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Alternar braços pode influenciar resposta imune de vacinas, sugere estudo

Trabalho foi feito com base em doses contra o coronavírus; resultados ainda pedem estudos adicionais

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The New York Times

Se você tem o costume de se vacinar sempre no mesmo braço, talvez seja bom reconsiderar. Um novo estudo sugere que alternar braços de uma dose para a outra pode produzir uma resposta imunológica mais poderosa.

Pesquisadores americanos avaliaram as respostas às primeiras duas doses da vacina contra a Covid. Aqueles que alternaram os braços tiveram um pequeno incremento na imunidade em relação a quem tomou as duas doses no mesmo braço.

Para indivíduos que respondem mal às vacinas devido à idade ou condições de saúde, mesmo um pequeno aumento pode ser significativo, afirmam os pesquisadores.

Mulher recebe vacina bivalente contra a covid em São Paulo - Marlene Bergamo - 26.abr.2023/Folhapress

Com o avanço da vacinação da Covid, por exemplo, alternar os braços entre os imunizantes pode não trazer muitos benefícios. Entretanto, se confirmados por estudos adicionais, os resultados podem ter implicações para todas as vacinas de doses múltiplas, incluindo imunizantes pediátricos.

"Não estou recomendando nesse momento, pois ainda precisamos entender isso muito melhor", afirma o infectologista Marcel Curlin, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, que foi o responsável por comandar o estudo.

Mas "sendo tudo equivalente, devemos considerar a troca de braços", acrescenta.

No estudo, Curlin e seus colegas mediram repetidamente o nível de anticorpos em 54 pares de funcionários da universidade, que foram combinados pela idade, gênero e tempo após a vacinação.

Os participantes, que fazem parte de um projeto de pesquisa maior, foram randomizados para receber a segunda dose no mesmo braço que a primeira dose ou no braço oposto. Qualquer um que tenha sido infectado pelo coronavírus foi excluído do estudo.

Os cientistas descobriram que alternar os braços aumentou os níveis de anticorpos no sangue em até quatro vezes. Os resultados foram publicados na revista médica Journal of Clinical Investigation.

A resposta imune foi mais forte contra o coronavírus original e a variante ômicron, que surgiu cerca de um ano após a autorização das primeiras vacinas contra a doença.

"É um efeito consistente e estatisticamente significativo. É bastante considerável e parece ser duradouro", diz Curlin.

Os resultados, a princípio, entram em contradição com um estudo alemão produzido no verão passado, que demonstrou que arregaçar a mesma manga da camisa toda vez pode produzir uma resposta imune melhor. Porém, esse estudo mediu os níveis de anticorpos apenas duas semanas após a segunda dose.

Nesse período, o novo estudo também encontrou resultados semelhantes. Mas o padrão lentamente se deslocou nos meses subsequentes para níveis mais altos de anticorpos naqueles que alternaram os braços.

Os pesquisadores alemães não ficaram tão surpresos com os novos resultados.

"É uma opção que eu tinha em mente como possibilidade, então de certa forma é interessante que eles realmente observaram esse tipo de mudança nos efeitos", diz Martina Sester, imunologista da Universidade do Sarre, em Sarburgo, na Alemanha.

Trocar de braço a cada dose poderia ser "uma de muitas medidas simples que talvez levem a uma resposta imune bem-sucedida", acrescenta a médica.

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