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Portuguesa aposta em aluguéis e feira de ambulantes para pagar jogadores

Clube cede ginásio por R$ 60 mil a uma igreja, e churrascaria na marginal por R$ 20 mil

Alexandre de Aquino
São Paulo | Agora

Com dívida estimada em R$ 350 milhões e defendendo-se de mais de 60 ações trabalhistas na Justiça, o presidente da Portuguesa, Alexandre Barros, encontrou um caminho para poder fazer com que a equipe sobreviva: alugar a área do Canindé.

É dessa forma que o time da capital paulista consegue pagar os salários de funcionários e jogadores. As contas do clube estão penhoradas.

Atualmente, a equipe rubro-verde aluga o ginásio de esportes por R$ 60 mil para a Igreja Renascer, além de uma churrascaria na Marginal Tietê, por R$ 20 mil. O dinheiro, no entanto, vai diretamente para os seus credores.

Recentemente, foi lançado mais um projeto para fazer dinheiro com o espaço do clube. A ideia é reformar o local e criar uma espécie de feirinha da madrugada. Assim, ambulantes que hoje trabalham de forma ilegal nas ruas de São Paulo iriam para o Canindé.

Barros defende a legalidade da atuação dos vendedores.

“O forte deles não é a falsificação, é a confecção que vem em alta escala, sem a marca. O forte é vender a calça jeans que não tem marca para um comerciante do interior de São Paulo ou do Brasil. O cara vai comprar por R$ 8 aqui e vender por R$ 35 lá, por exemplo”, afirma o mandatário.

“A determinação da Portuguesa é que não vai ficar ninguém na ilegalidade no Canindé. Todos terão firma aberta e contrato fixo. Foi uma das nossas preocupações”, completa.

Atualmente, contudo, a obra da feirinha está embargada por falta de alvará. A previsão para inauguração já mudou de data seis vezes.

O último prazo dado por Barros para que a feirinha comece a funcionar é metade de setembro. O clube tem interesse em ver o negócio funcionando rapidamente e estima faturar até R$ 150 mil.

O aluguel da antiga área das piscinas, que foram desativadas, renderá R$ 75 mil. Uma outra área, que pertencia ao antigo terrão, deve render a outra metade. Além dos aluguéis fixos, o clube ainda trabalha com outros tipos de eventos, por exemplo shows, em seu espaço.

Por outro lado, as locações conflitam com o planejamento esportivo da equipe.

A última participação da Portuguesa em competição nacional foi no ano passado, quando acabou eliminada na Série D do Brasileiro ainda na primeira fase. Agora, para garantir um lugar no torneio em 2019, será necessário erguer a taça da Copa Paulista.

Nos dois primeiros jogos, soma uma vitória e um empate. Neste sábado (11), às 15h, enfrentará o Atibaia fora de casa.

Em duas datas já alugadas do estádio, os dias 5 e 9 de setembro, a equipe enfrentará Taboão da Serra e Atibaia, respectivamente, pela competição estadual.

“É isso que mantém a gente enxugando o gelo. Podem acontecer de alguns jogos serem substituídos do estádio por causa de eventos. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, afirma.

“Esse dinheiro já veio e já o utilizamos para pagar salários. Agora, eu tenho que fechar evento para novembro, dezembro, janeiro do ano que vem, para conseguir ir pagando os salários”, diz Barros.

Segundo o presidente, quando as datas dos aluguéis foram negociadas ainda não havia uma definição sobre a tabela da Copa Paulista.

Por contrato, a cada evento alugado, o clube tem que liberar o estádio cinco dias antes, para a montagem, e dois dias depois, para a desmontagem dos equipamentos.

Para minimizar o prejuízo esportivo, ele diz que tentará antecipar a partida do dia 5 de setembro para 30 de agosto.

“Analisando a tabela, uma data acho que vamos conseguir [mudar]. A outra, não. Pode ser que esse jogo do dia 9 de setembro seja em outro lugar, provavelmente no Anacleto Campanella [estádio do São Caetano]”, explica.

Há ainda um problema maior no radar. A atual área do Canindé, tão importante para fazer com que o clube funcione, já foi a leilão duas vezes. Em nenhuma das ocasiões, contudo, houve cadastrados.

O presidente diz que a ideia de perder a área não assusta.

“Essa possibilidade é remota ou quase inexistente. Tem que injetar esse dinheiro para pegar o lugar depois de cinco, seis, dez anos. Não vamos sair daqui fácil. E ninguém bota seu dinheiro para esperar dez anos para investir”, diz Barros.

A crise da Portuguesa em números

R$ 350 milhões é o valor estimado da dívida acumulada nos últimos anos

700 sócios adimplentes possui o clube atualmente. A equipe calcula, contudo, que tem ainda cadastrados cerca de 120 mil sócios

R$ 150 mil é o valor que o clube ganhará alugando dois espaços para  a feirinha da madrugada

presidentes a equipe teve nos últimos quatro anos

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