Descrição de chapéu Campeonato Brasileiro

Só clubes podem definir punição para equipes com técnicos sem licença

Renato e Lisca não possuem a graduação mínima obrigatória para trabalhar na Série A

Luiz Cosenzo
São Paulo

Grêmio e Ceará não correm risco de punição caso Renato Gaúcho e Lisca não façam o curso de Licença A da CBF, graduação mínima necessária para os treinadores trabalharem na elite do Brasileiro a partir do ano que vem. 

A obrigatoriedade do diploma foi estabelecida no Manual de Licenciamento de Clubes, que começou a ser desenvolvido pela CBF em 2017 como “ferramenta para alcançar a profissionalização do futebol”. 

“Se algum time tiver um técnico sem a licença, vai sofrer advertência da comissão de licenciamento. Essa é a punição do licenciamento. O objetivo é que os times se capacitem para melhorar o futebol”, disse Reynaldo Buzzoni, diretor de Registro, Transferência e Licenciamento de Clubes. 

Uma pena mais severa, porém, pode ser definida pelos clubes conselho técnico da competição, que geralmente ocorre em fevereiro —dois meses antes do início do Brasileiro—, quando são definidas as regras do torneio.

“Nesta reunião, os clubes podem colocar em votação, por exemplo, se o treinador sem a licença poderá ir a campo ou não”, disse Buzzoni. 

Renato, 56, anunciou que não iria comparecer ao curso promovido pela CBF Academy realizado em dezembro para curtir suas férias. 

Ele estava matriculado no curso de Licença Pro, o mais alto diploma concedido pelos organizadores, mas foi a apenas 1 dos 12 dias de aula. Na oportunidade, afirmou que tinha um acordo para se ausentar em alguns dias, o que foi negado pela entidade. 

“Talvez eu venha um ou outro dia. Talvez. Para vocês não falarem que ‘o Renato está faltando de novo’. Vocês não sabiam o trato que eu fiz com a CBF”, disse Renato à época.

O título da Libertadores de 2017, conquistado com o Grêmio, e os anos trabalhados como treinador na Série A foram requisitos que o favoreceram para entrar diretamente na Licença Pro, à convite da CBF. 
Agora, para poder ter a licença antes do início do Brasileiro, ele terá que fazer o curso para Licença A, que acontece em fevereiro —as aulas da  próxima turma de Licença Pro só começam no fim de 2019. 

Diferentemente de Renato, Lisca faria o curso de Licença A. Embora não tenha o diploma da B nem C, ele foi convidado pela CBF por comprovar tempo de experiência de dez anos como auxiliar ou cinco como treinador principal.

Se decidirem fazer o curso em fevereiro, porém, os dois treinadores perderão algumas partidas de suas equipes.

Renato, por exemplo, desfalcaria o Grêmio em duas rodadas do Gaúcho. Ele já ficará fora do banco nos dois primeiros jogos da competição porque o clube optou por escalar uma formação alternativa e fazer uma pré-temporada maior com os titulares. 

“Estaremos no início da temporada e o prejuízo pode ser menor, com o Alexandre Mendes [auxiliar técnico] nos treinos quando o Renato não puder se fazer presente”, disse Carlos Amodeo, executivo do Grêmio.

 Já Lisca teria de se ausentar  em dois jogos do Ceará no Estadual, um na Copa do Nordeste e, possivelmente, em uma partida da Copa do Brasil. 

"Mais cedo ou mais tarde o Lisca vai fazer. Tudo se ajusta. Ainda nem sabemos os dias de jogos do Ceará no Estadual. Vamos entrar na segunda fase e a tabela não está definida”, disse Robinson de Castro, presidente do clube. 

Outros 17 treinadores da Série A possuem ou estão concluindo a Licença A ou a Pro.


Em dezembro, 64 técnicos se matricularam para fazer a graduação máxima, enquanto 98 participaram da A. 

De acordo com a CBF Academy, Tiago Nunes (Athletico-PR), Enderson Moreira (Bahia), Claudinei Oliveira (Chapecoense), Rogério Ceni (Fortaleza), Alberto Valentim (Vasco) e Fernando Diniz (recém-contratado pelo Fluminense) estão cursando ou já possuem a Licença A. 

Zé Ricardo (Botafogo), Fabio Carille (Corinthians), Mano Menezes (Cruzeiro), Marcelo Cabo (CSA), Maurício Barbieri (Goiás), Odair Hellmann (Internacional) e André Jardine (São Paulo) cursam ou já concluíram a Licença Pro. 

Já Levir Culpi (Atlético-MG), Geninho (Avaí), Abel Braga (Flamengo) e Luiz Felipe Scolari (Palmeiras) possuem a Licença Honorária, que foram concedidas pela entidade para profissionais com mais de 60 anos e que acumularam mais de 50 pontos no ranking da Conmebol, que contabiliza atuação dos treinadores em seleções (seja principal ou de categorias de base) e clubes.

A CBF não informou como vai proceder com o argentino Jorge Sampaoli, novo técnico do Santos. Ele tem licença concedida pela AFA que foi aceita pela Uefa quando dirigiu o Sevilla. O treinador comandou a Argentina na Copa. 

Atualmente, para trabalhar na Europa, sob jurisdição da Uefa, o técnico brasileiro precisa da Licença Pro e comprovar cinco anos de experiência em times profissionais. 

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