Descrição de chapéu Dengue Projeto Saúde Pública

Hospitais privados de SP registram alta por casos de dengue e gripais

Painéis de aviso em algumas unidades alertavam para espera de mais de três horas

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São Paulo

Hospitais de todas as regiões da cidade de São Paulo registram alta na procura por atendimento em decorrência de dengue e quadros gripais. Na última terça-feira (7), a Folha visitou cinco unidades particulares da capital paulista.

Na região central, Rodrigo Santiago acompanhava um amigo que apresentava sintomas como dor de cabeça e febre há um dia. Eles estavam no pronto-socorro da Beneficiência Portuguesa (BP - A Beneficiência Portuguesa de São Paulo), no bairro da Bela Vista.

Como já havia passado pela triagem, o amigo de Rodrigo foi encaminhado para uma sala de espera no interior do hospital. No local, um painel indicava que o tempo de espera para atendimento poderia chegar até a três horas.

Pronto atendimento Hospital da Luz em Santo Amaro, zona sul de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

No mesmo hospital, Thais Rocha procurou ajuda porque ela, a filha e o marido tiveram resultado positivo para dengue a partir de um teste de farmácia. "Estávamos sentindo febre, dor nas costas, na cabeça e nos olhos", eles aguardavam há poucos minutos no local.

Já na região oeste da cidade, o Hospital Sancta Maggiore da Avenida Brigadeiro tinha pacientes com sintomas de dengue que relataram até uma hora de espera para atendimento, como é o caso de João Vitor. Com o diagnóstico para a doença, ele relatou que passou pelo atendimento e medicação em pouco mais de uma hora.

O painel apontava uma média de 11 pessoas a frente de cada novo paciente.

No sul paulista, o Hospital Luz Santo Amaro tinha um painel que apontava, assim que a reportagem chegou ao local, 1h55 de espera. Cerca de meia hora depois esse número já atingia as 3h19.

Tosses generalizadas e nariz escorrendo eram constantes, como é o caso de Gabrielle dos Santos, com sintomas gripais há quase uma semana. Ela já havia procurado a unidade na quarta-feira anterior, quando esperou mais de quatro horas pelo atendimento. "Sentia dores no corpo e falta de ar, além de vômito. Na primeira vez que vim aqui me recomendaram apenas a lavagem nasal, mas não melhorou", relata.

Na terça ela já estava há duas horas procurando atendimento. "Aqui o que mais demora é pra passar na recepção, a triagem geralmente vai fácil", afirma Santos.

Cerca de 35 minutos dali, na zona leste da cidade, o hospital São Luiz Anália Franco tinha um cenário não muito era diferente. Muitos pacientes com tosse ou sintomas de dengue aguardavam até cinco horas entre chegada, atendimento e liberação da unidade.

Vanderson Curvelo e esposa na saída do hospital. Movimento Hospital São Luiz no Jardim Anália Franco, zona leste de São Paulo - Rubens Cavallari/Folhapress

Segundo funcionários do local, o tempo de espera era de duas horas e meia, mas não foi o caso de Wanderson Goes que, com suspeita de dengue, procurou a primeira assistência no hospital ainda no domingo.

"Sentia tontura, falta de apetite, febre e dor de cabeça. No domingo até fiz o exame da dengue, mas como positivou, precisei voltar hoje para fazer a análise das minhas plaquetas", afirma Goes.

O caso é semelhante ao do marido de Janaína dos Anjos. Moradora da região, ela acompanha o marido que procura ajuda desde o domingo, também no mesmo hospital.

"Ele chegou a fazer exames para Covid e H1N1 [vírus influenza, da gripe], mas só teve resultado positivo para dengue. Pediram para ele voltar hoje para repetir o exame das plaquetas, mas ele também piorou", disse. Segundo ela, é desgastante essa rotina quase que diária nesses locais.

No mesmo hospital São Luiz Anália Franco estava também Tayna Teixeira. No caso dela, os sintomas eram gripais e o quadro era acompanhado, além das tosses e febres, de dores no seio da face.

Na zona norte de São Paulo, o Hospital São Camilo não permitiu a entrada da reportagem por conta da superlotação. Sem uma previsão de espera específica, um funcionário relatou que alguns pacientes aguardavam um atendimento desde às 11 horas da manhã.

Acompanhando a avó com dengue que vai precisar ser internada, Bárbara Lopes estava desde às 17h no local. "Essa parte da internação é a mais demorada", completa.

Devido à lotação, a reportagem da Folha não conseguiu acessar o saguão de pronto-atendimento do local. Mas alguns pacientes, do lado de fora do local, relataram até quatro horas de espera para a medicação.

A reportagem procurou as assessorias dos hospitais visitados, que foram unânimes quanto à alta procura. O Hospital São Camilo diss que nas unidades de pronto-socorro, em Pompeia, Santana e Ipiranga, os casos de dengue aumentaram cerca de 415% em abril em relação ao mês de janeiro —de 725 para 3.736 casos.

A procura por auxílio em decorrência de síndromes respiratórias em pronto-socorros da rede também aumentou 33,5% de janeiro a abril (de 2.098 para 2.802 casos).

"As equipes de pronto atendimento adulto e infantil foram mobilizadas para manter a qualidade e tentar minimizar as longas esperas, mas as três unidades já operam com capacidade acima do esperado", informa a rede São Camilo em nota.

O Hospital Luz Santo Amaro diz que vem recebendo uma maior procura no pronto-socorro de pessoas com sintomas relacionados a dengue e vírus respiratórios.

"A unidade monitora a situação em tempo real e já reforçou a equipe assistencial. Todos os casos têm triagem inicial e os considerados críticos recebem atendimento imediato, tanto no PS adulto quanto no pediátrico", afirmam em nota.

Já o Hospital Sancta Maggiore disse que o tempo de espera está acima do habitual nos prontos atendimentos, para casos não emergenciais, está ocorrendo devido à alta demanda de casos de dengue e outras patologias sazonais. "A operadora cadastrou mais três prontos atendimentos na rede credenciada, para atendimento clínico, nas zonas Norte, Sul e Leste.

Colaborou a repórter Luana Lisboa

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