Descrição de chapéu Tóquio 2020

Sem Bolt, prova dos 100 m nas Olimpíadas tem ex-lançador de beisebol e atleta de bobsled

Brasileiro Paulo André Camilo fica em terceiro e vai às semifinais dos Jogos de Tóquio

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Tóquio

Sob um calor de 32 graus no Estádio Olímpico de Tóquio, oito atletas tiveram de esperar, no sol, por mais de cinco minutos. Estava tão quente que nem precisavam se movimentar para aquecer.

A espera foi maior do que o normal, mas ninguém reclamou. Na prova mais nobre do atletismo olímpico, os 100 m rasos, os oito representaram a primeira corrida olímpica na era pós-Usain Bolt.

Naquele ambiente sufocante, três provas preliminares foram realizadas na manhã deste sábado (31, horário do Japão, noite de sexta-feira, 30, no Brasil). Os nove classificados, três em cada bateria, tiveram de voltar à noite para correr no que é considerada a primeira qualificatória de verdade.

Homens antes de dar a largada em prova os 100 m rasos
Prova dos 100 m rasos nas Olimpíadas de Tóquio-2020 - Fabrizio Bensch/Reutrs

Nessas eliminatórias noturnas, o brasileiro Paulo André Camilo ficou em terceiro, com 10s17 e avançou para as semifinais, que serão realizadas na manhã deste domingo (1º, horário de Brasília). Felipe Bardi e Rodrigo Nascimento foram eliminados.

Antes disso, na pré-qualificação, houve espaço para Dorian Keletela, 22, nascido no Congo e que correu pelo time de refugiados. Morador de Lisboa e fluente em português, ele explicou para a imprensa de seu país adotivo a esperança de se naturalizar e defender a bandeira que não seja a do COI (Comitê Olímpico Internacional).

Ele sorriu na menção de que é a primeira edição das Olimpíadas sem Bolt, figura que dominou as provas de velocidades dos Jogos de Pequim-2008 aos do Rio-2016. O jamaicano é dono dos recordes mundial (9s58) e olímpico (9.62).

“Se você coloca meu nome na mesma sentença de Bolt, fico honrado. Ele deixou um vácuo que não vai ser preenchido tão cedo. Não só pela velocidade, mas pelo carisma”, reconhece Keletela.

A menção a Bolt, aposentado desde 2017, causava admiração ou espanto em quem correu em uma prova tão desvalorizada pela organização dos Jogos --por ser marcada para o período da manhã. Mas houve quem teve reação diferente. Se o rei morreu, o trono está vago. Por que não sonhar?

“Ele se aposentou. A medalha de ouro está em aberto, não é?”, deu de ombros Eliuth Yekell Romero, 18, da Nicarágua.

Ao cruzar a linha de chegada na 3ª posição, o que lhe garantia a chance de correr de novo à noite, ele comemorou como se não houvesse amanhã. Apontou para o céu (um gesto parecido com o que Bolt fazia ao final das provas), pulou e socou o ar.

Até três anos atrás, Romero era arremessador de um time nicaraguense de beisebol. Nesta sexta, correu no Estádio Olímpico.

“Foi algo muito emocionante. Vim aqui para aproveitar minha primeira experiência olímpica. Mas passei por essa primeira qualificação, então vamos para muito mais. Estou com confiança”, completou.

O lanterna da primeira prova dos 100 m após a aposentadoria de Bolt se chama Nathan Crumpton, 35, da Samoa Americana. Seu tempo de 11s27 não lhe garantiria classificação na semifinal dos 100 m feminino, cujos tempos são mais altos que o masculino.

Ele não ficou muito abatido. Saiu da corrida já pensando no seu próximo ciclo olímpico, que terá apenas um ano. Crumpton espera competir no bobsled nas Olimpíadas de Inverno de Pequim, em 2022. Quando o nome de Bolt foi mencionado, ele caiu na gargalhada e não foi capaz de dizer nada, de tão surreal que lhe pareceu.

“Para mim, é uma inspiração estar aqui. É uma oportunidade incrível. Vou levar isso comigo”, agradeceu Latisi Mwea, 21, de Kiribati. A ilha do Pacífico central levou três atletas para as Olimpíadas de Tóquio.

Mwea apenas viajou porque a passagem foi paga pela Austrália, país onde se preparou antes dos Jogos.

Dos nove competidores que se classificaram de manhã e receberam o direito de sonhar, nenhum deles avançou às semifinais. Fabrice Dabla, do Togo, nem conseguiu correr. Queimou a largada e acabou eliminado.

Isso não significa que nicaraguense Romero estava errado. Sem Usain Bolt, os 100 m estão em aberto.

Em entrevista à Folha, o jamaicano apontou o americano Trayvon Bromell como principal candidato ao ouro. Na segunda bateria do dia, o corredor, que tem a melhor marca de 2021 (9s77), ficou em quarto e se classificou para a semifinal.

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