Descrição de chapéu Dengue Projeto Saúde Pública

Saiba quais são os testes de dengue e em que fase da doença são aplicados

A escolha do exame é uma decisão médica e depende do momento da infecção

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São Paulo

Qualquer pessoa que apresente febre alta e pelo menos mais dois sintomas de dengue —mal-estar, dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dor articular e muscular, náuseas ou vômitos— deve procurar um serviço de saúde. No entanto, o teste para detectar a doença não será aplicado em todos os pacientes e a escolha depende de avaliação médica.

"Se você estiver só com dor de cabeça e febre, o profissional vai suspeitar também de outras doenças, como Covid e influenza, por exemplo. E será feita uma análise para fechar o diagnóstico", explica Melissa Palmieri, médica da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

A reportagem ouviu especialistas a respeito dos exames de dengue disponíveis e a finalidade de cada um deles. Entre os métodos diagnósticos, estão: Antígeno NS1, o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real) e o IgM IgG.

Teste rápido de dengue feito na tenda da UPA 26 de Agosto, em Itaquera, na zona leste da capital paulista, para atender pacientes com sintomas da doença
Teste rápido de dengue feito na tenda da UPA 26 de Agosto, em Itaquera, na zona leste da capital paulista, para atender pacientes com sintomas da doença - Ronny Santos - 6.fev.2024/Folhapress

Segundo Palmieri, na capital paulista, o paciente que procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde) com sintomas e for classificado como caso suspeito de dengue, será submetido ao teste rápido, que é o NS1 com o IgM IgG.

"O teste de dengue é importante para as ações de vigilância ambiental. Uma vez que há o caso diagnosticado, chegando essa notificação, você deflagra as ações de controle", diz Palmieri.

"É essa a importância, muito mais do que a questão de mudar algo na conduta clínica do paciente. Aos sinais e sintomas, o tratamento é hidratação. Dando positivo ou negativo, o teste não norteia as ações terapêuticas para dengue. Para o paciente, é indicado avisar sua comunidade, ‘olha, estou com dengue, olhe o seu quintal’. Isso é muito importante porque há cidades no país que não conseguem ter o mesmo potencial de testagem que São Paulo tem", afirma Palmieri.

Qual é a diferença entre o NS1, o PCR e o IgM IgG?
De acordo com Rosana Richtmann, infectologista e consultora da Dasa, o NS1 e o PCR detectam o vírus, e o IgM IgG os anticorpos.

O NS1 é o mais usado no início da doença, quando o vírus está se replicando de forma ativa no organismo. Ele identifica a concentração de antígenos no corpo durante a fase aguda da dengue —até o 5º dia após a infecção. Quando o teste é do tipo rápido, basta uma picada no dedo; se for o teste laboratorial, é feita a coleta do sangue.

O PCR detecta o material genético do vírus no sangue do paciente. Com ele, é possível identificar a presença do vírus no estágio inicial da doença —em alguns casos, antes mesmo do surgimento dos sintomas— e qual dos quatro sorotipos causou a infecção. A modalidade é feita por meio de coleta de sangue.

O IgM IgG é uma sorologia capaz de detectar níveis elevados desses dois anticorpos no organismo, que começam a ser produzidos algum tempo depois da infecção pelo vírus da dengue. O IgG mostra se a pessoa teve contato com o vírus no passado, e o IgM se ela está doente no momento. As formas de coleta são semelhantes às do NS1.

"Se eu começar com febre hoje e colher a pesquisa de anticorpos, que é a sorologia, vai dar negativo, porque não houve tempo de sensibilizar o meu sistema imune para a produção desses anticorpos. O PCR e o Antígeno NS1 são exames para o início da infecção. A sorologia, IgM IgG, são exames mais tardios na evolução da doença", diz Richtmann.

A infectologista ressalta que há testes rápidos tanto para anticorpos (IgG IgM) quanto para antígeno NS1. A técnica é chamada de imunocromatografia.

Qual é o tempo de espera para a liberação do resultado do exame de dengue?
É variável conforme o lugar que o teste é feito. A Dasa, por exemplo, não faz teste rápido. O PCR, que é mais utilizado nos serviços privados, demora cerca de 48h para ficar pronto, e os outros 24h, em média.
Na rede pública municipal de saúde de São Paulo, o NS1 e o IgG IgM pelo teste rápido têm resultado em cerca de 15 minutos.

E se o teste NS1 der negativo?
Richtmann afirma que o resultado negativo para dengue não exclui a possibilidade da doença. Neste caso, repita o teste a partir do dia seguinte até em 48 horas. Se continuar negativo, aguarde o sexto dia —quando já é possível detectar a presença de anticorpos— e faça a sorologia.

"É importante reforçar que o teste rápido de antígeno negativo não afasta o diagnóstico [de dengue]. Se você está no meio de uma epidemia e tem um quadro clínico que pode ser dengue, não é o teste negativo que vai fazer você deixar de adotar as medidas básicas de hidratação e repouso, até porque aquilo pode ser um falso negativo", orienta Rosana Richtmann.

"Os testes laboratoriais vêm para confirmar uma hipótese diagnóstica. Então é importante que eles sejam feitos exatamente para entendermos onde está ocorrendo transmissão. São testes simples e muito importantes", finaliza a consultora.

Existe autoteste para dengue?
Não. O exame deve ser feito por profissional de saúde e o resultado informado ao Ministério da Saúde, uma vez que as arboviroses são de notificação obrigatória.

Posso fazer um teste de dengue na farmácia?
O Antígeno NS1 e Anticorpos IgG IgM estão na lista dos testes liberados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 2023, para serem feitos nas farmácias e drogarias.

A Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) afirmou que as redes associadas que aplicam teste de dengue fazem a notificação. A entidade produz um painel com os resultados e o remete ao Ministério da Saúde semanalmente.

Os laboratórios também notificam o ministério, de acordo com a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).

A Anvisa disse que, para realização de testes de dengue em farmácias, assim como outros exames de análise clínica de uso profissional, é necessário que o estabelecimento tenha autorização do órgão de vigilância sanitária local.

A agência explicou que as farmácias deverão cumprir com os demais requisitos da RDC 786/2023, como infraestrutura necessária; gestão da qualidade; gerenciamento de tecnologias, dos processos operacionais e de resíduos; gestão de pessoal, educação permanente dos profissionais, notificação obrigatória de doenças, dentre outros.

Na quarta-feira (6), a Anvisa anunciou que irá priorizar os pedidos de registro de dispositivos como kits, testes e insumos que auxiliem no diagnóstico da dengue. A medida vale para solicitações por registro de novos testes em andamento e para aqueles que forem protocolados nos próximos 60 dias.

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