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Fumaça aflige tenistas e causa desistência no Australian Open

Incêndios no país já mataram pelo menos 24 pessoas e destruíram 2.000 casas

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Ben Rothenberg
The New York Times

O ar na região de Melbourne, Austrália, oferece riscos e causou atrasos nas partidas do primeiro dia do qualificativo para o Australian Open, esta terça-feira (14), causando um acesso de tosse forte em uma jogadora durante uma partida.

Os incêndios que vêm devastando o país já estão prejudicando o famoso torneio.

Mencionando condições perigosas do ar causadas pela fumaça de incêndios em regiões vizinhas que é soprada na direção na cidade, a prefeitura de Melbourne aconselhou os moradores a “ficar dentro de casa e manter as portas e janelas fechadas”, na manhã desta terça-feira.

O governo municipal também fechou o Centro de Recreação de North Melbourne e o Banho Público Municipal de Melbourne, por questões de segurança. Mas depois de um adiamento de uma hora, as partidas qualificativas para o Australian Open foram em frente, ainda que a qualidade do ar continuasse insatisfatória; temperaturas de mais de 30 graus agravavam a dificuldade.

Dalila Jakupovic, jogadora eslovena que ocupa o 180º posto no ranking do tênis feminino, estava vencendo sua partida contra Stefanie Vögele no meio da tarde quando caiu de joelhos, sofrendo um forte acesso de tosse. Com dificuldades para respirar, ela se viu forçada a abandonar a partida que vinha liderando por 6-4, 5-6.

A tenista Dalila Jakupovic passa mal durante o Aberto da Austrália, devido à fumaça dos incêndios que atingem o país
A tenista Dalila Jakupovic passa mal durante o Aberto da Austrália, devido à fumaça dos incêndios que atingem o país - Twitter Herald Sun Sport/Reprodução

Jakupov, que não tem um histórico de problemas respiratórios, disse que estava enfrentando dificuldades, “como se fosse um ataque de asma”, desde o aquecimento para a partida.

“Acho que não é justo, porque as condições não são saudáveis para nós”, disse Jakupovic a jornalistas. “Fiquei surpresa. Achei que não jogaríamos hoje, mas não temos muita escolha."

Eugenie Bouchard, segunda colocada no torneio de Wimbledon em 2014, se queixou à equipe médica do torneio de que estava sentindo dores no peito, como se tivesse “pregos nos pulmões”. Sua adversária, You Xiaodi, também enfrentou dificuldades com as condições do ar e fez saques baixos durante boa parte do terceiro set, na partida vencida por Bouchard.

Bernard Tomic também buscou assistência médica por dificuldades respiratórias, em sua partida, e foi tratado com um inalador.

Liam Broady, um tenista que se orgulha de seu condicionamento, descreveu ter ficado “completamente sem fôlego” depois de apenas 12 games. Ele disse que em sua opinião os jogadores que participam do qualificativo são tratados com menos cuidado do que os astros da competição, cujas partidas nas chaves principais começam na segunda-feira.

“Talvez tenhamos de conquistar o direito a um tratamento como o que os jogadores do torneio principal recebem”, disse Broady ao jornal Daily Mail. “Mas ao mesmo tempo, somos todos seres humanos, e sem dúvida faz muito mal ficar correndo por aí em condições como essas."

A vista da cidade que costuma estar disponível no Melbourne Park estava obscurecida pelo ar fuliginoso. O céu tinha um tom sépia, e ouvir jogadores tossindo nas quadras foi ocorrência frequente.

Muitos tenistas expressaram raiva por terem de jogar sob essas condições e pela falta de comunicação clara por parte da direção do torneio.

“Estou chocada por ver que as partidas do qualificativo do @AustralianOpen começaram”, tuitou a tenista luxemburguesa Mandy Minella. “E quanto à saúde de todas as pessoas que têm de trabalhar durante os jogos, como as crianças que recolhem as bolas?”.

Elina Svitolina, quinta colocada no ranking feminino, tuitou questionando: “Por que é preciso esperar que algo aconteça antes que eles ajam?”.

Do outro lado da cidade de Melbourne, no torneio de exibição Kooyong Classic, uma partida entre Maria Sharapova e Laura Siegemund foi interrompida quando o segundo set estava empatado em 5 a 5, devido à má qualidade do ar.

“Nós jogamos por mais de duas horas, e acho que, do ponto de vista da saúde, os dirigentes tomaram a decisão certa” ao encerrar a partida, disse Sharapova, que completou: “comecei a sentir que estava para tossir”, perto do final do jogo.

Sharapova vinha enfrentando problemas de saúde nas últimas semanas e achou que eles eram a causa de seus sintomas, inicialmente.

“Mas quando ouvi Laura falar com o árbitro e dizer que ela também estava com problemas, fiquei grata por não ser a única”, ela disse. “E o árbitro desceu da cadeira e disse que íamos jogar só mais um game."

Tradução de Paulo Migliacci

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