Palmeirenses festejam e jogam cerveja para o alto, mas alguns não conseguem ver o jogo

Milhares se aglomeraram na região do Allianz Parque para assistir à semifinal do Mundial

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São Paulo

O vendedor Djalma Manuel Castilho, 38, não viu o gol de Raphael Veiga. Apenas ouviu que ele tinha acontecido. Sem máscara (como todos os demais) e camisa, gritou e abraçou quem estava ao seu lado. Foi como se tudo tivesse acontecido diante dos seus olhos.

Após alguns segundos, esticou o pescoço para tentar ver o replay do chute cruzado no final do primeiro tempo. O lance que abriu o caminho para a vitória do Palmeiras.

Confira os principais momentos da vitória alviverde

Torcedores se aglomeram nos arredores do Allianz Parque - Mathilde Missioneiro/Folhapress

"Que golaço, rapaz!", disse, mesmo sem ter visto com clareza a jogada. A TV estava a 20 metros de distância e havia dezenas de cabeças na frente dele.

Com a vitória por 2 a 0 sobre o Al Ahly, a equipe brasileira se classificou para a final do Mundial de Clubes. No sábado, às 13h30 (de Brasília), vai enfrentar o vencedor do confronto entre Chelsea (ING) e Al Hilal (ARS), que jogam nesta quarta-feira (9).

"Tudo bem. Eu não vim aqui para ver a partida. Vim apenas para estar aqui", completou.

Ele não foi o único. Milhares de palmeirenses abriram mão de assistir à semifinal, transmitida em TV aberta, para se aglomerar na região do Allianz Parque. O principal ponto de encontro foi na esquina das ruas Palestra Itália e Caraíbas.

Eles se acotovelaram na rua, disputando cada centímetro de espaço em frente a bares ou lojas que tinham aparelhos de televisão. O único telão, que não era tão grande assim, foi colocado na fachada da loja Porcolândia 1914.

Enquanto a semifinal acontecia, a bateria da Mancha Verde continuava a batucar e puxar cantos de guerra. Alguns de costas para a tela.

"Se sai gol, eu sei pelo grito do pessoal. Só de estar aqui meu coração palpita", afirmou o ambulante Kleber Kakimoto, 41, que há um ano leva um isopor com cerveja para as ruas próximas à arena quando tem jogo.

Esta terça-feira era um dia assim, mas a 12 mil quilômetros de distância. Eles ocuparam as ruas como se estivessem nos Emirados Árabes Unidos. Cantaram todas as músicas de arquibancada mais populares. Xingaram. Aplaudiram os substituídos. Berraram em uníssono "Deyvinho!" quando Deyverson, o herói do título da Libertadores, entrou.

Vendedores ofereciam turbantes em verde e branco a R$ 20 e faixas de campeão a R$ 15. Enquanto os torcedores esticavam os pescoços e até saltavam tentando superar a distância da TV, o sol que batia no rosto e aqueles que estavam à frente, os comerciantes ofereciam os produtos.

Mesmo entre os ambulantes não palmeirenses, a esperança era pela vitória brasileira. Há a certeza de que neste sábado o movimento será bem maior.

A torcida em Perdizes, bairro da zona oeste de São Paulo, onde está a sede do clube, só relaxou quando Dudu fez o segundo gol. Quem tinha dificuldade para ver a partida, mas se esforçava, aceitou melhor as restrições. Quem não conseguia assistir, desistiu de vez e preferiu beber e comemorar.

Logo todos os demais fizeram o mesmo. Bastou o apito final. Litros e litros de cerveja foram atirados para o alto.

"Queria estar aqui para comemorar a vitória. Aconteceu. Agora vamos para a final. Os gols depois eu vejo no YouTube", deu de ombros Wesley, 22, auxiliar administrativo. Ele não quis dar o sobrenome porque havia dito ao chefe que precisava sair para ir ao médico.

"Meu patrão é palmeirense também. Mas eu não queria ver o jogo no escritório. Preferia vir para cá", completou e deu risada ao ser lembrado de que não viu muito bem o jogo.

"É... Vir para cá e não ver."

Alguns torcedores tiveram dificuldade para ver o jogo - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Houve quem dissesse que estar com outros palmeirenses tão perto do estádio serviria para diminuir uma tensão que até então era indisfarçável. Os alviverdes nas redes sociais fizeram uma brincadeira com a frase de Abel Ferreira de que era preciso "cabeça fria e coração quente". Escreveram estar com a cabeça fria, o coração quente e o intestino solto.

Foi a primeira vitória do time na história do torneio. Isso se você, como a Fifa, não considerar a Copa Rio de 1951. Para o Palmeiras, é um Mundial. Em 1999, o clube perdeu para o Manchester United (ING) no antigo formato intercontinental. No ano passado, caiu na semifinal diante do Tigres (MEX) e foi derrotado na disputa do terceiro lugar pelo mesmo Al Ahly.

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