Natação dos EUA terá 11 adolescentes em primeira Olimpíada pós-Phelps

Equipe americana, a maior desde 1996, será formada por 50 atletas nos Jogos de Tóquio

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Karen Crouse
Omaha (Nebraska) | The New York Times

Se não fosse a pandemia, Lydia Jacoby teria vaga garantida na Olimpíada de 2020 –como torcedora, em uma viagem de férias com os pais.

Ainda que ela tivesse superado o tempo de qualificação para a seletiva olímpica americana nos 100 metros nado de peito em 2019, quando tinha apenas 14 anos, Jacoby estava em uma corrida contra o tempo no começo de 2020, e só tinha alguns meses para reduzir consideravelmente sua melhor marca, para disputar seriamente uma vaga na equipe que vai a Tóquio.

O adiamento dos Jogos induzido pelo coronavírus trabalhou a favor de Jacoby, permitindo que ela ganhasse mais força na sala de musculação e um ano a mais de amadurecimento físico. Os benefícios que um ano de adiamento trouxe para os estreantes em seletivas olímpicas como Jacoby ficaram em evidência na seletiva olímpica americana, realizada ao longo de oito dias no CHI Health Center e concluída no domingo.

Atletas posam para foto com camisetas azuis escritas USA
Parte do time americano de natação para a Olimpíada de Tóquio-2020 - Al Bello - 20.jun.21/AFP

Jacoby, 17, foi um dos 11adolescentes que conquistaram vaga na equipe olímpica de 50 nadadores, a maior desde 1996. Então, como agora, os Estados Unidos estavam se reequipando depois da aposentadoria de uma geração de talentos únicos.

Em 1996, foi Matt Biondi, que nadou em três Olimpíadas e conquistou 11 medalhas, 7 das quais em 1988, que deixou o esporte. Neste ano, pela primeira vez desde 1996, Michael Phelps, ganhador de 28 medalhas olímpicas, era um espectador, não um competidor.

Trinta nadadores que disputaram a Olimpíada de 2016 estavam envolvidos na luta por vagas, e 15 deles ficaram de fora, entre os quais Nathan Adrian, 32, ganhador de cinco ouros olímpicos, que terminou em terceiro no domingo, um quarto de segundo atrás de Michael Andrew na final dos 50 metros nado livre, vencida por Caeleb Dressel.

Dressel foi um dos três nadadores a conseguir classificação para pelo menos três provas (no caso dele, os 50 e 100 metros nado livre e os 100 metros borboleta.) Os outros foram Katie Ledecky (200, 400, 800 e 1.500 metros nado livre) e Michael Andrew (50 metros nado livre, 100 metros nado peito e 200 metros medley).

E pela segunda Olimpíada consecutiva, a equipe americana incluirá Simone Manuel, que garantiu sua vaga na última prova feminina, os 50 metros livre. Manuel, 24, medalhista de prata nos 50 metros em 2016, chegou uma braçada à frente de Abbey Weitzeil, que venceu a prova que Manuel costuma dominar, os 100 metros livre, na sexta-feira. Manuel, que dividiu o ouro na Olimpíada de 2016 nessa categoria, não conseguiu passar das semifinais.

Manuel, cuja preparação foi severamente comprometida pela síndrome de excesso de treino, falou com franqueza sobre suas dificuldades na quinta-feira à noite, em uma entrevista coletiva. Ela admitiu que estava vulnerável, depois de seis meses de esforço para persistir nas preparações, mas nadou ao seu velho e audacioso estilo nos 50 metros.

“Tentei nadar sem preocupação e bem solta, nos 50, e contar minha história permitiu que eu me afirmasse e entrasse na água para lutar por meu lugar na equipe”, ela disse. “Estou tentando ser uma Simone melhor hoje do que fui ontem."

Nadadoras interagem e riem na piscina
Abbey Weitzeil e Simone Manuel (à dir.) após competirem na prova de 50 m da seletiva - Al Bello - 20.jun.21/AFP

Os veteranos que carregam o peso de grandes expectativas foram mais prejudicados pelo adiamento olímpico do que os novatos, como Torri Huske, 18, vencedora dos 100 metros borboleta, que meia hora antes da partida de sua prova dedicava toda sua atenção a um origami.

“Não gosto de pensar nas provas, antes de começar o aquecimento”, disse Huske. “E mesmo assim eu sinto que meio que bloqueio tudo até 15 minutos antes da partida."

Para acompanhar estreantes como Huske na equipe feminina há um punhado de veteranas que imaginavam que suas carreiras nas piscinas haviam acabado cinco anos atrás. Entre elas havia Allison Schmitt, do nado livre, que se tornou a quinta mulher, depois de Dara Torres, Jenny Thompson, Jill Sterkel e Amanda Beard, a se qualificar pela quarta vez para uma equipe olímpica, depois de pausar o mestrado em assistência social que começou ao voltar do Rio de Janeiro.

Annie Lazor, do nado de peito, e a velocista Natalie Hinds tinham encerrado suas carreiras depois que desempenhos decepcionantes na seletiva de 2016 as deixaram de fora da equipe olímpica. Ambas decidiram voltar ao esporte depois de decidirem que ainda não estavam preparadas para deixar a natação.

Quem sabe? Alguns dos nadadores que saíram da seletiva de 2021 devastados por não terem conseguido vaga para a Olimpíada podem ressurgir para disputar vagas na equipe de natação americana para a Olimpíada de Paris, em 2024.

“Essa era a parte difícil”, disse Dressel, elegível para quatro equipes de revezamento. Ele estava se referindo ao estresse da seletiva, que é considerada mais difícil do que a Olimpíada, por conta da abundância de talentos na natação americana.

Dressel afirmou que era doloroso ver antigos colegas olímpicos como Ryan Lochte, seu parceiro de treinamento, ficarem de fora. Ao mesmo tempo, disse Dressel, a infusão de sangue novo é revigorante.

“Temos pessoas de antecedentes diferentes, idades diferentes, equipes e clubes diferentes de todo o país, e vamos todos nos tornar uma equipe só”, ele disse.

Phelps de máscara, camisa branca e calça
Michael Phelps dessa vez foi apenas espectador da seletiva americana - Tom Pennington - 18.jun.21/AFP

Tradução de Paulo Migliacci

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