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Riqueza dos maiores clubes contrasta com falências na Europa

Dos 20 clubes mais ricos do mundo, 18 são privados ou têm participação acionária de empresas

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São Paulo

O modelo de negócio do futebol da Europa nunca gerou tanto dinheiro. Dos 20 clubes mais ricos do mundo, 18 são propriedades privadas ou têm participações acionárias de empresas.

As exceções são Real Madrid e Barcelona, controlados pelos sócios. Esses 18 movimentaram cerca de 7 bilhões de euros (R$ 31,7 bilhões) na temporada 2018/2019.

Mas os modelos de sociedade anônima ou limitada não são garantias de sucesso.

Torcedor com bandeira do clube nas costas
Torcedor do Bury no dia em que o clube foi excluído da liga inglesa - Carl Recine - 27 ago. 2019/Reuters

Neste século, 44 clubes ingleses da segunda à quarta divisão entraram “em administração”, o equivalente no Brasil a um pedido de recuperação judicial. Em agosto, o Bury, da terceira divisão, ficou sem pagar salários, fornecedores, impostos, não conseguiu mostrar que teria dinheiro para tal no futuro próximo e teve a falência decretada.

“De uma certa forma, estar na bolsa de valores ajuda a minimizar este impacto porque o clube não depende apenas de um investidor”, analisa Martin Edwards, ex-chairman do Manchester United e responsável pela flutuação das ações da equipe na bolsa de Londres, em junho de 1991.

Na época, o valor de mercado do clube era de 2 milhões de libras (R$ 10,6 milhões). Edwards aceitou, três anos depois, vender a maioria acionária por 20 milhões de libras (R$ 106 milhões). Na temporada passada, o United valia 666 milhões de libras (R$ 3,5 bi).

“A tendência dos torcedores é não se preocupar muito com a solvência do clube, apenas com os resultados. Nós sabemos muito bem onde isso pode nos levar”, afirma Euan MacFarlane, integrante da diretoria do Club1872, maior associação de torcedores do Rangers FC, da Escócia.

Eles são donos de 10,7% das ações da agremiação, que até 2012 se chamava Glasgow Rangers. Após anos de gastos perdulários, contratações caras e receitas em queda, o clube foi fechado por impostos não pagos. Teve de renascer com outro nome e na quarta divisão.

Dos 32 times que vão disputar a fase de grupos da Champions League, 26 são sociedades anônimas ou limitadas, com controle acionário de empresas ou empresários ou participação deles.

“É preciso levar em consideração também que o time pode ser o representante de uma comunidade, seus torcedores, e esse conceito pode englobar aspectos geográficos, sociais e religiosos, não apenas financeiros”, disse o pesquisador escocês Stephen Morrow, da Universidade de Stirling.

Por essas questões, torna-se improvável que um clube como o Barcelona, visto como representante do orgulho catalão, tenha um dono particular e deixe de ser dos seus sócios. Isso não significa, porém, que não seja administrado como uma empresa.

Os clubes espanhóis foram liberados para se tornarem empresas em 1990 com a mesma ideia por trás dos projetos brasileiros: reduzir dívidas e melhorar a saúde financeira.

Além de Barcelona e Real Madrid, Osasuna e Athletic de Bilbao se recusaram a entrar nesse modelo. Não funcionou para todos. Até a metade da década, 23 clubes do país à beira da falência pediram proteção judicial.

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