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Corinthians tentará mudar cara num país com times sem rosto

Clube alvinegro tem acordo com o técnico Tiago Nunes, ex-Athletico-PR

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Paulo Vinicius Coelho

Antes de se tornar o único técnico a eliminar o Flamengo de Jorge Jesus, Tiago Nunes descreveu como imaginava os duelos da Copa do Brasil: "Vai ser rock'n'roll!".

Referia-se à tentativa de se impor, com circulação da bola até chegar à intermediária e aceleração ao se aproximar da grande área.

Essa característica ficou clara como seu diferencial em comparação a Fernando Diniz, logo depois da substituição do atual treinador do São Paulo, em julho de 2018.

Técnico Tiago Nunes durante partida pelo Athletico-PR na Libertadores
Técnico Tiago Nunes durante partida pelo Athletico-PR na Libertadores - 3.mai.19/AFP

O Athletico saiu da zona de rebaixamento para o título da Copa Sul-Americana. Raphael Veiga jogou como ala no primeiro semestre de 2018 e queria ir embora. Com Nunes, tornou-se pêndulo, o balanço perfeito entre a cadência e o acelerador.

Com Tiago Nunes, o Corinthians quer mudar seu rosto. Caso raro de uma equipe brasileira que possui uma face reconhecível nos últimos dez anos, um estilo próprio.

Mesmo que jogasse com três atacantes, Dentinho, Ronaldo e Jorge Henrique, com Mano Menezes na Copa do Brasil e no Paulista invicto de 2009. Ou que brilhasse com o melhor ataque do Brasileiro de 2015, com Tite. Mesmo assim, o Corinthians foi reconhecido pela segurança.

Nos últimos dez anos, só o Santos de Neymar falou sobre seu DNA, ofensivo, nas palavras do ex-presidente Luis Álvaro. Nesse período, o Brasil acostumou-se a ver o Barcelona. No clube catalão, entra técnico e sai técnico, há futebol moderno e agressivo, mistura de pressão e posse der bola. 

Com característica inversa, segura, o Atlético de Madrid, de Simeone. Era assim o Manchester United de Alex Ferguson, assim como o Real Madrid sempre procura jogadores para um estilo de jogo.

É fácil entender a razão de no Brasil haver tão poucos clubes com uma maneira particular, um estilo reconhecível. Pelo segundo ano seguido, 17 das 20 equipes da Série A mudaram de treinador durante o campeonato.

As escolhas quase sempre se baseiam no nome de maior impacto na opinião pública, não na característica do elenco ou no plano para os próximos anos.

Assim, até as contratações têm menos chance de darem certo. Se o São Paulo de Diego Aguirre queria velocistas para um time de resposta, e Fernando Diniz quiser mais circulação e menos contra-ataques, as preferências no elenco também mudarão.

É possível mudar a face. Deixar a barba, aparar o cabelo. O Milan ofensivo de Arrigo Sacchi de 1989/1990 ficou mais sisudo com Fábio Capello e, mesmo assim, goleou o Barcelona de Cruyff por 4 a 0 na final da Liga dos Campeões de 1994.

O Corinthians quer mudar seu estilo, e parece adequada a decisão, levando em conta o desempenho avassalador do Flamengo de Jorge Jesus, aparente mudança de paradigma na maneira de ter sucesso no Brasil.

A escolha de Tiago Nunes também parece adequada. Foi o único a eliminar o Flamengo luso-brasileiro e fez isso com o estilo rock'n'roll.

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