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Em ascensão na Argentina, Talleres forma e exporta técnicos

Último a ter feito bom trabalho no clube, Alexander Medina acaba de chegar ao Internacional

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São Paulo

Frank Darío Kudelka, técnico com várias passagens por clubes de divisões de acesso da Argentina, assumiu o comando do Talleres no início de 2015. O tradicional time da cidade de Córdoba disputava na época o Torneo Federal A, a terceira divisão nacional.

Em dois anos, Kudelka conseguiu levar a equipe a dois títulos consecutivos e recolocou o Talleres na primeira divisão depois de um hiato de 12 anos. O bom trabalho, porém, não se limitou aos escalões inferiores do futebol argentino.

No retorno à elite, conseguiu em sua primeira temporada a permanência. Na segunda, terminou o campeonato na quinta colocação, posto que levou o Talleres à Copa Libertadores da América de 2019.

Por seus feitos à frente do clube no ciclo 2017/2018, Kudelka foi eleito o melhor treinador do país. Sinal de que não só o técnico estava fazendo as coisas corretamente como o Talleres também vinha consolidando seu trabalho de recuperação, o que se confirmou com a sequência exitosa de profissionais que passaram pelo cargo de treinador.

Talleres veio ao Morumbi em 2019 e eliminou o São Paulo na segunda fase da Libertadores
Talleres foi ao Morumbi em 2019 e eliminou o São Paulo na segunda fase da Libertadores - Nelson Almeida - 13.fev.19/AFP

Com a saída de Kudelka para a Universidad de Chile, Juan Pablo Vojvoda, hoje treinador do Fortaleza, assumiu o Talleres para a temporada seguinte e foi o responsável por eliminar o São Paulo na segunda fase da Libertadores de 2019.

Sua passagem não foi brilhante (o clube não chegou à fase de grupos do torneio continental) e terminou com a equipe apenas na 12ª colocação da liga argentina, mas Vojvoda deixou a agremiação como o técnico que mais jogadores da base revelou (sete) durante a presidência de Andrés Fassi, dirigente que liderou a volta do Talleres à primeira divisão.

Na metade de 2019, após a saída de Vojvoda (que realizou bom trabalho no chileno Unión La Calera antes de desembarcar em Fortaleza), o clube buscou o uruguaio Alexander "Cacique" Medina. Até então, ele tinha no currículo uma única experiência como treinador, no Nacional, do Uruguai.

A aposta, contudo, deu certo mais uma vez. O êxito da passagem de Medina por Córdoba chamou a atenção do Internacional, que o contratou para esta temporada.

Aproveitamento dos últimos três técnicos do Talleres

  • Frank Darío Kudelka

    114 jogos: 60 vitórias / 35 empates / 19 derrotas - 63%

  • Juan Pablo Vojvoda

    36 jogos: 14 vitórias / 9 empates / 13 derrotas - 47%

  • Alexander Medina

    85 jogos: 37 vitórias / 26 empates / 22 derrotas - 54%

"O Talleres tem ambição em todas as suas estruturas. E essa ambição move as interações entre os técnicos e o presidente Andrés Fassi, que nem sempre são rosas, porque o clube quase sempre precisa vender rapidamente os jogadores que se destacam. Mas, de Kudelka a Medina, a ambição foi o motor. E essa 'pressão' gerou um Talleres protagonista, que potencializou as carreiras dos treinadores: Kudelka foi ao Chile, Vojvoda e Medina agora estão no Brasil. A ambição rendeu frutos", analisa Seba Roggero, repórter do diário La Voz, de Córdoba.

Em 2021, "Cacique" Medina levou o Talleres ao terceiro lugar na liga argentina com o mesmo número de pontos do segundo colocado, o Defensa y Justicia, que superou os cordobeses no saldo de gols.

Além da boa classificação no campeonato, o clube chegou à final da Copa Argentina. Após empate por 0 a 0 no tempo normal, perdeu nos pênaltis para o Boca Juniors. Apesar de ter deixado o clube sem títulos, colocou a instituição em mais uma disputa da Copa Libertadores.

Alexander Medina levou o Talleres a um vice-campeonato na Copa Argentina
Alexander Medina levou o Talleres a um vice-campeonato na Copa Argentina - Nicolas Aguilera - 18.mai.21/AFP

Auxiliar de Alexander Medina há anos, o ex-zagueiro brasileiro Jadson Viera, com passagem pelo Vasco, destaca a tranquilidade que o Talleres deu à comissão técnica para que desenvolvessem o trabalho.

"Uma coisa boa que tem o Talleres é sempre cumprir o tempo de contrato dos treinadores. Para as comissões técnicas, isso é sempre bom. Que cada um possa ter o seu tempo de adaptação, cada treinador com sua metodologia de trabalho, e os jogadores também vão entendendo a ideia de jogo, entendendo a postura da comissão técnica. Foi uma instituição que deu total apoio a nós", diz Viera à Folha.

"Tivemos também a possibilidade de começar com bons resultados, mas no momento em que os resultados não saíram, eles mostraram total confiança no nosso trabalho. Se tu assinou por um ano, você pode ficar tranquilo que vai conseguir trabalhar durante esse ano", completa.

Para efeito de comparação com alguns dos clubes mais tradicionais do país, o Talleres trocou menos de treinadores nos últimos cinco anos do que Boca Juniors, Independiente, Racing e San Lorenzo, que ao lado do River Plate formam o chamado grupo dos "cinco grandes" da Argentina.

Alexander Medina, ao centro, e sua comissão técnica no Talleres. Jadson Viera é o primeiro da direita para a esquerda
Alexander Medina, ao centro, e sua comissão técnica no Talleres. Jadson Viera é o primeiro da direita para a esquerda - Talleres/Divulgação

O River, como se sabe, é exceção. Está desde 2014 com o mesmo técnico, Marcelo Gallardo, que renovou contrato e permenecerá no clube.

Para seguir o caminho positivo que tem trilhado nos últimos anos, o Talleres inaugurou em novembro o Centro de Alto Rendimento Amadeo Nuccetelli, com um edifício de 1.500 m² para o time profissional, além de seis campos oficiais de grama natural e dois campos de grama sintética para uso de todas as categorias.

Uma estrutura física que permitirá a continuidade do trabalho que coloca o clube, hoje, como um dos melhores para se trabalhar no futebol argentino.

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