Referência de Tite, Renato Augusto tem titularidade em xeque

Meio-campista soma menos minutos em campo na temporada do que os demais convocados

Diego Garcia Luiz Cosenzo Sérgio Rangel
Teresópolis

O meia Renato Augusto, 30, um dos jogadores da seleção brasileira que mais têm prestígio com Tite, está em xeque no time titular.

Escalado para começar as 12 partidas comandadas pelo treinador nas eliminatórias sul-americanas, o meio-campista deve amargar o banco de reservas na estreia da equipe na Copa do Mundo, marcada para o dia 17 de junho, contra a Suíça, em Rostov.

Renato Augusto participa de treino na Granja Comary, em Teresópolis
Renato Augusto participa de treino na Granja Comary, em Teresópolis - Pedro Martins/MoWA Press

Três motivos pesam contra o ex-corintiano: o fato de jogar no futebol chinês (atua no Beijing Guoan), onde a intensidade e a qualidade técnica estão muito longe da Europa e até do futebol brasileiro, a falta de ritmo de jogo e a preferência de Tite por escalar uma formação mais ofensiva, principalmente nos jogos da primeira fase do Mundial.

Na China desde 2016, Renato Augusto disputou 66 partidas pelo seu atual clube nas últimas três temporadas. Em 2015, quando foi campeão brasileiro pelo Corinthians e era comandado pelo treinador da seleção, fez 49 jogos.

Dos 23 convocados para o Mundial da Rússia, o meio-campista é o que tem menos minutos em campo desde agosto do ano passado.

Nesse período, totalizou 1.800 minutos. O número é bem inferior ao do zagueiro Pedro Geromel, o segundo que menos atuou, com 3.172. O gremista foi poupado de vários jogos no ano passado, quando o clube priorizou a Libertadores, e no início de 2018.

O líder nesse aspecto é o goleiro Alisson, da Roma, que esteve em campo por 4.410 minutos, seguido de Firmino, do Liverpool, com 4.189.

O levantamento foi feito com base no calendário europeu, que começa em agosto e termina em maio. Na China, os campeonatos são realizados de março a novembro.

Renato Augusto também leva desvantagem na concorrência com atletas que possuem características mais ofensivas que as dele, que tem estilo de jogo cadenciado. Para enfrentar adversários com o sistema defensivo como ponto forte, casos de Suíça e Sérvia, rivais do Brasil na primeira fase, a preferência deve ser por atletas mais ofensivos.

No amistoso contra a Rússia realizado em março, o meia ficou no banco, e Willian foi titular. Assim, Coutinho atuou mais centralizado, com a responsabilidade de armar as jogadas. O atleta do Chelsea jogou aberto pela direita, e Douglas Costa, que substituiu Neymar, machucado, pela esquerda. Gabriel Jesus completou o quarteto de frente.

Esse desenho tático já havia sido testado em setembro do ano passado, pelas eliminatórias sul-americanas.

Na oportunidade, o Brasil não conseguia superar a retranca equatoriana até os 13 minutos do segundo tempo, quando Tite sacou o jogador e colocou Coutinho em campo. Após 20 minutos, o Brasil já vencia por 2 a 0 --placar que permaneceu até o final.

Contra a Alemanha, em partida realizada há dois meses, o ex-corintiano foi reserva de Fernandinho. Com a mudança, o Brasil optou por fazer uma marcação alta e dificultou a saída de bola dos atuais campeões mundiais.

Até o duelo contra o time de Joachim Low, o meio-campista havia atuado apenas três vezes no ano pelo seu time.

Renato Augusto, porém, tem muito prestígio com a comissão técnica, que é formada por vários ex-corintianos.

Ele é uma espécie de treinador da equipe dentro de campo por conhecer a forma de jogar de Tite. O meia reconhece essa característica.

"Ele me deu abertura para crescer como homem, como jogador de futebol, principalmente taticamente. Atingi o meu ápice técnico e físico com ele. Foi o melhor treinador que já trabalhei e o vejo como um dos melhores do mundo", afirmou.

RAIO-X

Revelado pelo Flamengo, o meio-campista foi para o Bayer Leverkusen, da Alemanha, em 2008. Cinco anos depois, ele voltou para o Brasil para defender o Corinthians, onde conquistou o Brasileiro de 2015. No ano seguinte, foi negociado com o Beijing Guoan, da China, onde está até hoje. Defendeu a seleção brasileira nas categorias de base e participou da conquista do ouro olímpico nos Jogos do Rio-2016. Nas eliminatórias para a Copa do Mundo, ele atuou como titular nas 12 partidas sob o comando de Tite.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.