para postos menores na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, onde desenvolveu seus estudos.
Reconhecimento
Karikó e Weissman trabalham juntos na Universidade da Pensilvânia e já venceram diversos prêmios por seus trabalhos, incluindo o Lasker Award, considerado uma honraria que antecipa o Nobel.
Também venceram o Prêmio Princesa das Astúrias, em 2021, que compartilharam com outros cientistas.
"Os vencedores contribuíram para o desenvolvimento, a um ritmo sem precedentes, de uma vacina durante uma das maiores ameaças para a saúde da humanidade nos tempos modernos", justificou o comitê do Nobel.
Ao contrário das vacinas tradicionais, que utilizam vírus enfraquecidos ou pedaços de proteínas de vírus, a técnica do RNA mensageiro utiliza moléculas que informam às células quais proteínas devem produzir.
O processo simula uma infecção e treina o sistema imunológico para o momento de enfrentar um vírus real.
A ideia foi demonstrada pela primeira vez em 1990, mas apenas em meados da década de 2000 Weissman e Karikó desenvolveram uma forma de controlar a resposta inflamatória que os animais sofreram nos experimentos, abrindo caminho para o desenvolvimento de vacinas seguras para humanos.
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