Olimpíada começa com indefinição sobre Rússia e sombra do doping

Russos já são mais numerosos do que as tradicionais Alemanha e Noruega

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Atletas russos usam uniformes identificados com a sigla OAR (Atletas Olímpicos da Rússia, em inglês) nos Jogos de Inverno de PyeongChang
Atletas russos usarão uniformes identificados com a sigla OAR (Atletas Olímpicos da Rússia, em inglês) nos Jogos de Inverno de PyeongChang - Jae C. Hong/Associated Press
Gustavo Longo
PyeongChang

Os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang começam oficialmente nesta sexta (9), às 9h (de Brasília), com a realização da cerimônia de abertura do evento, ainda sob a aura de desconfiança deixada pelo escândalo de doping dos Jogos de Sochi-2014.

Embora tenha sido banida dos Jogos pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) em dezembro pelo seu envolvimento no escândalo, a Rússia estará presente com praticamente a mesma força de edições anteriores.

Sob a sigla OAR (Atletas Olímpicos da Rússia, em inglês), o país terá a quarta maior delegação de todas, com chances de figurar entre os dez primeiros em medalhas. 

No total, 168 russos foram convidados pelo COI a participar da Olimpíada de 2018 após passarem por testes internos e rigorosos de doping. 

O número é pouco menor que os contingentes dos Jogos passados: 178 competidores representaram o país na edição de 2006, em Turim, e 177 em Vancouver, em 2010. 

País-sede em 2014, a Rússia competiu em todos os esportes e levou 232 atletas.  

Nesta edição, os atletas russos ficarão atrás somente dos EUA, com 242 representantes, do Canadá, com 226, e da Suíça, com 169. O “time OAR” é maior, por exemplo, do que o da Alemanha (156 atletas), e da Noruega (109), dois países tradicionais nos esportes de inverno. 

Apesar da liberação, algumas estrelas do país ficaram fora do evento, como Anton Shipulin (biatlo) e Viktor Ahn (patinação em pista curta). Ambos conquistaram quatro ouros e um bronze em Sochi. 

O time masculino de hóquei no gelo tornou-se o favorito ao ouro após a NHL (liga de hóquei no gelo) vetar a participação de atletas que a disputam na competição. 

E a delegação russa ainda pode aumentar. Na última terça-feira (6), 32 atletas do país entraram com apelação na CAS (Corte Arbitral do Esporte) contra o COI para participar dos Jogos. Nos dois dias subsequentes, mais 21 competidores russos tomaram a mesma medida. 

O tribunal e o COI entraram em rota de colisão recentemente por conta do escândalo de doping na Rússia.

No início do mês, a CAS já havia cancelado a punição de 28 russos acusados de usarem substâncias dopantes em Sochi e pediu a devolução de sete medalhas russas cassadas, relativas aos Jogos de 2014. Além disso, permitiu que 15 atletas pudessem competir em PyeongChang —o que foi vetado pelo COI.

“A decisão da Corte Arbitral do Esporte é decepcionante e surpreendente. Nós não esperávamos por isso”, criticou o alemão Thomas Bach, presidente do COI. 

Caso a apelação seja aceita e os 53 atletas consigam na Justiça o direito de participar dos Jogos, a Rússia terá 221 atletas, a terceira maior delegação em PyeongChang.

Com os atletas no epicentro das atenções, o silêncio é aliado da Rússia na Coreia.

A dupla Anastasia Brizgalova e Alexander Krushelnitskii, do curling em duplas mistas, não quis falar com os jornalistas após sua estreia na manhã dessa quinta-feira (8).

“Tenho certeza de que eles estão chateados em não usar a bandeira russa, mas é a vida. Ao menos estão nos Jogos Olímpicos”, afirmou americano Matt Hamilton, adversário dos russos.

O intrincado caso envolvendo a Rússia e o doping começou em 2015, com a divulgação do documentário “Doping Secreto: Como a Rússia faz seus Vencedores” pelo canal alemão ARD, no qual uma ex-atleta e um ex-funcionário da agência antidoping russa denunciaram largo esquema de dopagem no país.

Como desdobramento, a Agência Mundial Antidoping criou uma comissão independente para investigar. 

No final de 2015, a comissão publicou relatório que concluiu que a Rússia promoveu dopagem sistematicamente e com apoio estatal.

Segundo as averiguações, houve participação do serviço secreto para substituir amostras de urina e sangue, entre outras irregularidades.

O documento também recomendou a exclusão do atletismo russo de competições internacionais, o que depois foi acatado pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo).

Assim, o atletismo russo ficou fora dos Jogos do Rio —só uma atleta foi liberada— e está suspenso desde então. O país não pôde enviar delegação à Paraolimpíada do Rio depois de decisão do Comitê Paraolímpico Internacional.

O país também foi proibido de disputar a Paraolimpíada de Inverno na Coreia.

NA TV
Cerimônia de abertura
9h, SporTV 2

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