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Após salto inédito, América-MG busca campanha longeva na Libertadores

Debutante na competição, clube se vê organizado e em condições de fazer barulho

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São Paulo

"O que eu vi no América nenhum clube possui", disse Mário Sérgio, em 1997. O ex-jogador, que morreria em 2016 na queda do avião da Chapecoense, trabalhava como diretor de futebol do Excel –banco que tinha parceria também com Corinthians e Vitória– e estava impressionado com a estrutura da equipe mineira.

De lá para cá, frases semelhantes foram ditas por vários profissionais, mas o time não deu o salto que buscava no cenário nacional. Venceu a Série B do Campeonato Brasileiro duas vezes, naquele 1997 e em 2017, levou o Campeonato Mineiro, em 2001 e em 2016, e teve conquista saborosa na Copa Sul-Minas, em 2000, contra o Cruzeiro, porém viveu rotina de sobe e desce de divisão.

Acostumado ao movimento ioiô, o América-MG entrou no Brasileiro de 2021 com o objetivo de permanecer na Série A. Chegou a parecer difícil, quando a colocação na tabela foi a penúltima. No entanto, uma arrancada no segundo turno –a campanha na metade derradeira só foi inferior às de Atlético Mineiro e Flamengo– fez o habitual teto ser quebrado.

Atletas do América-MG celebram classificação inédita - Rodrigo Buendia - 15.mar.22/AFP

Mais do que ficar na elite, a agremiação de Belo Horizonte terminou o Brasileiro na oitava colocação, o que lhe deu o direito de participar da etapa preliminar da Copa Libertadores. A ela os comandados de Marquinhos Santos –treinador debutante em torneios internacionais– sobreviveram de maneira dramática, com triunfos nos pênaltis sobre Guaraní (PAR) e Barcelona (EQU).

Agora o América-MG se vê pela primeira vez na fase de grupos do principal campeonato sul-americano. Estreará nesta quarta-feira (6), às 19h, contra o Independiente del Valle (EQU), no estádio Independência, em Belo Horizonte, com transmissão da ESPN 4. Em sua chave estão também o Tolima (COL) e o rival Atlético Mineiro.

"É importante estar dentro dessa etapa de grupos. Conseguimos o objetivo principal da história do América. Agora, temos que nos preparar. Tenho certeza de que faremos uma campanha honrosa para nos credenciar à próxima fase", disse Marquinhos, disposto a desafiar o vizinho poderoso, atual campeão estadual, brasileiro e da Copa do Brasil.

"Respeitamos o coirmão, que tem um excelente elenco, um excelente trabalho, de continuidade. Mas, neste momento, é claro que vivemos um momento importante da história do clube e vamos jogar sempre buscando a vitória. Podemos tirar lições dos confrontos anteriores e buscar essa vitória [sobre o Atlético], que seria marcante", acrescentou o técnico de 42 anos.

Ele é mais um a elogiar a estrutura do time, que conta com estádio, centro de treinamento e um shopping center que amplia seus ganhos. Mas o orçamento ainda é bem menor do que os dos concorrentes. Em 2021, por exemplo, as receitas previstas eram de R$ 85 milhões, contra R$ 401 milhões do Atlético-MG.

O orçamento de 2022 acabou não sendo divulgado em meio a uma negociação frustrada para a venda do futebol americano a um grupo liderado pelo bilionário norte-americano Joseph DaGrosa. Havia uma carta de intenções assinada, e a ideia era a venda de 70% da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ao grupo, com um aporte de R$ 230 milhões que zeraria a dívida da agremiação.

DaGrosa observou, porém, que os acordos de Botafogo e Cruzeiro previam a venda de 90% das ações e pleiteou o mesmo. Ouviu não. "Eu, junto com a diretoria toda, tive a coragem de rasgar um cheque de R$ 230 milhões à vista", disse o coordenador do clube-empresa do América, Marcus Salum, à Rádio Itatiaia. "Não era o casamento ideal. Agora, lutamos com a falta de dinheiro."

Sem a grana dos investidores, a diretoria buscou soluções relativamente baratas. Uma delas foi o goleiro Jailson, que tinha se acertado com o rival Cruzeiro. Quando o ex-jogador Ronaldo assumiu o clube celeste, no entanto, reviu vários dos acordos estabelecidos e resolveu abrir mão do arqueiro de 40 anos.

Herói contra o Barcelona (EQU), Jailson é abraçado - Rodrigo Buendia - 15.mar.22/AFP

O atleta acabou se tornando o herói da classificação do América-MG à fase de grupos da Libertadores, com defesas importantes no tempo normal e nos pênaltis. Ele disse que tinha decidido se aposentar e só foi convencido pela mulher a continuar. Foi premiado, assim como seu novo clube, que contou com alguma sorte para chegar aonde está.

"O planejamento precisa aliar competência e sorte. Não adianta você ter competência e não dar sorte. Também não adianta ter a sorte e não colocar competência. Nós conseguimos aliar as duas coisas. Hoje, o América tem respeito no futebol nacional por causa de um trabalho extremamente organizado", concluiu Salum.

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