Procon notifica Albert Einstein após problema com Goiás e cobrará CBF

Depois de erro no Paulista, hospital admitiu falhas na abertura do Campeonato Brasileiro

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São Paulo

Após problemas com exames de coronavírus dos jogadores do Goiás na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, o Procon notificou o Hospital Israelita Albert Einstein para explicar o caso e também cobrará respostas da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O hospital tem até sexta-feira (14) para responder aos questionamentos do órgão.

No domingo (9), o Einstein havia admitido falhas ao longo do processo de coleta e testagem do elenco esmeraldino. Dez jogadores receberam o teste positivo a poucas horas de jogar contra o São Paulo. A partida, válida pela primeira rodada do Nacional, foi adiada após decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).

“É uma temeridade, em pleno estado de pandemia, ocorrer erros em diagnóstico de exames”, afirmou o secretário de defesa do consumidor de São Paulo, Fernando Capez, à Folha.

O hospital afirmou no domingo que "identificou uma falha técnica na coleta das amostras, feita em um laboratório parceiro em Goiás". Por isso, solicitou novas amostras, que só ficaram prontas no próprio domingo —contrariando assim o prazo de 24 horas prévias exigido pela CBF.

O Einstein foi contratado pela CBF para monitorar e coordenar o processo de testagem. Desde segunda-feira (10), a entidade liberou os clubes para escolherem outros laboratórios se assim quiserem. Atlético-MG, Corinthians, Atlético-GO, Ceará, Fortaleza e Vasco passaram a descartar o hospital paulistano.

“O hospital tem a responsabilidade objetiva e solidária. Caberá à CBF também prestar esclarecimentos, e o Procon deverá notifica-los na sequência", diz Capez.

De acordo com o coordenador médico da CBF, Jorge Pagura, a responsabilidade é do hospital, que terceirizou o serviço contratando um laboratório em Goiânia. No último domingo, Pagura havia afirmado que não houve erro do Einstein nos exames, mas sim um problema de logística que estava sendo discutido com a confederação.

"Se houve um erro cabe ao Einstein dizer. Eu não conheço o laboratório que o Einstein contratou, não me interessaria também porque o nosso acordo foi feito com o Einstein. Por isso é que flexibilizamos para os clubes escolherem o seu laboratório”, diz Pagura.

Segundo Capez, o órgão deverá, após tomar conhecimento dessas falhas no Einstein, considerado um hospital de referência no continente, fiscalizar o processo de coleta de amostras nos demais laboratórios.

A Folha procurou o Albert Einstein para comentar o assunto. "Em ambos os casos, o Einstein respondeu ao Procon dentro do prazo estabelecido e agora aguarda a análise e resposta do órgão", respondeu o hospital à reportagem. ​

Não é a primeira vez que o Procon notifica o hospital por conta de resultados de testes envolvendo times de futebol. Na terça-feira da semana passada (4), o Einstein também foi acionado por conta de falsos positivos apontados na testagem de 26 jogadores do Red Bull Bragantino, ainda durante o Campeonato Paulista.

Jogadores do Goiás passam por testes de Covid-19
Jogadores do Goiás passam por testes de Covid-19 - Goiás

O Einstein respondeu ao órgão que não ocorrerão novos erros em diagnósticos decorrentes destes testes, porque identificou e eliminou o uso do reagente (Oligonucleotídeos Sintéticos) que causou divergências.

O hospital disse ao órgão que, entre os dias 1º e 31 de julho, foram realizados 3.558 testes, dos quais 182 foram considerados inconsistentes. Após novas coletas, houve a necessidade de retificar 80 resultados.

O Procon ainda analisa as respostas do Einstein. Capez diz que o hospital não comprovou se todos os 182 pacientes citados foram examinados novamente.

Ele diz que, tanto no caso do Goiás quanto no do Red Bull, a instituição poderá receber uma multa de R$ 10 milhões. O valor é baseado no faturamento do Einstein e na gravidade da infração.

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