Descrição de chapéu Tóquio 2020 skate

Como Medina, Kelvin se irritou por veto à esposa nas Olimpíadas e brigou com confederação

Medalhista de prata no skate em Tóquio chegou a bloquear perfil da entidade nas redes sociais

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Tóquio

Primeiro medalhista olímpico do Brasil em Tóquio, Kelvin Hoefler entrou em atrito com a CBSk (Confederação Brasileira de Skate) há cerca de um mês, às vésperas da viagem ao Japão.

O motivo da irritação do atleta foi o veto ao credenciamento de sua mulher, a fotógrafa Ana Paula Negrão, para os Jogos. Mesma situação vivida pelo surfista Gabriel Medina e sua esposa, Yasmin Brunet. Ambos argumentaram que elas possuem funções técnicas e são cruciais para suas performances esportivas.

Kelvin não se conformou com o fato de não poder levá-la e insistiu com os pedidos, todos negados. Diante da frustração, cortou relações com dirigentes e bloqueou a conta da confederação nas redes sociais.

Logo depois da medalha de prata na tarde deste domingo (25), a CBSk tentou, mas não conseguiu marcar a conta do skatista para parabenizá-lo. Horas mais tarde, ele desbloqueou o perfil da entidade e o marcou em uma publicação de foto jantando ao lado de companheiros da delegação.

Os apelos de Kelvin para conseguir que Ana Paula fosse liberada para acompanhá-lo na viagem incluíram até um pedido para que o governo japonês fosse acionado, mas isso não era possível.

Devido à pandemia de Covid-19, o número de credenciais liberadas para o evento foi menor do que em outras edições. No caso do skate, a confederação decidiu levar a comissão técnica da entidade.

Assim, nenhum atleta foi acompanhado por treinador ou estafe particular, com exceção de Rayssa Leal, que tem 13 anos e está acompanhada pela mãe.

Kelvin confirmou à Folha que ficou insatisfeito com a situação e fez comparações com o caso de Medina. "A parte psicológica dele deve ter sido afetada, porque a esposa ajuda, assim como a minha. Não sei se é a técnica dele, mas é a pessoa em quem ele confia e que está do lado para poder ajudar."

Durante a final, Kelvin ficou em contato com Ana Paula pelo telefone e disse que sem os conselhos dela e de Pâmela Rosa, outra skatista brasileira nas Olimpíadas, não teria chegado à medalha. Feliz com a conquista, entretanto, tratou a questão como superada. "Minha esposa é minha técnica. A gente sente falta de um técnico, e eu senti falta. Isso é fato. Mas ganhei medalha, estou no lucro. Já apagou. A gente [skatistas] nunca esteve aqui [nas Olimpíadas], então esse momento é único e só quero curtir", afirmou.

O pai de Kelvin também se manifestou após a conquista do filho, num comentário no Instagram da entidade. “Será que agora vocês vão respeitar meu filho ou vão continuar a menosprezá-lo? É nítido o que vocês estão fazendo. Essa medalha de prata representa todo esforço e dedicação dele. Vocês deveriam ser mais imparciais. É uma vergonha o que fazem com 
o meu filho”, escreveu Enéas.

"Divergência a gente tem, todo mundo tem, mas está tranquilo, eu faço o meu corre e estou torcendo para todo mundo, CBSk, Leticia [Bufoni] também. Independentemente de qualquer coisa, é o Brasil", completou.

Os pais do atleta atacaram a confederação. "Será que vocês agora vão respeitar o nosso filho ou vão continuar menosprezando ele? É nítido o que vocês estão fazendo", publicaram Éneas e Roberta Hoefler em resposta a uma publicação da CBSk comemorando a medalha. "Vocês deveriam ser menos imparciais. É uma vergonha o que vocês fazem com meu filho."

Nas redes sociais, a skatista brasileira Leticia Bufoni explicou por que inicialmente não fez referência à conquista da prata. “O Kelvin, pelo que vocês perceberam, nunca está com a gente nos rolês. Nunca faz parte das nossas atividades. Por uma opção dele, ninguém aqui tem nada contra ele, muito pelo contrário. Está todo mundo aqui comemorando, muito feliz que o Brasil ganhou uma medalha, a primeira [do país].”

“Respeito muito a história dele, o moleque anda muito de skate, não tem nem o que falar, mas infelizmente ele não gosta de estar com a gente. Um exemplo grande, a CBSk, a confederação brasileira de skate, não pode nem marcar ele nos stories, porque ele bloqueou”, continuou. A confederação afirmou nas redes sociais que a medalha do atleta foi um marco que sempre estará guardado na memória do skate mundial.

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