Descrição de chapéu maternidade

Gêmeas siamesas separadas em cirurgia têm boa recuperação; veja fotos

Casos de crianças ligadas pela cabeça são raros, e o resultado da cirurgia das irmãs é avaliado como bem-sucedido

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São Paulo

As gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 2 anos e 8 meses, participaram nesta quarta-feira (22) de uma cerimônia no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), o mesmo em que passaram por quatro cirurgias de separação desde agosto de 2022.

As crianças se recuperam bem da cirurgia final, que aconteceu no último dia 20 de agosto, e devem retornar na sexta-feira (24) para Piquerobi, cidade no interior de São Paulo onde moram com os pais.

Allana e Mariah eram ligadas pela cabeça (siamesas craniópagas) —caso extremamente raro. A cerimônia para comemorar o bom resultado da separação também contou com as irmãs cearenses Maria Ysadora e Maria Ysabelle, que realizaram a mesma cirurgia em 2018.

Crianças siamesas separadas com pais e equipe médica
Gêmeas siamesas separadas se encontram com equipe médica no HCRP - Divulgação/HC de Ribeirão Preto

Ysadora e Ysabelle foram separadas depois de cinco procedimentos cirúrgicos. O último, um dos mais complexos já realizados no país, durou 17 horas e envolveu o reforço do neurocirurgião norte-americano James Goodrich, do Montefiore Medical Center, de Nova York —considerado um dos maiores especialistas do mundo no assunto e que morreu vítima de Covid em 2020.

A cerimônia uniu a direção do Hospital, médicos, enfermeiros e diversos profissionais das equipes multidisciplinares que acompanharam os dois casos de separação de gêmeas unidas pela cabeça. As cirurgias envolveram equipes de neurocirurgia, cirurgia plástica, pediatria, anestesia, imagem, tecnologia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, nutrição e artes médicas, entre outras.

As quatro meninas entregaram buquês em homenagem aos chefes das equipes e as mães também receberam um buquê em agradecimento à confiança e parceria.

Relembre os casos

Allana e Mariah

A mãe das crianças, Talita Cestari, era acompanhada desde a gravidez pelo hospital, vinculado à FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), da USP (Universidade de São Paulo).

O primeiro procedimento, em 6 de agosto do ano passado, levou nove horas e meia para ser concluído, meia hora a mais que a segunda cirurgia, em 19 novembro.

Na terceira fase, em março, elas foram submetidas a um novo procedimento de sete horas de duração, com o objetivo de avançar na separação da circulação sanguínea do cérebro. Bem-sucedido, o procedimento levou a separação a um índice de 75%.

Imagem mostra as gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 2 anos e 8 meses, antes da cirurgia de separação realizada no HC de Ribeirão Preto
As gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 2 anos e 8 meses, antes da cirurgia de separação realizada no HC de Ribeirão Preto - Divulgação/HC de Ribeirão Preto

Em 19 de agosto, quando a última cirurgia foi iniciada, as equipes médicas, compostas por 50 profissionais de áreas como neurocirurgia pediátrica, cirurgia plástica, pediatria, radiologia e enfermagem concluíram a dissecção dos vasos sanguíneos que ligavam as crianças.

Além disso, a equipe da cirurgia plástica, liderada pelo médico Jayme Farina Junior, foi responsável pela cranioplastia, procedimento que fechou a calota craniana e a pele que recobre a cabeça de cada uma das crianças.

As crianças se recuperam no HC Criança, ainda com curativos nas cabeças, sob o cuidado da equipe de saúde e dos pais.

Maria Ysadora e Maria Ysabelle

Em 2018, o HC anunciou as cirurgias de separação das duas irmãs siamesas. Nascidas no Ceará, Maria Ysabelle e Maria Ysadora foram até Ribeirão Preto para realizar o procedimento, até então, inédito no Brasil.

Após alguns meses, várias etapas do processo e pesquisa e planejamento de uma equipe multidisciplinar, liderada pelos professores Hélio Rubens Machado e Jayme Farina Júnior, sob consultoria do especialista norte-americano James Goodrich, as meninas, enfim, foram separadas.

Para viabilizar o procedimento, o crânio e o cérebro das duas foram reconstruídos de forma tridimensional, e moldes de resina acrílica e cerâmica foram feitos nos Estados Unidos, com todos os detalhes, cada veia e artéria.

O valor de uma cirurgia como essa foi calculado à época em US$ 2,5 milhões (R$ 12,3 milhões, ao câmbio desta quarta) na rede privada dos EUA. Na rede pública, como foi o caso das meninas, o custo é menor.

Hoje, aos 7 anos de idade, Maria Ysabelle e Maria Ysadora frequentam a escola e seguem sendo assistidas pela Saúde Pública do estado do Ceará.

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