Descrição de chapéu Tóquio 2020 Rússia

Sancionada até no hino, Rússia usa Tchaikóvski, seu primeiro compositor de fama ocidental

País leva a Tóquio a décima maior delegação dos Jogos, mas não pode exibir bandeira nem hino em razão de banimento por doping

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Tóquio

Na Rio-2016, foi executada 19 vezes a música em que a letra diz que “tu és única no mundo, sem igual”. Com uma delegação ainda maior do que há cinco anos, a Rússia pode ganhar até mais medalhas de ouro, mas o hino do país não será tocado em Tóquio. A bandeira tampouco será hasteada.

Por causa de punição aplicada pela Wada, agência internacional antidoping, os atletas do país estarão presentes na Olimpíada, mas a Rússia, não. A nação foi suspensa por dois Jogos (um de Verão e outro de Inverno) por adulterar resultados de testes realizados em laboratório de Moscou e tentar acobertar, com ajuda estatal, o uso de substâncias ilegais.

Os esportistas em Tóquio não poderão usar os símbolos do país e vão competir sob a sigla do Comitê Olímpico Russo, que também usará sua bandeira nos eventos.

Quando um atleta subir ao topo do pódio, será tocado o Piano Concerto nº 1, do também filho da “mãe Rússia” Piotr Tchaikóvski (1840-1893).

Fileira dupla de atletas uniformizados com as cores da bandeira russa, azul, branco e vermelho, andando por uma praça
Atletas russos após reunião com o presidente Vladimir Putin, em Moscou, antes de partirem para os Jogos de Tóquio, onde competirão como atletas neutros - ORG XMIT: MOS via REUTERS

Tchaikóvski foi o primeiro compositor russo a ganhar fama no ocidente. Sua composição já havia sido utilizada na cerimônia de encerramento da Olimpíada de Inverno de Sochi, em 2014, e no trecho final do percurso da tocha olímpica dos Jogos de Moscou, em 1980.

Em 9 de dezembro de 2019, a Rússia foi banida por quatro anos de competições internacionais, entre elas os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Tóquio-2020, o de Inverno em Pequim-2022 e a Copa do Mundo de futebol de 2022, no Qatar.

O país apelou à Corte Arbitral do Esporte (CAS) e obteve uma redução da pena de quatro para dois anos, de 17 de dezembro de 2020 a 16 de dezembro de 2022.

O nome da Rússia poderá ser estampado no uniforme, desde que o mesmo tamanho e destaque da indicação “atleta neutro”. Algo que não foi respeitado inteiramente. A roupa que será usada pela delegação do país lembra a bandeira nacional, com as cores branca, azul e vermelha.

A Rússia é o primeiro e único país, na teoria, proibido de participar dos Jogos, seja de Verão ou de Inverno, e também de sediar grandes eventos internacionais. Na última década, organizou os Jogos de Inverno de Socchi, em 2014, e a Copa do Mundo, em 2018.

A Wada passou a investigar a agência antidoping russa (Rusada, na sigla em inglês) com as denúncias apresentadas no documentário "Top Secret Doping: How Russia makes its Winners” (“Doping Secreto: Como a Rússia faz seus Vencedores”), levado ao ar em dezembro de 2014 pelo canal alemão ARD.

Depoimentos de um funcionário e a sua mulher, Iulia Stepanova, apontavam para esquema de dopagem em larga escala no atletismo na agência de controle de doping da Rússia (Rusada), comandada pelo químico Grigori Rodchenkov.

Iulia gravou diálogos com russos que admitiam ter feito o uso de substâncias ilícitas com o propósito de melhorarem seus desempenhos.

A agência institui uma comissão independente para investigar os fatos narrados no documentário. A equipe, liderada pelo professor de direito Richard McLaren, da Western University, do Canadá, concluiu que houve falsificação e destruição de amostras.

Um relatório, publicado em julho de 2016, ainda diz que “o Ministério do Esporte dirigiu, controlou e supervisionou a manipulação de resultados analíticos de atletas ou a troca de amostras, com ativa participação e ajuda da FSB (agência de segurança nacional russa), CSP (Centro de Preparação Esportiva) e dos laboratórios de Moscou e Sochi”.

Como solução para o caso, a Rússia concordou em oferecer um conjunto de resultados de testes de seu laboratório em Moscou à Wada. Mas a agência de controle antidoping detectou que amostras positivas, denunciadas em 2017, não constavam no banco de dados da Usada. Segundo os investigadores, 145 casos podem não ser esclarecidos, em função das manipulações.

Mesmo sem usar nome do país ou bandeira, a Rússia terá a 10ª maior delegação em Tóquio, com 335 atletas em 30 modalidades. Terá mais do que o Brasil (303) e um número superior ao de 2016, quando levou ao Rio 282 esportistas.

Antes da viagem para o Japão, eles tiveram um encontro com o presidente russo Vladimir Putin.

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