Descrição de chapéu Incêndio no CT do Flamengo

Famílias de vítimas do incêndio aguardam nova oferta do Flamengo

Ministério Público recusa proposta de indenização de até R$ 400 mil e salário-mínimo por mês por 10 anos

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São Paulo

Familiares das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, esperam que o clube apresente uma nova proposta para indenizá-los em reunião programada para esta quinta-feira (21), na Defensoria Pública do Rio.

A proposta inicial do time carioca, rejeitada pelo Ministério Público, previa indenização de até R$ 400 mil, além do pagamento de um salário-mínimo (R$ 998) por mês durante 10 anos para cada família.

Sem querer ser identificado, o pai de uma das vítimas que participou da reunião com a Defensoria Pública, afirmou à Folha que tudo o Ministério Público solicitou o clube negou. 

Ele reclamou tanto do valor da indenização inicial (no seu caso de R$ 300 mil) quanto do prazo de dez anos para os pagamentos mensais, afirmando que seu filho jogaria além dos 25 anos, idade que ele teria quando acabarem os pagamentos do clube carioca.

Das famílias dos dez meninos mortos na tragédia, apenas as do zagueiro Pablo, 14, e do meio-campista Rykelmo, 16, faltaram à reunião. De acordo com Diego Viana, irmão de Rykelmo, a família não ficou sabendo do evento. 

As autoridades exigiam um pagamento inicial de R$ 2 milhões para costurar um acordo, além de R$ 10 mil por mês para até quando cada garoto morto no incêndio completasse 45 anos. O próprio Ministério Público admite, em uma nova negociação, rever o período para 35 anos. Os atletas mortos no incêndio tinham entre 14 e 16 anos. 

Sem uma definição, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Rio pediram nesta quarta (20) o bloqueio de R$ 57,5 milhões das contas do Flamengo. O valor equivale ao montante pedido para ressarcimento às vítimas.

Na terça, após a proposta ser recusada, o Flamengo disse ter oferecido valores maiores que os padrão. O clube citou como exemplo o caso da boate Kiss, tragédia ocorrida em Santa Maria (RS), em 2013, quando 242 pessoas morreram após um incêndio

"O Flamengo teve o cuidado de oferecer valores maiores dos que estão sendo estipulados em casos similares, como, por exemplo, o incêndio da boate Kiss. Até hoje, vale lembrar, famílias não receberam a indenização", afirmou o clube em nota. 

A procuradora do Trabalho, Danielle Cramer, discorda da posição do clube. "É uma situação absolutamente diferente. No Flamengo eram todos menores de idade e estavam alojados. Eles prometeram às famílias cuidar desses garotos. Na Boate Kiss, as pessoas foram em busca de entretenimento", disse. 

Paloma Lamego, 2ª subdefensora pública-geral do Rio, afirmou que ainda é possível a retomada das negociações.

"O clube nos disse que preferia negociar individualmente. Nossa expectativa é retomar negociação, mas agora por famílias. Da nossa parte, estamos sempre disponíveis para o acordo. A solução rápida e consensual é melhor".

O incêndio no Ninho do Urubu ocorreu na madrugada do último dia 8. As vítimas estavam em contêineres que serviam como moradia para os atletas da base e foram instalados pelo clube no local.

De acordo com o poder público, o Flamengo cometeu duas ilegalidades: manteve o centro em funcionamento, mesmo depois de sua interdição, em outubro de 2017, e construiu um alojamento sem que nunca tenha pedido licença para sua instalação.

A área onde os atletas estavam tinha licença para funcionar apenas como um estacionamento. A prefeitura diz que multou o clube mais de 30 vezes por falta de alvará para funcionamento do local.

Das 31 multas por falta de alvará de funcionamento, o time rubro-negro pagou 10 e deixou de pagar 21, segundo o poder público municipal.

Além dos dez mortos, três atletas tiveram ferimos e foram internados. Francisco Dyogo, 15, e Cauan Emanuel, 14, receberam alta na semana passada. Já Jonatha Ventura, sofreu queimaduras de terceiro grau em cerca de 30% do corpo, continua internado. De acordo com o último boletim médico, ele respira sem a ajuda de aparelhos e apresenta boa ingestão de alimentos.

Com informações do UOL

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