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É enganoso que Índia tenha pedido pena de morte para cientista contrária a uso da ivermectina contra Covid

Associação que enviou notificação não representa o governo do país

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São Paulo

Post engana ao apontar que a Índia processou e pediu pena de morte para a ex-cientista-chefe da OMS (Organização Mundial de Saúde) Soumya Swaminathan por desincentivar o uso de ivermectina no tratamento da Covid-19. O medicamento, que atua contra parasitas e vermes, não tem eficácia comprovada contra o Sars-CoV-2.

O texto do portal The People’s Voice, site conservador que espalhou a desinformação, afirma que o suposto processo foi movido pela Ordem dos Advogados do país. No entanto, a organização citada, IBA (Indian Bar Association), ou Ordem dos Advogados da Índia, em português, não tem ligação com o governo do país.

Soumya Swaminathan, mulher indiana de cabelo curto, ondulado e grisalho, fala com dois pequenos microfones a frente. Ela está com um lenço florido azul-claro sobre os ombros, usa colar e pulseira e está com a mão direita perto da bochecha.
Soumya Swaminathan, em 2020, quando atuava como cientista-chefe da OMS, em evento em Genebra - Fabrice Coffrini - 3.jul.2020/Pool via Reuters

Embora tenha esse nome, a IBA, como verificado pelo Comprova, é uma associação voluntária de advogados e não funciona como uma "OAB indiana", diferentemente do que indicam posts. Na Índia, a associação que tem papel similar ao da Ordem dos Advogados do Brasil é o Bar Council of India.

A IBA enviou um aviso legal para a cientista em 26 de maio de 2021, em que acusa Swaminathan, que trabalhou como cientista-chefe da OMS durante a pandemia, de propagar desinformação contra ivermectina, e outro em 14 de setembro de 2022, por "divulgar a narrativa de que as vacinas contra a Covid-19 são completamente seguras". Essas notificações, ao contrário do que diz postagem, não equivalem a um processo na Justiça. O conteúdo também foi investigado pelo Estadão Verifica. A OMS afirmou ao jornal que não recebeu qualquer processo formal contra a cientista.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Por que investigamos

O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984. Sugestões e dúvidas relacionadas a conteúdos duvidosos também podem ser enviadas para a Folha pelo WhatsApp 11 99581-6340 ou pelo email folha.informacoes@grupofolha.com.br.

Leia a verificação completa no site do Comprova.

A investigação desse conteúdo foi feita por Folha e Correio Braziliense e publicada em 1° de julho pelo Comprova, coalizão que reúne 42 veículos na checagem de conteúdos virais. Foi verificada por Estadão, A Gazeta e O Popular.

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