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Leo Azevedo

Benjamin Franklin imaginaria o fracasso dos tenistas no Australian Open

Poderemos ver o efeito das quarentenas na parte emocional e mental dos atletas

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Leo Azevedo

Head coach do centro de treinamento da Federação Britânica de Tênis em Stirling (Escócia); já treinou Thomaz Bellucci, Flavio Saretta e a equipe do Brasil na Olimpíada de Pequim-2008, além de ter passado oito anos como treinador da USTA (federação americana).

Stirling (Escócia)

“Falhar ao se preparar é se preparar para falhar." Essa frase é do ex-presidente americano Benjamin Franklin.

Devido à pandemia da Covid-19, que ainda assola o mundo, 72 jogadores se “prepararam” para o primeiro Grand Slam do ano tendo que ficar 14 dias trancados em seus quartos de hotel em Melbourne, por 24 horas. Isso ocorreu devido a casos da doença nos seus voos para a Austrália.

A maioria ficou num regime de “semi-isolamento” , com 19 horas dentro do hotel e somente 5 horas fora dele, para treinos na quadra, físicos e alimentação.

Alguns jogadores entre os primeiros do ranking fizeram a quarentena em Adelaide, com maior flexibilidade (privilégios na visão de muitos).

Depois disso, todos puderam ter uma semana de torneio (ou treinos normais) antes do Australian Open, que começa na segunda-feira (8), noite de domingo no Brasil.

Certamente não é a preparação sonhada por nenhum jogador, menos ainda para os 72. Benjamin Franklin imaginaria o fracasso.

Então, o que podemos esperar do Australian Open?

Como sabemos, o tênis é um esporte que envolve as partes técnica, tática, física e mental, esta última para mim o grande diferencial.

Poderemos ver o efeito dessas quarentenas na parte emocional e mental dos jogadores e jogadoras. Como a maioria do mundo já experimentou, o tempo fechado causa mais ansiedade em qualquer pessoa, inclusive em atletas de alto nível.

Como lidar com essa ansiedade antes de um Grand Slam, o primeiro do ano, além da angústia de saber que a preparação não foi adequada e que possivelmente os níveis tenístico e físico não estarão em sua plenitude?

Os jogadores têm/tiveram maneiras diferentes de lidar com essas questões.

Alguns usaram a beleza das mídias sociais para se conectar com amigos, familiares etc. Também imagino que alguns, possivelmente os mais jovens, possam ter perdido um pouco o foco, devido ao excesso das mesmas mídias sociais.

A maioria fez uso das plataformas de filmes e séries e encontrou um bom parceiro nesta quarentena (o que dizer de “O Gambito da Rainha”?).

Alguns contaram com um dos mais antigos e fiéis amigos do homem, o bom e velho livro. Para mim, o melhor amigo!

Alguns nos mostraram uma veia artística/humorista, enfrentando a quarentena com bom humor e nos brindando com ótimos vídeos (vide o uruguaio Pablo Cuevas).

Todos se cuidaram fisicamente da melhor maneira possível. Alguns, além do mencionado acima , fizeram yoga e meditação para controlar a ansiedade e encontrar um bom estado de espírito.

Como vemos, o impacto do isolamento terá um papel importante neste Australian Open. Não só físico e tenístico, mas principalmente mental e emocional.

Os que conseguiram navegar com tranquilidade neste período de mar revolto terão vantagem em relação aos demais. Imagino surpresas principalmente na primeira semana.

Novos tempos, novas formas de viver situações, tanto para os jogadores como para o público, que estará presente em Melbourne em até 30 mil pessoas por dia. Lembrando que o coronavírus está quase erradicado na Austrália.

Ficamos na torcida para que o vírus seja derrotado com um belo winner de esquerda na paralela, e que dentro de pouco não só o tênis, mas a sociedade possa viver a “vida normal”.

Arena na cor azul quase vazia, com atletas em quadra
Tenistas treinam na quadra Margaret Court antes do Australian Open - Paul Crock - 4.fev.21/AFP
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