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Post engana ao associar Bill Gates à morte de milhões de jovens africanas por causa da vacina DTP

Publicação viral menciona dados incorretos; imunizante é seguro e faz parte do calendário obrigatório no Brasil

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São Paulo

Um post que viralizou no X engana ao associar o fundador da Microsoft, Bill Gates, à morte de milhões de jovens africanas por causa da vacina tríplice bacteriana, a DTP, que protege contra difteria, tétano e coqueluche.

A autora da publicação afirma que o bilionário teria pedido ao governo dinamarquês apoio à imunização de 161 milhões de pessoas e, para embasar essa afirmação, ela usa vídeo de Robert Kennedy Jr., conhecido pela oposição às vacinas.

O post usa declaração do advogado norte-americano segundo a qual uma investigação de 30 anos com dados sobre a vacina DTP mostraria que meninas imunizadas têm mais risco de morrer do que as não vacinadas, o que não é verdade.

Gates, homem branco, usa óculos, camisa social, gravata e paletó. Ele aparece do ombro para cima e está com meio sorriso, olhando para a direita. Fundo azul-marinho
Bill Gates, que frequentemente tem seu nome envolvido em conteúdos de desinformação - Anushree Fadnavis - 28.fev.2024/Reuters

Não há evidências nesse sentido, e um estudo citado por pesquisadora mencionada no post verificado contém falhas. Dentre elas, uma nota no pé de uma tabela sobre mortalidade afirma que, das 651 crianças não vacinadas, há 219 vacinadas, inclusive com a DTP.

A vacina DTP é segura. Segundo a Unicef, em comunicado nesta quarta-feira (24), a imunização contra difteria, tétano, coqueluche e outras 11 doenças "contribuiu para reduzir as mortes infantis em 40% no mundo e em mais de 50% na África".

No Brasil, a DTP integra o PNI (Programa Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde, e é obrigatória. O órgão cita como principais reações possíveis febre, irritabilidade e dores no local da aplicação —não há menção a óbitos.

A Fundação Bill e Melinda Gates, contatada pela Folha, destacou que o conteúdo verificado é falso. O bilionário tem frequentemente seu nome associado à desinformação, incluindo alegações de que teria criado a pandemia de Covid.

A autora do post, Karina Michelin —que já teve alguns conteúdos verificados e classificados como enganosos—, foi procurada pela reportagem mas não respondeu até a publicação desse texto.

VERDADEIRO OU FALSO

Recebeu um conteúdo que acredita ser enganoso? Mande para o WhatsApp 11 99581-6340 ou envie para o email folha.informacoes@grupofolha.com.br para que ele seja verificado pela Folha.

Checamos

É um projeto dedicado ao combate da desinformação nas redes sociais patrocinado pela Philip Morris Brasil.

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