Maior evento sobre câncer do mundo traz estudos e novidades sobre a doença; veja os principais

ASCO 2024 apresenta avanços no tratamento do melanoma e benefícios dos cuidados paliativos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) 2024 aconteceu entre os dias 31 de maio e 04 de junho, nos Estados Unidos e é tido como o mais importante evento de oncologia do mundo. Ele apresentou os principais estudos sobre câncer, que envolvem tratamento, diagnóstico e práticas clínicas.

Célula de câncer em um homano - toeytoey/adobe stock

Entre os destaques da edição deste ano, estão um novo tratamento de melanoma, um tipo de câncer de pele agressivo, terapia para câncer de intestino que envolve transplante de fígado e cuidados paliativos com telemedicina.

Melanoma

Um dos estudos apresentados na Asco sobre melanoma mostrou alternativas para reduzir o risco de recidiva (retorno após remissão) de tumores. Para isso, o estudo comparou o tratamento pré-operatório com duas doses de uma imunoterapia combinada, feita em seis semanas, com o tratamento padrão, que consiste em cirurgia e um ano de tratamento. Os resultados mostraram redução do risco do câncer voltar em cerca de 80% dos pacientes que receberam tratamento pré-operatório, enquanto o tratamento padrão apresenta diminuição de cerca de 50% dos casos.

"É um estudo que muda a forma como o melanoma com câncer em estágio 3 tem que ser tratado", explica Gustavo Schvartsman, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein. "Quando a gente encontra esses linfonodos palpáveis ou quando eles estão visíveis ao exame de imagem, hoje, em vez de operar antes e tratar com imunoterapia depois, fazemos dois ciclos de tratamento pré-operatório, que são seis semanas, e depois operamos, em vez de um ano de tratamento pós-operatório." O procedimento passa a ser realizado pelo hospital no mês de junho como tratamento padrão.

Outro estudo traz resultados iniciais de uma vacina contra o melanoma que usa tecnologia de RNA mensageiro, igual à empregada no desenvolvimento de vacinas contra a Covid-19 e tem o potencial de reduzir pela metade o risco de morte ou recidiva em pacientes com esse tipo de câncer. A pesquisa, liderada por cientistas da Universidade de Nova York, viu que, em um período de três anos, 75% dos pacientes que receberam tanto a vacina quanto o pembrolizumabe (tratamento padrão) permaneceram livres do câncer.

Câncer de pulmão

O câncer de pulmão é um dos mais letais do mundo. O encontro apresentou avanços e alternativas para o tratamento da doença. Um deles envolve o tratamento de pequenas células em estágio limitado com o medicamento durvalumabe, que mostrou uma melhora significativa para tratar a doença.

Outra pesquisa também envolve o tratamento de tumores de pequenas células, que é o tipo mais comum de câncer de pulmão, por meio da imunoterapia em pacientes com câncer de pulmão em estágio três. Como resultado, houve uma redução do risco de progressão da doença em cerca de 80%. A medida é mais uma opção para garantir melhorias na prática clínica e pode impactar na sobrevida dos pacientes.

Câncer de mama

O encontro trouxe também estudos sobre medicina de precisão no tratamento do câncer de mama metastático. Parte das mulheres que desenvolvem câncer de mama são hereditárias, por meio de células germinativas. Já o câncer de mama somático é a parte vinda do próprio câncer. Os médicos tinham dificuldade de entender se no câncer de mama as alterações somáticas teriam um determinado impacto. Com isso, o diagnóstico molecular tem que ser mais amplo para o câncer de mama.

Cuidados paliativos com telemedicina

Apresentado na sessão plenária, a principal sessão do congresso, o estudo avaliou, de forma comparativa, a eficácia do cuidado paliativo precoce via telemedicina ou consultas presenciais para pacientes com câncer de pulmão.

O estudo, que visa o bem-estar do paciente, encontrou que o cuidado paliativo precoce via telemedicina seria equivalente ao cuidado paliativo feito de forma presencial. Os resultados, então, mostram que eles podem ter mais contato com esse tipo de cuidado especializado.

Os cuidados paliativos também foram analisados em outro estudo, dessa vez em pacientes acima dos 65 anos com câncer metastático no Brasil. A pesquisa, comandada por Cristiane Bergerot, líder nacional de especialidade equipe multidisciplinar da Oncoclínicas & Co., demonstrou melhora na função física do paciente, redução de sintomas depressivos, melhora na qualidade de vida, e auxílio no enfrentamento do diagnóstico, tratamento e prognóstico.

Câncer de intestino

Um dos destaques do congresso foi um estudo francês que analisou pacientes com câncer colorretal com metástase no fígado, se nenhum outro órgão. A resposta de sobrevida global em cinco anos foi de 57% entre os pacientes que tratados com quimioterapia e transplante de fígado e apenas 13% entre aqueles que receberam só quimioterapia.

Outro estudo desenvolvido no Reino Unido trouxe boas perspectivas de uma vacina contra o câncer de intestino, um dos mais predominantes no mundo. O ensaio clínico utilizando a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) se mostrou eficaz na geração de tratamentos que podem mudar o controle da doença.

A alternativa terapêutica foi analisada ao ser aplicada em um paciente que já havia passado por cirurgia e quimioterapia antes de receber o imunizante personalizado para que o tumor aparecesse novamente.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.